6.30.2008

Clipping de segunda

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Cristiano Bastos, já famoso para quem frequenta este blog, está em processo de gravação do documentário sobre o álbum Paêbirú & Vida e Obra de Lula Côrtes. Aqui a notícia sobre quem está no projeto e de como ele será realizado.

(Paêbirú" é um disco gravado por Lula Côrtes e Zé Ramalho em 1975, presença certa nos anais da melhor psicodelia brasileira já produzida; Lula Cortês é um artista pernambucano "multimídia" bem antes de existir esse termo, e também um dos pioneiros na fusão de ritmos nordestinos com o rock'roll.)


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Minha ex-colega de jornalismo na UFSM, Thaís Brugnara Rosa, lançou faz pouco um blog sob suas impressões/matérias/críticas/relatos sobre arte e cultura.

Começou falando de um monólogo às cegas sobre Jorge Luis Borges, do road love movie My Blueberry Nights, e de um dos mais recentes lançamentos da coleção Jornalismo Literário, da Companha das Letras: "O livro das vidas", uma coletânea de obituários publicados no New York Times dos anos 90.


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Experiente jornalista musical, Mauro Ferreira detona "Stuart Sutcliffe, o Beatle que foi esquecido", documentário sobre a vida do primeiro baixista dos Fab Four, morto aos 22 anos, em 1962.

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6.24.2008

Good Times, Bad Times (2)

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Enquanto me atolo em trabalhos do Mestrado, sobra um tempinho para postar alguma coisa interessante aqui.
Mas aguarde, em breve mudanças neste blog.




A resenha clássica de hoje é do André Forastieri, também um dos nomes da fase áurea da Bizz. Forasta, como muitos o chamavam, é daqueles críticos que não tem receio algum de expor sua opinião; por esse motivo, já arrumou briga com meio mundo, exaltou discos que nunca mais se falou, e, também, deixou pérolas em formas de resenhas. Uma delas é esta aqui, onde ele tece loas ao disco Angel Dust, do Faith No More, lançado em 1992.

A gravadora London disse que esse álbum é suicídio comercial para o Faith No More. E é mesmo. Não tem nada a ver com The Real Thing, "Epic", "Edge Of The World", todo mundo cantando junto e balançando as mãos e tascando sorvete na testa.

Não, isso é um esporro -purulento -paranóico-escroto- sanguinolento, cérebros explodindo multidirecionalmente, picas frustradas se ralando no cimento e sangrando em cima de crianças miseráveis morrendo de fome. Demônios à solta. Adeus fãzinhas púberas, adeus MTV, adeus tudo. Não tem uma porra de um sucesso neste disco. O Faith No More foi longe demais.

"Midlife Crisis", o primeiro single, dá uma pista do disco mas não entrega o jogo. O próximo ("A Small Victory") é a coisa mais "fácil" de Angel Dust, mas suas possibilidades de sucesso foram abortadas com sete meses -os caras botaram um trecho completamente anticomercial e esquisito no meio. Por que esse desejo de se matar? Não vem ao caso, mas é quase grande arte.

Angel Dust é Frankenstein: pedaços de gêneros estabelecidos que não estão mortos mas já fedem -metal, hip-hop, country, thrash - fundidos numa criatura única, simultaneamente podre e rebimbando de vitalidade. O NME chamou de schizo.core, hardcore esquizofrênico. É um bom rótulo, mas não é suficiente.

Seguinte: não tem uma letra simples no álbum. Daria para dizer que são quase poemas se não fosse soar tão pretensioso, poemas no sentido William Burroughs da coisa. Exemplo 1: "os balanços do parquinho não me acomodam mais/folclore: ninguém deveria acreditar que no próximo ano tem aula/escreva cem vezes"(em "Kindergarten").
Exemplo 2: "Chegou a hora de falar com meus filhos/vou dizer a eles exatamente o que meu pai me disse/ VOCÊ NUNCA VAI DAR EM NADA" (em "RV").
O detalhe é que não tem uma letra que dê para cantar junto. A estrutura das músicas não permite, e a voz de Mike Patton varia radicalmente e vai do velho falsete (pouco usado) a puro terror thrash a baladeiro canastrão.

É tão absurdo que no primeiro lado, logo depois de "Midlife Crisis", tem uma música que parece Frank Zappa ("Rv") seguida de um funk metal sujão ("Everything´s Rnined") e de outra que lembra Godflesh/Sepultura, distorção no talo e vocais monstro (´Malpractice").

Minha favorita, "Be Agressive", lembra um pouco "We Care A Lot", sugere sadomasoquismo, começa com órgão de igreja, tem coro infantil no refrão e guitarra wah-wah. Patton está furioso: "O que outro deixaria para trás, cuspiria fora, desperdiçaria eu assumo como meu". Mas as coisas vão mesmo para o inferno em "Jizzlober". É grito choro dor primal, me arrancaram do útero, um pesadelo de distorção e desespero.

O que significa isso tudo? Não sei e não me importo. Vou deixar para alguém mais esperto que eu o trampo de decodificar Angel Dust.

André Forastieri

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6.17.2008

Revival particular (1): Alive

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O
revival anos 90 está ensaiando faz um tempo para entrar de vez, embora iniciativas como o Almanaque Anos 90, do Sílvio Essinger, estejam aí para mostrar que não se está mais ensaiando coisa nenhuma, e que até mesmo musicalmente já se está revendo - com olhos mais caridosos, naturalmente - a década passada.


É natural que isso aconteça, já que o revival anos 80 e suas inúmeras festas derivativas da Ploc original estão cansando - muito embora elas estejam cansando pela obviedade de suas opções, não porque os anos 80 não tenham material suficiente para sustentar festas e iniciativas deste tipo.

Mas o que as vezes se esquece é que estes ciclos de repetição cultural, além de serem comuns à natureza humana desde seu princípio, são também ciclos de realimentação. Longe de estar morta, a criatividade está no deglutir o passado e formatá-lo de acordo com as questões culturais do presente.

Num momento em que se tem mais e melhor acesso ao passado recente, como a internet proporciona ao atual, nada mais natural e óbvio que recriar esse passado recente das mais diversas formas, sejam elas com mais ou menos carga de originalidade.

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Dito isso, quero fazer um revival particular: resgatar o vídeo de uma das (ainda) grandes músicas da minha vida, em sua versão acústica e tão boa quanto a original: "Alive", do Pearl Jam.



Alive virou hino de um pessoal que cresceu - e talvez aprendeu - a escutar música com o grunge e seus principais nomes: Nirvana, Soundgarden, Alice in Chains e o próprio Pearl Jam. Está tão ligada a este período do início da década de 1990 quanto, talvez, esteja "Stairway to Heaven" do Led Zeppelin ao anos 1970, ou "Boys Don't Cry", do The Cure, aos anos 1980.

Como toda música símbolo de uma uma geração, Alive também foi escutada a uma exaustão que, para muitos, a desqualificou como música de qualidade. Mas é inegável assumir que ela tem todos os elementos de uma excelente música: sua introdução instrumental, tão marcante quanto suficiente para reconhecimento imediato da música, cria a expectativa necessária para o primeiro primeiro verso - "Son, 'she said, Have I got a little story for you" - , gritado-cantado por Eddie Vedder com a urgência de que a letra pede; o refrão é explosivamente pop, três power chords acompanhando a melodia e assessorando o canto - "I'm still aliveeee" - que ecoa como um brado de libertação de uma alma traída.

O longo solo de Mike McCready, melodioso e também virtuoso, finaliza a música com o tipo de caos que se previa desde o início: genuíno, transparente e, acima de tudo, libertador, como só poderia ser uma música que se chama "Alive".


P.S: A foto que abre este post é Eddie Vedder dando um baita mosh, tirada daqui.


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6.16.2008

Notícias (um tanto quanto) Bizarras

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As últimas pérolas que o Terra Música nos brinda nestes dias de frio intenso no sul do Brasil.


Jay-Z é processado por plagiar estilo de cantar rap

O rapper norte-americano Jay-Z está sendo processado pelo pugilista Mitchell Rose por usar sem autorização o estilo de cantar rap do boxeador. Rose pede uma indenização de US$ 88 milhões. O pugilista alega que Jay-Z roubou seu estilo de cantar sussurrado após ouvir uma demo sua.
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Músico sueco morre durante mergulho

O músico de jazz sueco Esbjorn Svensson morreu no sábado aos 44 anos quando mergulhava em Estocolmo, anunciou seu agente."Morreu no sábado em um acidente de mergulho em Estocolmo", afirmou o representante de sua banda, a Esbjörn Svensson Trio (E.S.T.), Burkhard Hopper. Hopper não informou mais detalhes sobre o acidente fatal, mas a imprensa sueca informa que Svensson estava mergulhando no mar Báltico com um grupo, que incluía um instrutor, quando desapareceu subitamente.
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Gilberto Gil diz que internet retoma liberdade da Tropicália

Às voltas com o Banda Larga Cordel, seu mais recente disco, Gilberto Gil aporta dia 4 de agosto no Vivo Rio;será a grande atração do 2º Prêmio TDB!, em seu primeiro show brasileiro da turnê, depois de passar este mês e o próximo entre Europa, Estados Unidos e Canadá. Desde Quanta (1997), Gil não lançava obra só com músicas inéditas.
(...)
Os cabelos agora são grisalhos e ele amadureceu. "O Tropicalismo falava de fragmentação e a linguagem da Internet é toda fragmentada. Todas as bases da Internet estavam ali", enumera Gil. "Tudo o que vislumbrávamos hoje em dia é possível. O sonho tropicalista é real, ele se realizou", afirma.
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Joss Stone diz que quer conhecer brasileiros


A cantora britânica Joss Stone, que está no Brasil desde sexta-feira, disse à sua produção que quer "conhecer brasileiros" e "a noite de São Paulo", informa a coluna de Mônica Bergamo no jornal Folha de S.Paulo. Solteira, ela afirmou que "pretendentes" devem mandar gardênias e convidá-la para uma feijoada sem carne, já que é vegetariana.


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Cate você também mais algumas.


Crédito foto: Zero Hora

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6.14.2008

Good Times, Bad Times (1)

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Taí algo que deveria ter colocado como seção fixa do blog antes: resenhas clássicas de álbuns. Porque, alguns anos atrás, se escrevia resenhas espetaculares nas revistas musicais brasileiras. Era um tempo que ainda existiam revistas musicais brasileiras; que se vendia CD, fita cassete e por vezes até LP; que existiam críticos completamente sem noção, sem (aparente) medo de polêmica, e que, talvez por isso mesmo, produziam resenhas que não raro eram muito melhores de ler do que se escutar o disco resenhado.

Enfim, eram bons tempos. Que eu não vivi direito, porque era novo demais e não sacava diversas ironias por falta de malícia e cabedal musical. Era muito mais difícil escutar um disco, e mais ainda ler uma opinião sobre estes. Não sei se eram tempos melhores do que os de hoje; mas que eram bons, isso eram.

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Começo esta seção com uma resenha publicada na finada Revista Bizz do disco Titanomaquia (capa abaixo), do Titãs, de 1992.
O autor dela é o André Barcinski, um dos melhores críticos da fase que muitos costumam chamar de "áurea" da Bizz, que vai do finalzinho dos anos 80 até o início dos 90.




Local: casa de um dos Titãs.
Os sete roqueiros se reúnem para traçar as metas de seu novo álbum.

Paulo: "Bom, galera. E aí? Nosso último disco foi massacrado."
Toni: "É mesmo. Temos que pensar em algo diferente... Vamos começar pelo nome. Alguém tem uma sugestão?"
Nando: "Que tal 'Pa-Ra-Le-Le-Pí-Pe-Do'?"
Marcelo: "Não, nada de poesia concreta. O Arnaldo saiu, se liga!"
Charles: "Que tal um disco grunge? Está bem na moda..."
Sérgio: "Será que dá certo?"
Charles: "Porra, até o Capital Inicial está fazendo cover do Pearl Jam!"
Branco: "É mesmo! O Dinho rasgou todas as suas calças e tatuou 'Eu Sou Roqueiro' na cabeça."

Charles: "A gente poderia chamar aquele cara do Nirvana para produzir, o Butch Vig..."


(segue-se um longo intervalo, durante o qual Charles liga para a gravadora).


Charles: "'Rapeize', o Butch não dá, mas eles me garantem um tal de 'Jack Albino'."
Paulo: "'Albino'? Legal, talvez ele até curta o Hermento Pascoal."

Nando: "Mas eu não entendo nada de grunge. Só ouço Tom Zé e Marisa Monte!"

Branco: "Não tem mistério. O negócio é o seguinte: a gente mete umas guitarrinhas distorcidas, fala uns palavrões no meio das músicas e põe no press release que o nosso negócio agora é pauleira!"

Marcelo: "Será que vai colar?"

Sérgio: "É lógico. Brasileiro é tudo bundão! A molecada toda só está andando com esse visual grunge, eu vi no Programa Livre."

Toni: "A gente pode fazer umas fotos com visual punk!"

Marcelo: "Oba, vou estrear a minha camiseta do Tad."
Nando: "Você também fez este curso de datilografia?"

Branco: "Só tem um problema: e se esta onda grunge acabar? E se o samba entrar na moda?

Charles: "Bom, acho que talvez o Agepê toparia produzir nosso próximo disco."


André Barcinski

Crédito foto: Vinylmine
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6.13.2008

Dica preciosa

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Essa é para aqueles que, como eu, as vezes se incomoda com o novo sistema de segurança do Rapidshare, aquele que tu tem de procurar quatro gatinhos nas 6 ou 7 letras que são mostradas, como a imagem acima apresenta :

Um plugin para Firefox que avisa sempre quando estão valendo as "HappyHours", quando não se precisa procurar gatinho nenhum, basta clicar em download e deu.


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6.12.2008

Adios Los Hermanos? - parte 3

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Quando, passado um ano do anúncio de que a banda iria entrar em recesso, integrantes novamente são ouvidos e dão sua posição sobre a volta, que se torna tão possível quanto provável.



Um tempo atrás eu fiz um post (dois, melhor dizendo) sobre o polêmico comunicado que anunciava que a banda tinha dado "um tempo", e tentei explicar brevemente o contexto que estava por trás disso.

Mais recente ainda, fiz um post sobre o primeiro disco solo que o Marcelo Camelo está para lançar - aquele que abria com a apavorante imagem do Camelo vestido de noiva.

Pois nesta semana, que completa um ano do fatídico comunicado, a jornalista Lígia Nogueira, do portal G1, resolveu retomar o assunto, tendo como fonte os próprios hermanos.

A fala do Rodrigo Amarante diz bastante: "Agora o Marcelo vai lançar disco solo, então vamos esperar mais um tempinho. A gente vai voltar alguma hora, com certeza, só não sei quando”.

Ou seja, haverá volta, segundo o Amarante. E também segundo o Bruno Medina, o quase-sempre 'porta voz oficial da banda': "Até agora está acontecendo exatamente o que havíamos dito que iria acontecer. Cada um de nós se envolveu com outros parceiros, em outros trabalhos, e era justo o que pretendíamos quando anunciamos o recesso”.

Bruno continua: “Ainda não houve nenhuma conversa nesse sentido (o de voltar). Agora em junho está fazendo um ano do último show, e acho que ainda vai levar algum tempo para que retomemos as atividades oficialmente. Nada impede, no entanto, que alguns de nós façamos coisas juntos. Claro que agora nos vemos muito menos do que antes, mas nos encontramos em shows, festas, temos muitos amigos em comum e as oportunidades sempre estão surgindo.”

E continua ainda: "Não houve ‘racha’ no grupo. Houve um consentimento sobre a idéia de se envolver com outras atividades".

E finaliza: "Eu sinceramente imaginava que surgiria um boato mais fantástico, porque essa coisa do Marcelo ser ‘MPB’ e o Rodrigo ‘outras direções’ não é suficiente para sustentar qualquer teoria conspiratória, isso para quem quer acreditar que existe uma verdade oculta. O Marcelo e o Rodrigo têm interesses musicais que vão muito além dessa categorização, e essa sempre foi a característica mais marcante da banda. Seja o que for que se torne público do trabalho deles pós-hiato, o mínimo que se pode esperar é que sejam caminhos bem distintos, como sempre foi.”

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Furiosos e não-furiosos fãs dos Los Hermanos, uni-vos: a banda parece que volta mesmo.


Crédito imagem: abreessaporta.blogger.com.br

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6.11.2008

O (video) blog do Caetano

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Caetano Veloso lançou no início deste mês um blog - na verdade, um blog onde cada post é um vídeo em que ele próprio se filma.

O blog faz parte do atual projeto de Caetano, Obra em progresso, uma série de shows que ele fará por todo este 2008 no Rio de Janeiro como uma espécie de laboratório de composição para o seu próximo disco.

Nas palavras de Hermano Vianna - conhecido "antropólogo musical" do Brasil, também um dos criadores do site Overmundo - que apresenta o blog:

"Obra em Progresso, série de concertos realizados no Rio de Janeiro por Caetano Veloso durante todo o ano de 2008, é oportunidade inédita para o público acompanhar de perto o processo criativo de um dos maiores artistas brasileiros. Canções que acabaram de ser compostas são apresentadas no palco e aprimoradas em shows diferentes a cada semana. "

E nas palavras de Caetano:

"O ponto de partida foi desenvolver os tratamentos do ritmo de samba na guitarra elétrica, sugerido pelo modo como Pedro Sá cria “riffs” com sonoridades refinadas. As novas composições, em que comecei a trabalhar no verão em Salvador, serão concebidas tendo em vista esses experimentos rítmicos. Meu desejo é ir mostrando semanalmente o progresso desse trabalho. Não se trata, porém, de ensaios abertos. São shows.

No vídeo abaixo, uma amostra de como funciona os posts do blog; neste, ele comenta uma das músicas recém-saída do forno do Obra em Progresso, "A Cor Amarela".


Crédito foto: Flickr Samuel Kobayashi
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6.10.2008

Se retira Paul McCartney?

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Não costumo colar uma notícia inteira aqui no blog, mas vou abrir uma exceção hoje porque é sobre o Paul McCartney e porque é em espanhol. E em espanhol é mais bonito de colar.


El ex Beatle haría una gira mundial de dos años y más de 100 shows para luego dedicarse a full a su familia.

El ex Beatle Paul McCartney, de 65 años, se despediría de su audiencia con una gira internacional de 100 conciertos, antes de "semi-retirarse" de los escenarios, según se informó hoy. El cantante decidió que realizará la gira musical durante dos años, antes de bajarse de los escenarios y dedicarle más tiempo a su familia. McCartney tocó recientemente en su Liverpool natal, para celebrar que la ciudad es la Capital Europea de la Cultura 2008.

"Paul dijo que esta gira será la última de esta magnitud. El quiere descansar y disfrutar de la infancia de su hija Beatrice", subrayó una fuente allegada. "La gira será la última vez que tocará en muchas partes del mundo. Beatrice y su vida familiar serán la prioridad, y no quiere pasar meses sin verla", agregó la misma fuente, precisando que el músico se presentaría en Europa, Estados Unidos, América del Sur, Australia y Asia.

Fonte

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6.09.2008

Miranda

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Vasculhando meu Google Reader em busca de pautas, qual não foi minha surpresa em encontrar, no blog do Matias, uma chamada para um TCC de um recém ex-aluno aqui do jornalismo da UFSC, onde faço mestrado.

(Cabe explicar que TCC, aqui na UFSC, pode ser uma monografia ou uma grande reportagem )

O Tiago Agostini, o ex-aluno supracitado, fez um perfil sobre o figuraça Carlos Eduardo Miranda, hoje mais conhecido por ser um dos jurados do Ídolos, mas que também é produtor (Raimundos, Skank, O Rappa, Mundo Livre S.A, Cansei de Ser Sexy), jornalista (trabalhou na Bizz do início da década de 1990), músico (tocou nas bandas Urubu Rei, Taranatiriça e Atahualpa y us Panquis, todas do RS, em meados da década de 1980), além de ser um dos criadores do site Trama Virtual e de ter sido diretor artístico da Gravadora Trama.

Ele disponibilizou para donwload a reportagem na íntegra. Vale a leitura, tanto pelo texto do Tiago quanto pelas histórias hilárias do seu perfilado.

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6.06.2008

Pérolas Videoclípticas (17) : Captain Beefheart

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Captain Beefheart , e sua This Magic Band, é um daqueles casos de bandas que andam na tênue linha entre o grotesco e o sublime - para ficar com categorais clássicas usadas em teorias de literatura - ou, em termos diferentes, entre o muito bom e a piração exagerada.

Surgiu com o excelente "Safe as Milk", em 1967, lançou sua obra-prima em 1969, Trout Mask Replica, e depois foi para o underground, de onde continuou produzindo discos até início da década de 1980, quando a banda termina de vez, e Don Van Vliet, o esquisofrênico líder e vocalista da banda , passa a viver como artista plástico, como até hoje o faz.

Este vídeo abaixo é "Electricity", do álbum de estréia, "Safe as Milk". Dá para ver bem por esta faixa o som da banda: um blues rock com pitadas experimentais e letras recheadas de imagens psicodélicas, algo que se aperfeiçoaria nos anos seguintes até Trout Mask Replica, o auge das experimentações artísticas da banda, e desceria ladeira abaixo nos anos 70.



Detalhe: O guitarrista à esquerda do vídeo é o excelente Ry Cooder, que faria alguns anos depois uma série de trilhas para o cinema, inclusive a do grande Paris, Texas, de Win Wenders.


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6.05.2008

Notícias bizarras

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Tenho um certo fascínio por notícias bizarras relacionadas ao mundo da música.

Muito disso porque elas existem, e aos montes, nos nossos portais e jornais; outro tanto é porque os músicos brasileiros - alguns poucos, é verdade, mas ruidosos - adoram criar fatos que beiram ao inverossímel.

É tamanha a semnoçãozisse de certas coisas que ficamos pensando que, de tão bizarra, a idéia pode ser até genial.

E a imprensa, boba que não é, acolhe cada informação desse tipo com carinho. Aliás, faz mais do que isso; investiga, vai atrás, fortalecendo ainda mais o aspecto "diferente" da informação. Aí surgem monstros tão engraçados quanto bizarros como esse aqui abaixo:

Após a vinda do roqueiro Ozzy Osbourne ao Brasil, com shows em São Paulo e Rio de Janeiro, o cantor Latino anunciou que irá gravar uma versão de um grande sucesso do ex-vocalista do Black Sabbath. A música escolhida foi Crazy Train, que ganhará letras em português. Segundo informações de seu agente, o novo título da música será Trem da Orgia, seguindo a linha irreverente que levou Latino ao estrelato. O cantor teria dito que quer angariar fãs entre os metaleiros. Informou-se também que as negociações para concessão dos direitos de gravação já foram concluídas.
Fonte

Diz que a MTV já comentou o assunto. E como diz meu xará na comunidade do orkut da Bizz, já se tem uma idéia do primeiro verso: "Crazy, but that's how it goes", "Louca, o que é que foi?".

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Quer mais uma?

Esta abaixo saiu hoje no G1, o portal da Globo, na seção de música. É bizarra por um aspecto diferente da de cima: trata de uma semnoçãozisse do estilo "não sei em que furada estou me metendo", alimentada pelo título, errôneo por não trazer o "ex" bem grande, e pela falta de contextualização em explicar o que diabos estão fazendo hoje as pessoas envolvidas na matéria.
Mas esse último ponto é justificável: se explicar, perde-se o sentido da notícia.

Chamo atenção também para os detalhes do lead de abertura, que, mesmo não querendo, é uma peça de fina ironia:

Integrantes do Iron Maiden, Raimundos e Sepultura formam banda de clássicos


Os malvados em pose exclusiva
De AC/DC a ZZ Top, um alfabeto inteiro de clássicos do rock é o mote para uma nova “superbanda”. Formado pelo primeiro vocalista do Iron Maiden, Paul Di’Anno, mais o baixista Canisso, do Raimundos, o guitarrista Marcão, ex-Charlie Brown Jr., e o baterista Jean Dolabella, do Sepultura, o grupo ainda não tem nome, mas o repertório dá pistas de que os integrantes, que andavam meio sumidos, vão poder soprar a poeira de seus instrumentos e comemorar.
Para ler o restante da notícia, clique aqui.

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6.04.2008

RIP

.Bo e sua característica guitarra retangular


Segunda-feira dia 2 de junho, anteontem, morreu Bo Diddley, que nas palavras de Ben Ratliff do NY Times, deu ao rock sua batida.

Ao lado de nomes como Chuck Berry e Little Richard, Diddley foi um dos pioneiros, ainda na década de 1950, na transição do blues e R&B para um estilo que fosse mais palatável aos ouvidos dos brancos americanos: o rock'roll.

Num Estados Unidos ainda tomado pela divisão racial entre brancos e negros, Diddley e seus comparsas travestiram de branco-pop estilos tradicionalmente negros; com isso, não só ajudaram a dar forma a uma das principais manifestações culturais dos nossos tempos, como também deram uma guitarrada na cara dos que dividiam música por cor.

Tinha 79 anos. Morreu de falência cardíaca em sua casa em Archer, Flórida.

Abaixo vai uma das canções mais conhecidas de americano nascido no estado do Mississipi , "Roadrunner", inúmeras vezes regravada, como boa parte do seu reperório.

Aliás, antes do vídeo: vale uma conferida aqui, na seção covers versions and tributes, as inúmeras músicas de Bo que outros regravaram. Há algumas que suscitam exclamações do tipo: "mas eu sempre achei que essa música era original do(a) artista!".

É, poisé...

Credito foto: bo-diddley.com


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6.02.2008

Complexo de Júpiter

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Antes de mais nada, quero dizer que semana passada foi de um certo relapso aqui no blog. Passei boa parte da semana em trânsito, como se diz, e fica difícil postar - ainda mais postar bem - em trânsito. Esta semana não será de trânsito, mas de mudanças, o que não deve atrapalhar mais o blog - assim espero.

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Em minha rotineira ronda pela blogosfera, me deparei com o site da MTV Brasil, algo que havia tempo com que não fazia. A MTV, como muita gente sabe, recentemente abriu mão de quase tudo que tinha de bom em sua programação. Mais recente ainda, ela decidiu voltar atrás em alguns pontos, e tornou-se novamente um canal visível - por hora, é possível ficar 30 minutos olhando para sua programação sem se cansar, se a sorte ajudar.

Pois o MTV Overdrive ainda mantém uma certa média de qualidade que o canal tinha em início e meados da década de 1990. Como é um canal na internet, sem os compromissos com audiência que a MTV "normal" sempre disfarçou que teve, há espaços generosos para a experimentação; pois desta maneira, e talvez só desta maneira, é que pode existir algo como esse "Jupiter Maçã Show".

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O Júpiter Maçã, como muita gente sabe, é o alter-ego de Flávio Basso, vocalista dos Cascavellettes - uma das principais bandas do rock do RS - até início da década passada, quando a banda acabou e ele seguiu em carreira solo. Anos depois, em 1996, ele lançou aquele que a revista Aplauso, através de uma votação que contou com os principais jornalistas, músicos s produtores do RS, elegeu como o melhor álbum do rock gaúcho já feito: A Sétima Efervescência.

Em lista com os 100 maiores discos de música produzidos no Brasil, a Rolling Stone Brasil incluiu o mesmo disco, confirmando que a fama e a qualidade de Júpiter extrapolaram o Rio Mampituba. Depois do disco de estréia, Júpiter enveredou por outros caminhos, produzindo dois discos bons, mas herméticos em sua psicodelia por vezes inintelegível - Plastic Soda, de 1999, e Hisscivilization, de 2002. Até que, em 2006, lançou Uma Tarde na Fruteira, considerada uma volta ao som do início da carreira solo.

Neste meio tempo, e hoje ainda mais, pode-se dizer que Júpíter ficou, digamos, sequelado. Mesmo para um junkie de décadas de experiência no assunto como ele, tem horas que a chapação se aloja na mente, toma para passear a identidade da pessoa e transforma essa em algo que ninguém mais sabe se é uma caricatura do que já foi, um versão cancerosa do que está sendo ou se tudo não passa de uma grande brincadeira que se repete sem parar - e aí, por vezes, perde-se totalmente a graça da coisa.

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Maurício Chaise, Júpiter e Lucas Hanke nos Estúdios de gravação da MTV


Nesse talk show bolado pela MTV, essas facetas se misturam a todo momento. Por vezes, é brilhante, como na troca de idéias viajantes com outro adepto de carteirinha desta estranha modalidade de discurso, Rogério Skylab; por outras, beira o surreal e o constrangedor, como a própria Clarah Averbuck, entrevistada de Júpiter, chega a comentar em outro programa.

Os dois músicos da banda de Júpiter que participam do programa seguram as pontas na hora de tocar, repertório sempre da melhor qualidade, como são as influências do som que o gaúcho faz. Ainda assim, sentimentos diferentes se degladiam para deixar uma impressão final na cabeça de quem observa Júpiter: será pena que temos do seu estado, aparentemente chapado ad infinitnum; será admiração, já que mesmo - aparentemente - sempre chapado, ele ainda consegue fazer músicas inegavelmente boas, como são algumas quantas de seu último disco; ou a impressão que fica é de que tudo não passa de uma grande brincadeira, e de que a todo momento Júpiter está tirando com a nossa cara por acharmos que ele está muito pior do que realmente está?

Não me atrevo a finalizar uma posição; melhor mesmo é elas se degladiarem por mais tempo em busca de uma resposta.


Créditos fotos: Uma tarde na fruteira

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