4.27.2007

Força Junior!

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Outra cisão histórica que ocorreu nos últimos dias, essa confirmada 100%, é da dupla Sandy & Junior. Muita gente já anda lamentando, mas teve um pessoal que resolveu não ficar parado e mostrar o seu "apoio" ao lado mais fraco da dupla - o Junior, obviamente.


Assim, foi lançada a campanha "Força Junior", do bonito cartaz abaixo.


Criado pelo pessoal do insanus.org, a comunidade do orkut da campanha já anda bombando, com mais de mil integrantes "preocupadas com o futuro de Júnior, esse ícone subestimado do pop nacional", segundo a descrição dela. Todos estão dando sugestões para a pergunta que não quer calar: e agora Junior, o que será de você?

Até camisetas já foram feitas, para quem acha que a campanha não é séria.

Se você quiser também dar a sua força para o Junior, entre aqui e deixe um recado.


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4.25.2007

Adios Los Hermanos?

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Os hermanos em seus trajes típicos



Como muitos já sabem, o Los Hermanos resolveu dar uma "parada" estratégica, como anuncia um comunicado no site oficial deles.

Eu não creio que seja uma "parada", mas sim o fim da banda. E tenho motivos sérios pra acreditar nisso, a começar pelo óbvio: os seus integrantes (notadamente a dupla de compositores, Amarante e Camelo), parece não estarem em uma mesma sintonia. Cada um está numa praia diferente, e estão tão bem nessa praia que não parecem querer sair dela.

O Amarante colaborando com uma galera da boa, seja com neo-hippie Devandra Banhart, o grande mestre dos guitarristas brasileiros Lanny Gordin, ou no seu projeto mais consolidado fora da banda, o conjunto de (neo?) samba Orquestra Imperial (Não conhece ainda? escuta aqui e vê se não é tão bom quanto o Los Hermanos)

O Camelo conquistando respeito como compositor "sério" da MPB, fazendo músicas para Maria Rita e outros, e dando uma de escritor indie em um blog (finado também, ao que parece) no Globo.com. Como se não bastasse, ele anda carregando o enorme fardo que é ser comparado à Chico Buarque, a única unanimidade brasileira que eu conheço - o futebol, outrora unanimidade máxima do brasileiro, já anda sendo ofuscado pelos olhos verdes do Chico, principalmente na cabeça/coração das nossas mulheres.


Na comunidade da revista Bizz no Orkut, um dos melhores lugares pra se discutir qualquer coisa nesse Brasil, o respeitado jornalista José Flávio Júnior, ex-Bizz e atual Bravo e Veja São Paulo, deu uma opinião sobre esse imbróglio todo:

Eu já sabia
A separação após o quarto disco estava nos meus prognósticos. Acho legal. Seria muito bom ouvir um solo do Amarante neste momento. Já do "Campelo" é tolice esperar algo decente.
(..) A banda realmente apresentou a MPB para uma geração (composta majoritariamente por idiotas, como tudo nessa vida) e ajudou a ampliar os horizontes do rock nacional. Não sei qual artista inserido nesse gênero, dentre os que habitam/habitaram o mainstream dos 80 para cá, tem no currículo um álbum tão impressionante quanto o Ventura.

Concordo em tudo que o Zé falou, só daria um pouco mais de crédito ao Camelo, afinal, apesar dos pesares, ele é um baita compositor.
O que enxe o saco na banda são os fãs malas, neo-hippies e comunistas de sandália nos pés, barba no rosto e merda na cabeça. Quem já foi em show sabe do que falo: aquela horda de fãs que parecem estar numa missa evangélica batendo palma para tudo que Deus (no caso, Deuses) fala, que levam tudo, de letra à postura no palco, com uma seriedade que não os faz enxergar o quanto é ridículo levar tão a sério qualquer banda ou artista, independente de sua qualidade.

(Querem uma mostra? entrem aqui e voltem depois pra ler o finalzinho)

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Se por acaso eles vierem a acabar, pelo menos deixaram três, quatro álbuns que estão entre os melhores dos últimos tempos no famigerado rock nacional. Me atrevo a dizer que dois desses, o Bloco do Eu Sozinho e Ventura, estão entre os 20 melhores de todo o rock nacional.
Mais atrevimento ainda, o Ventura, em um futuro não tão breve, estará nas cabeças da disputa entre os melhores discos dos anos 00. Já tem meu voto.

Caso alguém não conheça a banda ainda, vale apena baixar aqui esses dois discos, clicando no nome de cada um.

Bloco do Eu Sozinho
Ventura

Aproveitem enquanto é tempo.

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4.21.2007

Os melhores álbuns do século XX (10)

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Para encerrar a lista dos 10 melhores discos (ou álbuns, ou Lp's para os mais antigos, ou Cd, enfim...) escolhidos pela revista Rolling Stone americana, hoje vai o 10º lugar: The Beatles (de novo), White Album.




Composto basicamente durante o retiro dos Beatles na Índia, o Álbum Branco, como ficou mais conhecido, levou quase 8 meses de trabalho de estúdio durante o ano de 1968. O disco mais diversificado da banda foi também o primeiro indício que o grupo estava se separando. Pelas palavras de John Lennon, 'Era John e a banda, Paul e a banda, George e a banda...'.
A constante presença de Yoko e os primeiros problemas com a gravadora Apple fizeram deste um disco tenso - Ringo chegou a abandonar o grupo, mas retornou uma semana depois ... obviamente arrependido.

São 30 músicas dispostas em 2 LPs, numa coletânea de vários estilos musicais como Rock'n'Roll, Blues, Reggae, Soul, Country, Pop e mesmo uma colagem avant-garde. O disco também é o adeus a fase psicodélica da banda e um prelúdio do que seria a música Pop do início dos anos 70. A própria capa, totalmente branca é exatamente o oposto do último disco 'Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band'.

O disco foi lançado em Novembro de 1968 e alcançou o 1º lugar no dia 27 do mesmo mês, sendo o 1º álbum duplo a alcançar tal posto e ser o disco duplo de maior vendagem da história (apesar de ter sido batido em 1977 pela trilha de 'Saturday Night Fever'). Em 1998, uma versão do CD, com capa dupla contendo o poster e as fotos originais é lançado para comemorar o aniversãrio de 30 anos do álbum.

Mesmo com todos os problemas durante a gravação, a coleção de canções de "White Album" impressiona. Se não tem uma coesão, um espírito de "banda" imbuído nele como os dois discos anteriores, "Revolver" e "Sgt. Peppers", tem uma coleção de canções que, tomadas sozinhas, estão entre as melhores já feitas pelos fab four.

Poster encartado no disco


Logo abaixo, um faixa-a-faixa que está no site www.getback.com.br, um dos melhores sites brasileiros sobre os Beatles:


Disco 1:

BACK IN THE USSR (Lennon/McCartney )
Gravada em 22, 23 de Agosto 1968
Música de Paul inspirada claramente no grupo 'Beach Boys'. Composta por Paul, que a canta, toca piano, guitarra e bateria dobrada ( Ringo havia deixado a banda ). John toca baixo e George também um baixo de 6 cordas. John e George acompanham Paul nos 'ooooohs..'

DEAR PRUDENCE (Lennon/McCartney )
28, 29, 30 de Agosto 1968
Música de John, inspirada na irmã de Mia Farrow, Prudence, que no retiro da Índia ficava trancada no quarto meditando. Esta música é um convite para ela sair e 'brincar'. Outra música gravada sem a presença de Ringo. Paul toca baixo e bateria, piano e John utiliza pela primeira vez o dedilhado de guitarra que ele aprendera com Donovan (que seria uma de suas marcas registradas ).

GLASS ONION (Lennon/McCartney )
11, 12, 13 de Setembro, 10 de Outubro 1968
Brincadeira de John em cima daqueles que queriam descobrir significados secretos nas músicas dos Beatles. Muitas referênicas para confundir a cabeça dos Beatlemaníacos, como Strawberry Fields, Lady Madonna, Fixing a Hole, Fool on The Hill e a famosa frase 'Walrus was Paul'. Umas das últimas músicas com apelo psicodélico. Nesta, Ringo está presente e violinos são colocados no final da música. John canta.

OB-LA-DI OB-LA-DA (Lennon/McCartney )
03, 04, 05, 08, 09, 11, 15 de Julho 1968
O primeiro Reggae (pelo menos naquela época) escrito por Paul. Esta música recebeu duas versões, a primeira, mais acústica, foi descartada, e só apareceria no disco Anthology 3. O grupo Marmalade (e não os Beatles) conseguiram notoriedade com uma gravação desta música, alcançando o 1º lugar. Paul canta, toca baixo e piano.

WILD HONEY PIE (Lennon/McCartney )
20 de Agosto 1968
Mais um link do que uma música, é mais uma experiência de Paul no estúdio de gravação. Paul toca todos os instrumentos nessa faixa de 53 segundos.

THE CONTINUING STORY OF BUNGALLOW BILL (Lennon/McCartney )
08 de Outubro 1968
Música de John, gravada em apenas um dia. Uma das últimas bem-humoradas músicas de John no espírito de 67, sobre uma caçada de tigres na Índia. John canta e pela primeira vez, Yoko empresta sua voz a uma frase da canção. Mauren Starkey (esposa de Ringo) ajuda nos vocais. Chris Thomas toca Mellotron e aparentemente o solo de violão da introdução não é feito por nenhum dos Beatles, mas tirado dos arquivos da EMI.

WHILE MY GUITAR GENTLY WEEPS (Harrison )
05, 06 de Setembro 1968
O primeiro grande sucesso de George nos Bealtes. Uma versão acústica fora gravada antes, mas descartada para dar lugar a esta versão mais pop. George canta e toca violão, John toca Órgão Hammond. O solo de guitarra é de Eric Clapton, convidado por George para amenizar o clima pesado que começava a pintar no estúdio.

HAPPINESS IS A WARM GUN (Lennon/McCartney )
24, 25 de Setembro 1968
Música de John, e talvez a mais complicada já gravada pelos Beatles. Inspirada na frase de capa de uma revista de armas, 'Felicidade é uma arma quente', acabou soando como tragédia 12 anos mais tarde. Na verdade a música é uma junção de 3 ou 4 músicas inacabadas, e os Beatles fizeram questão de gravá-la assim como John tocava, sem um compasso definido, passando de 3/4 a 4/4 o tempo todo.

MARTHA MY DEAR (Lennon/McCartney )
04, 05 de Outubro 1968
Homenagem de Paul a sua cadela Martha. gravada nos estúdios Trident, é uma faixa no estilo das big bands. Paul toca piano acompanhado de sopros e violinos.

I´M SO TIRED (Lennon/McCartney )
08 de Outubro 1968
Quase uma continuação de 'I´m Only Sleeping'. Música de John, que canta, gravada em um dia só.

BLACKBIRD (Lennon/McCartney )
11 de Junho 1968
Outra balada solo de Paul. Ele canta e toca violão, acompanhado apenas de uma marcação e de um canto de passarinho, tirado das fitas da EMI. Quase uma canção erudita, de tão bela.

PIGGIES (Harrison)
19, 20 de Setembro, 10 de Outubro 1968
Estranho, depois de 2 anos de músicas com influênicas indianas ouvir essa musica bem-humorada de George. Mais uma sátira social, A voz de George é alterada em alguns trechos. Chris Thomas toca Cravo, e a única contribuição de John na música é.... o grunhido do porco. Violinos fazem o fundo.

ROCKY RACCOON (Lennon/McCartney )
15 de Agosto 1968
Música de Paul, como no seu estilo, conta uma história sobre um sujeito do velho oeste. Composta na Índia, Paul toca violão, John harmônica, George baixo e o piano Honky Tonky é tocado por George Martin.

DON´T PASS ME BY (Starkey)
30 de Agosto 1968
Primeira música composta por Ringo num disco dos Beatles. Ringo canta e toca piano, além da bateria. Aparentemente parte desta música já existia em 1964, mas só foi finalizada para o álbum branco. O violino é tocado por Jack Fallon, músico de estúdio. A versão do disco em mono é radicalmente diferente da versão em estéreo.

WHY DON´T WE DO IT IN THE ROAD (Lennon/McCartney )
09, 10 de Outubro 1968
Música de Paul, que toca todos os instrumentos (experiência que ele adotaria para gravar seu 1º disco, McCartney ). John a considera uma das melhores músicas de Paul, apesar de ter apenas 2 frases, de sentido dúbio.

I WILL (Lennon/McCartney )
16, 17 de Setembro 1968
Balada de Paul, que toca violão, com os outros Beatles ajudando na percussão.

JULIA (Lennon/McCartney )
03 de Outubro 1968
1º e única faixa solo de John Lennon em toda a história dos Beatles. Uma homenagem a sua mãe, Julia. Apesar de não estar creditada, Yoko ajudou em algumas frases. A última música gravada para o álbum branco, com John cantado e tocando guitarra.



Disco 2:

BIRTHDAY (Lennon/McCartney )
18 de Setembro 1968
Composta após assistirem a um filme de rock´nroll, esta é uma das últimas músicas genuinamente Lennon-McCartney. Paul e John cantam e Yoko Ono e Pattie Harrison fazem o coro. Paul toca piano.

YER BLUES (Lennon/McCartney )
13, 14, 20 de de Agosto 1968
Música 'dolorosa' de John, que mais tarde levaria este estilo para seu disco 'Plastic Ono Band' e o single 'Cold Turkey'. John no mesmo ano tocaria esta música no especial dos Rolling Stones 'Rock and Roll Circus'.

MOTHER NATURE´S SON (Lennon/McCartney )
09, 20 de Agosto 1968
Composta por Paul na Índia, foi gravada às 3 da manhã, com Paul tocando violão acompanhado por sopros.

EVERYBODY´S GOT SOMETHING TO HIDE EXCEPT ME AND MY MONKEY (Lennon/McCartney )
26, 27 de Junho, 01, 23 de Julho 1968
Baseada em um desenho que mostrava John com um macaco nas costas, com a cara de Yoko. Foi originalmente chamada 'Come On, Come On,'... Mas John achou melhor dar-lhe um título maior, e bem maior.

SEXY SADIE (Lennon/McCartney )
13, 21 de Agosto 1968
Referência ao Maharishi, que provocou suspeitas de estar dando em cima de Mia Farrow e outras mulheres do grupo de meditação no retiro da Índia. John canta e toca guitarra com George. Paul toca baixo e piano. Parte da música foi retirada na edição.

HELTER SKELTER (Lennon/McCartney )
09, 10 de Setembro 1968
Um dos primeiros 'Heavy Metals' da história e uma das músicas mais pesadas de Paul McCartney. Originalmente a música foi gravada como uma jam de 27 minutos, mas a versão ouvida no disco é outra. Paul canta, John toca baixo e 'tenta' tocar saxofone com Mal Evans. A versão em mono da música é quase um minuto menor, e suprime a frase 'I´ve got blisters on my fingers' de Ringo. Esta música causaria polêmica em 1969 por servir de referência a carnificina ocorrida na mansão de Roman Polanski por Charles Manson.

LONG LONG LONG (Harrison)
07, 08, 09 de Outubro 1968
Música de George, que canta, e mais uma com a ausência de John Lennon. O ruído no final da música é uma xícara de chá vibrando sobre um amplificador de guitarra.

REVOLUTION 1 (Lennon/McCartney )
30, 31 de Maio, 04, 21 de Junho 1968
Na verdade, esta seria a 'Revolution' original, pois foi gravada antes da versão barulhenta ( e mais conhecida). Eis porque ser chamada de nº 1. John canta, e Paul toca piano, junto com sopros.

HONEY PIE (Lennon/McCartney )
01, 02, 04 de Outubro 1968
Outra música Hollywoodiana de Paul, que toca piano e canta. George toca guitarra e John, baixo. Uma pequena orquestra com 15 instrumentos é regida por George Martin.

SAVOY TRUFFLE (Harrison)
03, 05, 11, 14 de Outubro 1968
Composta por George, inspirada em uma caixa de chocolates, que seu amigo Eric Clapton adorava ter em casa. Muito que se diz na música são nomes de Chocolates, e há uma referência a música Ob-La-Di, Ob-La-Da. 2 saxes baritonos e 4 tenores fazem os sopros de fundo.

CRY BABY CRY (Lennon/McCartney )
16, 18 de Julho 1968
Uma das últimas músicas de John inspirada em Lewis Carrol. John canta e toca violão, e no final, um trecho da música 'Can You Take Me Back' ( das sessões de gravação de I Will ) é incluída.

REVOLUTION 9 (Lennon/McCartney )
30, 31 de Maio, 04, 06, 10, 11, 20, 21 de Junho 1968
Apesar do título, essa faixa não tem nada a ver com 'Revolution' e 'Revolution 1'. Na verdade é apenas uma colagem de ruídos, fitas ao contrário, comentários sem sentido e muita loucura. Mais John e Yoko do que Beatles, essa faixa com certeza deve ter gerado uma torcidada de nariz de George Martin, assim como os outros Beatles.

GOOD NIGHT (Lennon/McCartney )
28 de Junho, 02, 22 de Julho 1968
Esta NÃO é uma música de Paul McCartney, e sim de John Lennon. Balada composta para Ringo, não teve nenhuma participação dos outros Beatles. Apenas John acompanhou a gravação, Ringo canta acompanhado de uma orquestra de 30 componentes, regida por George Martin. Um alívio para os ouvidos, que sairam da faixa anterior, e um ótimo desfecho para o disco - Boa Noite!

Baixe Aqui o disco Um. E Aqui o dois.

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4.04.2007

Ne Me Quitte Pas

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"Ne me quitte pas" pode ser encaixada naquela categoria de músicas que se a gente não escutou na vida, vai escutar - e, provavelmente, irá se arrepiar quando souber do que trata a letra e, pior ainda, quando esse cara aí abaixo, o autor dela, Jacques Brel, estiver interpretando-a. Porque ele não apenas canta como sente, interpreta, até chora, de uma forma que mesmos os mais brutos saem emocionados.


A letra vai abaixo. Podem chorar.


Não me deixe (Ne me quitte pas)

Não me deixe
Devemos esquecer
Tudo pode ser esquecido
Que já tenha passado
Esquecer os tempos
Dos mal-entendidos
E os tempos perdidos
Tentando saber como
Esquecer as horas
Que as vezes mataram
Com golpes de porque
O coração de felicidade
Não me deixe
Não me deixe
Não me deixe
Não me deixe

Eu vou te oferecer
Pérolas de chuva
Que vêm dos países
Onde não chove
Eu vou cavar a terra
Até a minha morte
Para cobrir teu corpo
De ouro e luzes
Eu farei uma terra
Onde o amor será rei
Onde o amor será lei
Onde tu serás rainha
Não me deixe
Não me deixe
Não me deixe
Não me deixe

Não me deixe
Eu inventarei
Palavras sem sentido
Que tu compreenderás
Eu te falarei
Sobre os amantes
Que viram duplamente
Seus corações incendiarem-se
Eu te contarei
A história deste rei
Morto por não poder
Te reencontrar
Não me deixe
Não me deixe
Não me deixe
Não me deixe

Nós freqüentemente vemos
Renascer o fogo
Do vulcão antigo
Que pensamos estar velho demais
Nos é mostrado
Em terras que foram queimadas
Nascendo mais trigo
Do que no melhor abril
E quando vem a noite
Com um céu flamejante
O vermelho e o negro
Não se casam
Não me deixe
Não me deixe
Não me deixe
Não me deixe

Não me deixe
Eu não vou mais chorar
Eu não vou mais falar
Eu me esconderei lá
Para te contemplar
A dançar e sorrir
E para te ouvir
Cantar e então rir
Deixa que eu me torne
A sombra da tua sombra
A sombra da tua mão
A sombra do teu cachorro
Não me deixe
Não me deixe
Não me deixe
Não me deixe

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4.01.2007

Abrindo para o Pet Shop Boys

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O Wandeclayt, figura das mais atuantes do cenário alternativo e eletrônico de Santa Maria, atendeu a um pedido meu para contar um pouco da experiência que ele teve ao abrir o show do Pet Shop Boys, conhecida banda inglesa de eletrônica-pop que tocou em Porto Alegre na semana passada. Aí abaixo vai o texto dele na íntegra, inclusive com a introdução "jornalística" bem escrita por ele, publicado no jornal A Razão de quinta-feira passada, dia 29 de março.


"
A coerência nem sempre é fator determinante na escolha de bandas locais para abertura de shows internacionais. Num caso extremo já se viu a cantora Syang (mais conhecida por sua participação no finado programa "Casa dos Artistas", do SBT) abrindo para o Echo and the Bunnymen em sua tour de 1998. Felizmente a produção local para o show do Pet Shop Boys na
quarta 21 de março no Gigantinho foi criteriosa nesse aspecto.

Buscando nomes ativos na cena eletrônica local surgiu o nome da Euphorbia (www.myspace.com/euphorbia), um duo porto-alegrense de EBM (Electronic Body Music - uma vertente mais pesada e agressiva da música eletrônica, com raízes nos anos 80 e que sempre se manteve afastada da psicodelia e repetição interminável das trilhas que embalam as raves).


Apesar de sediada em Porto Alegre, foi Santa Maria quem viu a primeira apresentação ao vivo da Euphorbia. A banda debutou no palco do Macondo em maio de 2006. Para o show no gigantinho a banda adotou uma prática comum entre projetos de música eletrônica: reforçar a escalação nas apresentações ao vivo. Para juntar-se ao time convidaram Wandeclayt M., integrante da banda eletrônica Aire'n Terre (www.myspace.com/airenterre) e há oito anos instalado em Santa Maria (O Aire'n Terre tem ainda membros em Madri e Nova York, compondo, gravando e interagindo via internet). E é ele quem nos conta um pouco da experiência de tocar num evento dessas proporções:

"A Euphorbia foi confirmada como banda de abertura apenas uma semana antes do show, foi quando me convidaram para subir ao palco junto com eles. Como músico convidado minha tarefa era disparar as bases, controlar os efeitos na voz do vocalista Messiah e junto com o tecladista Man-Machine tocar os sintetizadores. Bandas eletrônicas alternativas como o Aire'n Terre ou a Euphorbia estão acostumadas atocar em espaços pequenos e em casas noturnas sem estrutura para shows, sem equipe de apoio e a ter que cuidar de toda a produção de palco.

A mudança começa por aí. Ter uma equipe para equalizar e operar
a mesa de áudio, roadies para a montagem do maquinário e toda uma assessoria da produção nos deixaram livres para focar no que realmente interessava: música e performance. Infelizmente não pudemos contar com iluminação e projeções já que não seria possível desmontar tudo em tempo para o show principal, mas só o fato de tocar em um equipamento de altíssima qualidade e sob a assistência de experientes técnicos de palco já foi suficiente para valorizar bastante o show. Apresentar um estilo de música eletrônica pouco conhecido para um público de milhares de pessoas é também um ponto crucial. Abre espaço não apenas para a Euphorbia mas também para outros excelentes artistas que seguem no ostracismo - para citar algumas ótimas bandas nacionais: Harry, Bad Cock, DeadJump, Noxious Fraction. A resposta do público foi ótima, com boa repercussão na internet e gerando bons comentários na imprensa. Não seria irreal acreditar que bons frutos virão daí."



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