5.31.2008

Musicovery

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"Estado de espírito" e música são coisas intrinsicamente ligadas, como todo mundo que escuta música deve saber. Admira-se, portanto, que ninguém tenha tido antes a idéia que a rádio online Musicovery teve e recentemente pôs no ar.

No site da Musicovery dá para definir o ritmo (são 18 estilos diferentes), as décadas, o tempo (músicas mais lentas ou dançantes) e o humor (são quatro: dark, depressivo, “energético” e calmo). O cursor pode ficar no meio termo – se estiver afim de uma música nem animada demais, nem devagar, nem pra balada, nem pra fossa, é só colocá-lo no meio, entre as quatro opções.

A tabela de anos vai da década de 50 até os dias atuais.

O site pode ser usado de graça, com os principais recursos. Não precisa nem se cadastrar. Existe um pacote pago com algumas vantagens (seleção de músicas, artistas favoritos), só que não está disponível para o Brasil.

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5.29.2008

Continue

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Alguém teve a boa idéia de fazer uma continuação para capas de discos clássicos do rock:



Aqui tem mais.

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5.28.2008

Pérolas Videoclípticas (16): Fool on the hill, Beatles

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Porque essse vídeo é uma mostra de como os Beatles, e o Paul, podiam fazer coisas sem noção e todo mundo aplaudia de tão legal que ficava:


Este "clipe" é um trecho do filme Magical Mistery Tour, psicodélico que só vendo.

Aliás, achei um motivo jornalístico para esse vídeo figurar aqui hoje: Paul recebeu ontem o título de "Doutor Honorário" de música da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.

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5.26.2008

Camelo & banda

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Marcelo Camelo, um dos vocalistas e guitarristas do Los Hermanos, está para lançar seu primeiro álbum solo desde que a banda decidiu "entrar em recesso".

A novidade é que, agora, a assessoria do artista anunciou, em release mandado para a imprensa, que "o músico e compositor Marcelo Camelo está em estúdio finalizando as gravações de seu primeiro disco solo, que será lançado no segundo semestre."

Na sequência, o texto diz que "o álbum, o primeiro de Marcelo após o recesso do Los Hermanos, contou com a participação de dezenas de artistas, entre eles, Dominguinhos, Clara Sverner, Domenico Lancellotti e o grupo paulistano Hurtmold". O anúncio encerra com a informação de que, ao fim deste ano, Marcelo fará uma tour nacional, com datas e locais a serem divulgados no myspace.

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No myspace do Camelo, de onde vem essa foto aí acima, há duas músicas novas para streaming: "Doce solidão", calminha, levada no violão e voz, melodia assobiável com assobio - e linda; "Téo e a gaivota", instrumental, também levada no violão e voz, com som de mar ao fundo.

As duas faixas, juntamente com "Sapato Novo" do último disco dos Hermanos, parecem apontar para um provável caminho que vinha se delineando nos últimos tempos da banda: mais MPB violão e voz, até Bossa Nova, menos rock.

Parece que quem mais guiava a banda por esta linha era mesmo o Camelo, embora uma possível faixa do álbum solo de Amarante, o outro guitarra e voz da banda, não vai por uma linha tão diferente das de Camelo. Amarante, vale lembrar, também é membro da big band Orquestra Imperial, hoje talvez o melhor show do país, e participou do último disco de um dos principais nomes mundiais do tal folk psicodélico, Devendra Banhart, com a singela "Rosa".

Somando isso tudo com as atividades atuais dos outros dois membros da banda, Bruno Medina, o tecladista, como cronista em um blog no G1, e Rodrigo Barba, o baterista, como membro da boa banda Latuya - que, aliás, tem muito de Los Hermanos - tem-se uma boa idéia do porquê do tal recesso da banda.

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Camelo lançou dois vídeos que funcionam como clipe para cada uma das duas músicas novas disponíveis; o primeiro é de "Téo e a Gaivota" e mostra ele tocando a música em um fim de tarde praiano no verão de 2007; o segundo é este aqui abaixo, Camelo tocando "Doce Solidão" com crianças do Centro Social do Bairro 6 de Maio, no Rio de Janeiro;



Crédito foto: saladaurbana.blogspot.com

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5.25.2008

Garagem

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O
blog do Cristiano Bastos já figura fácil nos mais interessantes da seara "blogs musicais do Brasil". Principalmente quando trata de rock gaúcho, assunto do qual Cristiano é um profundo conhecedor.

Num dos últimos posts, ele entrevistou o Léo Felipe, mais conhecido como apresentador do programa Radar, da TVE RS, mas que também é escritor, discotecador de festas na capital gaúcha, co-apresentador de um "sarau pop" e, acima de tudo, um dos fundadores do tradicional Garagem Hermética, point de passagem e de criação do rock gaúcho desde 1992.

Pois Léo está escrevendo um livro com as melhores histórias do bar. Faltam alguns capítulos, como também (ainda) falta uma editora para lançar o livro. Mas dá para acompanhar o que já foi escrito no blog do cara, o Foguete Formidável, na seção "A Fantástica Fábrica de Chocolate".

O primeiro capítulo é este aqui; o último, até agora, é este aqui; outros 20 também já estão lá, é só pesquisar nos previous posts. Vale a leitura: a prosa de Léo é tão representativa do bon fim lifestyle quanto o som do Júpiter Maçã em A Sétima Eferverscência é do rock gaúcho. (se não sabe que diabos é o bon fim lifestyle, é só ler os capítulos do futuro livro).

O provável índice do livro está aqui abaixo, postado no mesmo blog em agosto do ano passado:

Parte I – Early Years (1991-93)
1) Ab ovo

2) A casa assassinada

3) A primeira noite do resto de nossos dias
4) Ah, cês querem roque?

5) Banda desenhada

6) Um corpo que cai


Parte II – Hard Times (1994-95)
7) Pega ladrão!
8) Up against the wall

9) Rock fight
10) Mafaldita

11) Caixa acústica

12) Noite vazia

13) Cocaína dez real ou Não basta descer até o fundo do poço, tem que cavocar

14) Edu K perneta

Parte III – Renascença (1996-98)
15) Sushi!?

16) Ceva uruguaia
17) My own private Summer of Love ou As sobrinhas do Juca

18) Rock pauleira
19) Electronica

20) Cinemeando
21) Mais um corpo que cai

Parte IV – Finale (1998-2000)
22) A noite das garrafadas

23) Seu Antônio

24) Os porteiros da percepção

25) Bailão dos jovens

26) Titanic

27) Apocalipse now


Aguardemos o lançamento.

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5.23.2008

Desenhos de Dylan

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Além de músico, Bob Dylan é um daqueles que se arriscam em outro tipo de arte; a imagem acima é uma das de divulgação da sua exposição chamada "The Drawn Blank Series", que será inaugurada dia 14 de junho, em Londres.

A exposição é formada por diversos desenhos em guache e aquarela realizados por Bob entre 1988-1992. Boa parte destes desenhos formam também um livro; a capa deste livro e algumas imagens que serão expostas podem ser vistas aqui abaixo:






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É a segunda vez que estes desenhos são apresentados ao público de galerias de arte. Elas já ficaram no Kunstsammlungen Chemnitz museu, na Alemanha, entre outubro de 2007 e fevereiro deste ano.

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5.20.2008

Censura

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No post de segunda feira passada, falei de "Detalhes", em minha opinião a grande música de Roberto Carlos. Citei a ótima biografia do rei, Roberto Carlos em Detalhes, de Paulo César Araújo, este cara sorridente da foto acima.

Que, infelizmente, está fora de circulação desde final de abril do ano passado. Motivo: Roberto Carlos entrou com duas ações criminais e uma civil contra o autor e a editora pelos representantes legais do cantor por violação de privacidade, da intimidade familiar e de imagem.

Houve um acordo entre as partes; Roberto se contentou com a proibição da venda dos livros e não quis as indenizações que pedia em cada ação.


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Pois eu não tinha noção das nuâncias que percorreram este "acordo", realizado no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo, pelo juiz - e compositor - Tércio Pires.

Dentre outros detalhes sórdidos, o juiz posou para fotos ao lado do rei, entregou o seu cd para ele acompanhado das seguintes palavras: "Roberto, por favor, ouça este disco e dê a sua opinião sincera. Este é o meu primeiro CD, já estou gravando agora um segundo, e gostaria muito de ouvir a sua opinião".

Quem conta esta história é o autor do livro, Paulo César Araújo, em uma ótima entrevista dada ao jornalista e blogueiro Ronaldo Evangelista.

Crédito foto: Vitrola.blogspot.com


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Felizmente, a internet dá um jeito de corrigir a justiça dos tribunais; aqui o livro pode ser lido na íntegra, em formato PDF.

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5.19.2008

Pérolas Videoclípticas (15): Yardbirds em Blow Up


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Cena antológica de "Blow Up", filme do diretor italiano Michelangelo Antonioni, em que aparece os os Yardbirds, na época com Jimmy Page e Jeff Beck, tocando "Stroll On".
1966, swinging london no auge.


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5.16.2008

Tocando o prédio

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"Toque o prédio, por favor"

David Byrne é um sujeito vanguardista por excelência. À frente do Talking Heads, ajudou a tranformar o punk, e a new wave, em uma música altamente intelectual, com letras cínicas/irônicas e experimentações musicais muito além dos três acordes - embora ainda assim pudesse manter a simplicidade quando bem lhe agradava.

No início dos anos 90, soube usar seu talento para achar artistas tão experimentais e ousados quanto ele - e foi assim que descobriu Tom Zé e Os Mutantes e lançou-os pelo seu selo, o Luaka Pop, criando um culto mundial à obra dos nossos conterrâneos que continua aumentando, apesar do deserviço que os atuais Mutantes andam fazendo com essa fama.

Essa introdução toda, um nariz de cera que só num blog se justifica, é para falar da mais nova invenção de David Byrne: o "Playing the building", um tradicional prédio de Nova York que o músico americano transformou em um gigantesco instrumento musical.



Segundo o press release divulgado em seu site, Byrne "transforms the interior of the landmark battery maritime building into an interactive sound installation for all visitors to play"- o Battery Maritime Building é esse da foto acima.

A instalação - que segundo um glossário da Bienal de São Paulo indica "uma manifestação artística que provoca ação direta e inesperada no cotidiano da cidade ou outro local determinado pelo artista" - começa a funcionar em 31 de mao e vai até agosto. No mesmo press release, há uma boa entrevista (em inglês) com o artista. Colo um trechinho aqui abaixo em que ele explica um pouco da coisa:

"Typical parts of buildings can be used to produce interesting sounds. Everyone is familiar with the fact that if you rap on a metal column, for example, you will hear a ping or a clang, but I wondered if the pipes could be turned into giant flutes, and if a machine could make girders vibrate and produce tones.”

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Não é a primeira instalação do tipo que Byrne faz; em 2005, o mesmo Playing the buildind teve sua vez em Estocolmo, capital da Suécia, no prédio com o nome de Färgfabriken. Dá para ver aqui um vídeo de uma gravação que os visitantes fizeram no prédio; aqui e aqui dá para escutar dois músicos "tocando" na instalação.

Créditos fotos: Davidbyrne.com

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5.14.2008

Futuro da Música (2): Music like water

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O Alexandre Matias, de quem falei neste post sobre o futuro da música, mandou o link da sua resenha que saiu na finada revista Bizz sobre o livro "The Future of Music: Manifesto for the Digital Music Revolution", de Gerd Leonhard e Dave Kusek, de quem também falei neste mesmo post. A principal idéia do livro é a que Matias resume bem no início de sua resenha:

A água tem um papel essencial em nossas vidas – nada acontece sem água. Centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo trabalham no mercado de prover água para outras pessoas, bilhões são gastos para garantir o suprimento regular de água e exércitos de pesquisadores e trabalhadores lidam com projetos relacionados à água. Ao lado do ar, a água é absolutamente essencial à vida. Não pagamos pelo ar – ainda – mas pagamos por água e, por conseqüência, algumas das companhias de lidam com água estão entre as empresas mais ricas do planeta”.

E o que o futuro da música tem a ver com a água? Na verdade, a água é apenas uma metáfora que David Kusek e Gerd Leonhard usam para explicar como a música será consumida no futuro. (...)"

A resenha pode ser lida na íntegra aqui.

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Music like water

A metáfora é interessante e nos faz pensar a música como um serviço, onde pagaríamos para termos acesso assim como pagamos água, luz, telefone, internet, que tiram muito do seu sustento através dos impostos embutido nos mesmos. A questão ficaria em quem vai cobrar e oferecer este serviço, de que forma os impostos serão cobrados, e de que forma eles serão criados.

O que parece já estar acontencendo, e que Matias também aponta na resenha, é a mudança de paradigma - música como um serviço, não como um produto. Aquela velha história de crise na indústria musical na verdade é ocasionada pela crise do disco como um produto - e é por isso que formatos novos de armazenamento da música, como Blu-Ray ou o SMD brasileiro, não são soluções para o futuro da indústria musical, porque eles apontam para o mesmo beco sem saída do disco como produto.

Não é a toa que as gravadoras - ou os estúdios de cinema, se formos ampliar a questão - estão loucas para a descoberta de novos e mais viáveis formatos de mídia. É uma tentativa desesperada e burra de tentar dar sobrevida a um paciente terminal.

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Ainda não li o livro, mas estou bastante curioso para lê-lo. Como diz Matias na resenha, " 'The Future of Music' é, sim, um exercício de futurologia, mas baseado em números e situações atuais de empresas e pessoas que já encontraram soluções para a chama crise na indústria na música. No site do Amazon, é possível ver o índice e contracapa. Custa $11.86. Com frete à este mesmo preço, fica quase $25. Convertendo para reais, dá em torno de R$40,00.

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5.13.2008

Cara de disco (2): Versão gaudéria

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Uma dessas brincadeiras pela rede que pegou foi o Sleevface, ou Cara de disco, na tosca tradução para o português. No último dia do ano passado, fiz um post apresentando a iniciativa. Hoje tem até vídeo no Youtube, em inglês, ensinando a fazer.

Um pessoal daqui do Rio Grande resolveu fazer a sua versão da coisa. O blog Noteu lançou oito destas caras-de-disco, das quais reproduzo 4 neste post, três aqui abaixo.


Mary Terezinha, a compañera de Teixeirinha


Neto Fagundes


Berenice Azambuja


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Outro que deu continuidade a idéia foi Paulo Chagas, editor de arte do Diário de Santa Maria, no seu blog Pomada Elétrica. Ele pegou um dos grandes clássicos da música do RS, "Pra Viajar no Cosmos não precisa gasolina", de 1983, do Nei Lisboa.




Quem souber de mais alguma destas de caras de disco gaúcha, me avise. Ou mande para o email submit@sleeveface.com.

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5.12.2008

Detalles do Rei

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No Brasil, Roberto Carlos é "o" rei - independente do quê e de quem, mas rei. Começou na bossa nova, foi pra jovem guarda, passou pelo rock, soul, gospel até se aninhar nos cantos religiosos e só sair dali para, eventualmente, mostrar que não é e nunca foi só isso.

Se o "rei" pode ser chamado assim é porque, dentre outras tantas, fez aquela que pode ser considerada uma das mais belas canções da música brasileira: "Detalhes", lançada em disco em 1971.

Conta a recente biografia tirada de circulação pelo próprio rei, "Roberto Carlos em Detalhes", de Paulo César Araújo, que, em uma noite de março de 1971, Roberto Carlos teve uma inspiração, pegou o violão, dedilhou alguns acordes e registrou-os em um gravador. No dia seguinte, ao ouvir a fita, considerou os primeiros versos que havia composto tão ruins que chegou a pensar que havia bebido quando os concebeu. Passou a trabalhar naquela promissora composição e recriou os primeiros versos, desta vez em caráter definitivo: "Não adianta nem tentar me esquecer/ Durante muito tempo em sua vida eu vou viver...".

Mais tarde Roberto ligou para seu parceiro Erasmo Carlos: "Meu irmão, vem pra cá porque pintou uma música que eu acho que não poderemos deixar pra depois". Erasmo viajou imediatamente do Rio para São Paulo, e a dupla passou uma tarde inteira trabalhando na canção até que ela ganhasse contornos definitivos.


Capa do disco "Roberto Carlos", de 1971, de onde saiu "Detalhes"

Assim nasceu "Detalhes". A letra da música é de uma sensibilidade impressionante; trata de um fim de relacionamento sob o ângulo de um homem ferido. Mas, ao contrário de rogar pragas carregadas de ódio cego para sua amada, este homem destila seu rancor sutilmente, contando verdades que poucos perceberiam e menos ainda teriam coragem de dizer. Finalizando cada verso, o mantra "você vai lembrar de mim" é repetido cada vez acompanhado de uma frase distinta, em cada uma o ódio apresentado disfarçado de verdade.

Um dos últimos versos da música, em que o homem da música parece finalizar seu discurso, está o melhor achado da letra, simples e carregado de uma sabedoria que só quem amou, e sofreu por isso, pode ter: Eu sei que esses detalhes/Vão sumir na longa estrada/Do tempo que transforma/Todo amor em quase nada/Mas "quase" também é mais um detalhe/Um grande amor/ Não vai morrer assim".

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Roberto Carlos também lançou vários discos cantando em outros idiomas, principalmente em espanhol. É na língua de Cervantes que está "Detalhes" no vídeo abaixo:


P.S: O livro de Paulo César Araújo pode ser lido na íntegra, em pdf, aqui.

P.S2: Não tenho como deixar de dedicar esse post a minha namorada Ju, que fez com que eu inúmeras vezes prestasse atenção nessa música.

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5.11.2008

Links

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Como penso que possa haver pessoas que entrem neste blog somente para visitar os links - o que é válido, claro - costumo avisar quando coloco links novos no blogroll, ou mesmo quando só os organizo. Também é idéia deste blogueiro usar o Cenabeatnik como uma coleção de links, uma "porta de entrada" para diversos sites/blogs que tenham como tema principal a música.

Dito isto, aviso que organizei os links no blogroll, que é o nome científico deste bando de links que ficam à direita do blog, ao lado do espaço principal de postagens. Dividi-os em seis seções:

1)Seções de cultura/música de portais brasileiros;
2)Cadernos de cultura que estão online de alguns dos principais jornais brasileiros;
3)Portais brasileiros de música e sites de revistas brasileiras e estrangeiras de música;
4)Blogs de música brasileiros, e um estrangeiro;

5)Blogs diversos, de amigos e conhecidos, que não necessariamente tem a ver com música;

Bom aproveito, como dizia meu falecido vô em todos os almoços de domingo em família.

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5.09.2008

Anatomia de um post não-planejado

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Canasvieiras ao fim de tarde

Estava eu a procurar pauta para o blog, conectando pela primeira tarde em casa, depois de diversos perrengues para a instalação da rede. Sentado na única mesa disponível no apartamento,a da cozinha, tremendamente branca como toda a cozinha.

Consultava os blogs/sites de música habituais através do Google Reader. Algumas notícias interessantes, como o anúncio da tour do Coldplay e da Madonna, mas que não valem um post. Outras notícias um tanto bizarras, como a perda do bebê da Pitty, que nem me pergunto se vale ou não um post.

O fato é que a maioria de minhas "fontes virtuais" não tinha nada de interessante; daí que boa parte delas partiu para textos mais analíticos sobre eventos recém passados - como o mega festival Virada Cultural, em São Paulo -, ou crônicas motivadas por datas especiais, ou, o mais frequente, textos sobre outro assunto que não seja a música.

Pensei em adotar o mesmo expediente. Falar de outros assuntos era minha idéia, seja por falta de tempo para escrever textos mais "densos" como crônicas, seja por preguiça de apurar para fazer alguma reportagem. No mesmo Reader, fui verificar minha relação de blogs de literatura, que sempre tem algum assunto interessante, no mínimo para ser lido. Eis que chego no blog da Clarah Averbuck, a "Bukowski de saias" brasileira, como alguém disse certa vez, com má intenção. Eis aqui abaixo o que tinha no blog dela:




É daqueles vídeos que impressiona. Honestidade, originalidade, simplicidade, crueza, todas palavras raras de se usar com propriedade hoje em dia, aqui valem. Um homem, um violão e aquela melancolia que, perdoe o clichê, só o blues consegue fazer com que seja autêntica. Nunca ouvi dizer que o blues é música para rir, porque nunca é, mas eu sempre que escuto coisas assim, um homem, um violão e "cem toneleadas de desilusão", para parafrasear o clássico do Rock Gaúcho, só consigo rir. Risada discreta, que substitui expressões embasbacantes que felizmente não saem da boca, como "bah, que musicão", ou "eeiiii, que foda". Talvez risada de cumplicidade, porque o blues bate mesmo é em tardes como a de hoje, frias, ventosas, solitárias, inúteis.

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Falei acima que só o blues consegue fazer com que "aquela" melancolia de um violão e voz seja autêntica. Mentira. Existem outros que ainda acrescentam gaiatice à melancolia, como é o caso do homem do vídeo abaixo:

Apesar de gremista, Lupicínio Rodrigues retratava como poucos a tristeza das ruas, dos relacionamentos destruídos pela cafagestagem quase inerente ao homem. E, melhor de tudo, fazia isso com a simplicidade que só a sabedoria cotidiana ensina.

Crédito foto: Helo-Blue-Sky
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5.07.2008

Memorabília

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Paulo Terron, jornalista e editor do With Lasers, mantém um interessante blog de memorabílias de artistas diversos. Nas palavras dele, "imagens de uma coleção pessoal de autógrafos e outros tipos de memorabilia, além de detalhes sobre como cada um foi obtido".

O blog tem imagens de fotos, cds, capas de discos, posters (como este acima, do produtor dos Beatles George Martin) ingressos, cartões, a maioria autografadas. Tem até credenciais de imprensa e setlists, como este, de um show do Deep Purple no Brasil, em 1997. E alguns ainda vem com mensagens, como este abaixo, autografado por Neil Gaiman no seu livro Sandman: O Livro dos Sonhos.




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5.06.2008

Pérolas Videoclípticas (14): Scarlett Johansson, Falling Down

Lembram de "Falling Down", primeiro single do disco da Scarlett Johansson de que falei semana passada?

Pois ele já virou clipe:


Como dizem por , ficou bem interessante a versão da moça, mesmo com as evidentes limitações vocais de Scarlett.

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5.05.2008

Futuro da música (1)

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Em tempos de redes ligando tudo e todos, a discussão em torno da falência da indústria fonográfica e da busca por novas formas de comercialização na música tem ganhado merecido destaque. De artistas à consumidores, todos querem saber o que vai ser da música nesta "nova era" das redes digitais, embora ninguém tenha uma resposta pronta para o assunto.

Pois bem. Achei um interessante debate sobre o assunto no blog do Alexandre Matias, jornalista do excelente caderno Link, do Estadão, e colaborador de diversas revistas musicais e culturais do país. O debate é parte de uma matéria da revista Dj Mag, especializada em música eletrônica.

A publicação uniu Matias à Luis César Pimentel, diretor de conteúdo do MySpace Brasil, Carlos Eduardo Miranda, produtor musical, jurado do "Ídolos" e figuraça da cena musical brasileira, Gonçalo Vinha e Paulo Rodrigo Sbrighy, sócios no selo especializado em música eltrônica Offbeat, e Renato Cohen, produtor musical - todos na foto abaixo - para debater o assunto.


Selecionei alguns trechos que me chamaram atenção e vou colocá-los aqui abaixo, mas vale dizer que todo o debate é interessante. Quem quiser ver a matéria completa, ou quase isso, clique aqui.


Sobre o MySpace:

"Miranda - Pra mim, o grande mistério do MySpace é o novo perfil de artista, que hoje não é mais o cara da limusine e do pedestal, é um cara igual à gente, que está ali ouvindo os outros artistas também. O bom é que se tenho uma página ali e adoro tal artista, vou até a página dele e o convido para ser meu amigo. E ele aceita! Sou amigo do meu artista, está escrito lá, "Add friend". Aí, entro na rede de relacionamentos dele e vejo um monte de gente que conhece coisas que não conheço. Começo a fuçar e aquilo vai se transformando num universo tão grande de novidades que eu queria ser uns dez pra poder aproveitar bem."

Sobre novos formatos de comercialização da música:

" Renato - Estou com uma gravadora européia e talvez nem saia em CD, só em vinil e mp3. Vou lançar CD só no Brasil. O CD não quer dizer mais nada. Na Europa é basicamente mp3 e vinil, porque ainda tem gente que faz questão."

"Matias - Logo que apareceu o mp3, muita gente baixou uma quantidade enorme de músicas com medo de que logo aquilo acabasse."

"Miranda - Pegar música de graça, o cara vai e pega. Agora, qual música? Se eu sei que tem um lugar que vou onde sou muito bem recebido, onde conhecem meu gosto, é rápido, me diverte e ainda é barato, é claro que eu pago pelo serviço. Não pago para ter a música, mas sim pra chegar até ela. É isso que ninguém entendeu, ainda está todo mundo querendo vender a música. Quando falo da morte do CD, não estou querendo dizer a morte do CD, mas sim da venda de um suporte único. Mas essa indústria continua cega, achando que tem que vender a coisa e não o caminho até ela."

Então, qual será o futuro da distribuição musical?

"Miranda - Acho que tem muito a ver com os sites que têm as músicas em streaming. mp3 está quase virando passado. Acredito que deva ser cobrado como TV a cabo: você paga uma taxa e ouve à vontade. E ainda tem a vantagem de que não precisa guardar as músicas em um HD. Se tiver streaming de alta qualidade, o futuro será esse."

"Matias - Tem um livro que se chama The Future of Music, de 2004, escrito a partir de um conceito do Bowie de que no futuro a música vai ser como água. Mas onde você abre uma torneira, seja na rua ou na sua casa, tem um imposto que você está pagando. Acredito cada vez mais que é isso que vai acontecer com a música. O lance é descobrir quem é que vai cobrar por isso, se vai ser o provedor de acesso, se vai ter um serviço, ou se as próprias gravadoras vão oferecer e cobrar como um sistema de assinaturas".

A discussão é boa a não se finda rápido, como toda boa discussão.

Créditos fotos : Rafaela Freitas (1º) e Fábio Tavares (2º).

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O livro de quem Matias fala no último trecho é "The Future of Music: Manifesto for the Digital Music Revolution", de Gerd Leonhard e Dave Kusek, este último autor de interessante blog que trata do futuro da música até no nome. Dave também é vice-presidente de uma das mais respeitadas escolas de música do planeta, a Berklee College of Music, onde é professor de música digital.

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5.02.2008

Fórmula Sui Generis

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Atenção:
este texto foi escrito sob forte influência emocional da música de quem ele trata.





Faz algum tempo que tenho tentado escrever um post sobre o Sui Generis, primeira banda de Charly García, ícone do rock argentino. Coloquei um vídeo neste post algumas semanas atrás, "Confesiones de Invierno" tocada ao vivo no Luna Park, histórico palco de shows da capital argentina há 76 anos.

Desde então, o Sui Generis tem sido a trilha sonora de praticamente todos os meus dias. Chego até a sentir falta quando não escuto. Menos mal que a falta faz bem ao meu julgamento sobre a banda, que melhora proporcionalmente aos dias que deixo de escutá-la.

Dá até para fazer uma equação - J=2.D.
J é o meu julgamento da banda. D é os dias que eu não escuto.

O brabo é que, quanto mais escuto e melhor fica meu julgamento, mais difícil é ficar mais dias sem escutar Sui Generis. Meu único precedente desse tipo de relação na música foi os Beatles; fiquei muitos dias sem escutar, e quando voltei tive de buscar tudo que tinha na rede sobre eles para aplacar minha vontade. Só me contentei quando escutei todos os discos "oficiais" e os 6 CDs do Anthology novamente, o que demorou algum tempo.

Com essa relação, de, digamos, "necessidade auditiva", dá para fazer outra equação - N=2.J.
N
é a 'necessidade auditiva' e J é o já conhecido julgamento.

Ou seja, a questão vai tomando proporções gigantescas, na medida que, quanto mais dias fico sem escutar a banda, mais fico gostando - meu julgamento sobre ela vai melhorando; e, quanto maior é meu julgamento, maior é a necessidade de escutar a banda novamente. Se for unir as duas fórmulas, substituindo o 'J' pelo 'N' divido por 2, que é o processo lógico da união das duas equações, têm-se N=4.d

Isto significa que quanto mais dias ficar sem escutar, mais terei necessidade de escutar a banda - ou seja, maior a "necessidade auditiva".

Pois bem. Agora me lembrei que com os Beatles fiz o mesmo processo lógico destas equações. E o resultado foi óbvio - e lógico também: a minha necessidade de escutar fica tão grande que se criou um número absurdo, comprovando que, em música e em diversas outras relações culturais, não dá para botar matemática no meio.

Pelo menos não com o conhecimento em matemática que tenho.

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Ainda farei um post sobre o Sui Generis, que não é uma banda que se compare aos Beatles em nenhum sentido - só o pseudomatemático, talvez - mas, como disse um amigo meu, se tivesse talento para fazer música e, principalmente, letra, gostaria de fazer como o Sui Generis.

Por enquanto, coloco outro vídeo da banda, "Canción para mi muerte", do primeiro disco Vida, de 1972, mais folk e menos experimental que os que se seguiriam à este. Repare no clima "paz e amor" da juventude argentina atirada pelos gramados do parque. Charly García é o que toca piano "ao estilo John Lennon" e Nito Mestre é rapazito de violão em punhos.


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