3.31.2008

Joguinho

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Uma modalidade de jogo que está ficando cada vez mais comum é o que se convencionou chamar de "Tabloid Games".

São simples de fazer, mais ainda de jogar. Não raro são toscos e bobinhos; vale mais pela idéia de se ter feito um jogo sobre do que propriamente a diversão que o negócio proporciona.

Uma mostra de um desses joguinhos é esse aqui.

O nome do jogo é "Splash & Grab" e se passa num tribunal. Nele, você é Heather Mills, ex-mulher de Paul McCartney, que tem de jogar copos d'agua em Paul e em sua advogada - só não pode jogar no juiz, se não perde ponto.

Como vocês provavelmente sabem, Paul e Heather se divorciaram oficialmente em março deste ano, ela ficando com a fortuna de de 24,3 milhões de libras ao final do processo de separação - quantia que dá em torno de R$ 82 milhões de reais.

Se você quer entender o porquê de Heather jogar copos d'agua, e não qualquer outra coisa, em Paul e sua advogada, entre aqui.

Em tempo: Paul, logo que finalizou a questão do divórcio, saiu em viagem pelo caribe com uma amiga sua multimilionária.


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Publicidade atrasada

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Alguns meses atrás, fiz um post sobre uma das figuras mais raras que já conheci no meio musical: o Tony da Gatorra.

Tempos depois, resolvi me aprofundar mais no assunto. Usei o post como uma espécie de preview e busquei vender a pauta - sobre o Tony, obviamente - para alguma revista. Preferi a Brasileiros, uma revista nova de reportagens que tem como slogan o singelo "todas as histórias que valem a pena ser contadas".

Pois bem, eles acabaram aceitando a proposta, e a matéria saiu na edição de fevereiro da revista, a que tem a capa de duas mulheres na Antártida. Como não dá para ler esta matéria no site da revista, vou colocar o texto na íntegra aqui abaixo. As fotos são de Neco Varella.
Quem tiver a revista, pode procurar na seção "30 dias", que abre a edição.

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Ele consertava aparelhos eletrônicos até inventar um instrumento singular, a gatorra, e ganhar o mundo com sua invenção.

_ Tu sabias que vendi uma gatorra pro Nick, o guitarrista do Franz Ferdinand?

A pergunta surge na sala de uma casa simples de Esteio, na Grande Porto Alegre. E vem com um entusiasmo que não deixa tempo para resposta, pois logo Tony da Gatorra já está falando do ônibus com que excursionou por três cidades na Inglaterra e na Escócia, em julho de 2007. “Era um ônibus com 10 camas, mesa para jogar carta, geladeira cheia de cerveja.”. Quem lhe fazia companhia eram Guilherme Barella e Bruno Ramos, que tocavam junto com Tony, e mais três bandas britânicas, naquilo que a empresa que patrocinava a tour chamou de “Uma jam cultural entre o talento do Brasil e do Reino Unido”. “Foi a primeira vez que fui para o exterior, não tinha nem passaporte”.

Antônio Carlos Correia de Moura – vulgo Tony da Gatorra – tem 56 anos. Acaba de lançar o seu segundo disco, Novos Pensamentos, com participação de nomes conhecidos no meio musical nacional como o de Carlos Eduardo Miranda, Kassin e Luísa Lovefoxx, do Cansei de Ser Sexy O álbum é distribuído pela Slag Records, uma gravadora inglesa. Em março, Tony vai tocar no Japão. “Faz dois anos que vivo só das gatorras e dos shows”. “Mas estou com dois amplificadores valvulados ali na oficina, esses eu gosto de arrumar. Quer dar uma olhada?”

Tony passou cerca de 30 anos vivendo de consertos de aparelhos eletrônicos. Aprendeu o ofício em meados da década de 1970, através de um curso por correspondência do Instituto Universal Brasileiro. Guarda até hoje o diploma, emoldurado, em cima da mesa de trabalho de sua oficina, ao lado dos amplificadores valvulados que faz questão de mostrar. “Jimi Hendrix, Rolling Stones, todo o pessoal desta época gravou com esses aqui”, aponta, mostrando as válvulas. “Já tinha visto um desses?”.




Ele conta que o estalo de produzir a gatorra aconteceu por volta de 1994, mas ela só ficou pronta quatro anos depois. O nome veio de um trocadilho com a palavra “guitarra”, de onde seu instrumento empresta o design. Mas somente o design, pois o som é, como define seu criador, “uma percussão sintetizada”. “Com a mão direita toco os sons de bateria - bumbo, prato, caixa, etc - e, com a esquerda, outros sons percussivos aleatórios”.

As primeiras músicas com a gatorra saíram com dificuldade. “Não sabia nada de música, foi difícil no início”. Depois de compor algumas, no final da década de 1990, Tony chamou atenção de uma rádio de Porto Alegre, que pôs suas faixas para tocar. Passou a ser convidado seguidamente para se apresentar em um game-show jovem de um canal de televisão gaúcho. Dali foi para São Paulo, onde fez shows e conheceu figuras da cena musical nacional. Estes contatos, anos depois, renderiam um convite da gravadora Peligro para gravar seu primeiro trabalho, Só Protesto, que saiu em 2005.

O disco causou tanto estranheza - por sua inclassificável música – quanto simpatia, principalmente pela forte e sincera crítica de letras como “Eu Protesto”, “Voz do Sem Terra” e “Assassino”. Talvez pelos dois motivos, em meados do ano passado Tony foi convidado para fazer sua primeira tour internacional, no Reino Unido. Lá conheceu Nick McCarthy, do Franz Ferdinand, que veio a comprar uma gatorra, a nº7 das dez até hoje produzidas - e vendidas – por Tony. “A dele é verde-amarela, vem com ritmos pré-programados, é toda de alumínio, mais leve”, conta Tony, orgulhoso de sua criação.

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O pessoal da revista foi muito gentil em não mudar uma vírgula do texto que mandei para eles - quem é do ramo sabe o quanto editores gostam de modificar textos de seus comandados.

O Tony também foi bem atencioso comigo, me recebeu muito bem, com direito até a latinha de cerveja gelada. E ainda por cima me deu carona na volta até a estação do Trensurb de Esteio, onde ele mora.

Enfim, foi bem interessante fazer a matéria.

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3.27.2008

Pérolas Videoclípticas (12) : Anos Incríveis

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Em homenagem ao melhor seriado que a TV americana já produziu:




Por estes dias, andava vagando sem rumo no orkut quando me deparei com esta comunidade. Fazia tempo que procurava algum DVD com as temporadas da série.

Neste, neste e neste tópico tem praticamente todos os episódios para donwload.

Via Anos Incríveis quando passava na TVE, acho que à tardinha. Depois, migrei para a Net e acompanhei o finalzinho da exibição da série na Multishow.

Baixei alguns quantos episódios, revi quase a primeria temporada completa. Fato: Anos Incríveis envelheceu melhor. Os primeiros episódios são espetaculares, para não dizer perfeitos; ao abordar temas da adolescência de um garoto americano no final da decada de 1960, a série consegue a incrível proeza de tocar em temas complexos e difíceis da melhor maneira possível, com simplicidade sem reducionismo, tocante sem ser pedante.

E isso sem falar da trilha sonora: a abertura antológica, com a versão de Joe Cocker para "With a Little Help From my Friends", dos Beatles, na talvez melhor versão que um artista já fez de uma música de outro artista; e nas músicas de fundo em cada episódio, sempre de algum artista dos wonder years da música pop do século passado.

Um dos bons textos que encontrei sobre o Anos Incríveis é este aqui, de Elias Lascoski, publicitário amigo do meu colega e amigo Ben-hur Demeneck, de onde parte a dica. O texto faz um revival de emoções e identificações que todo mundo que viu a série teve. Vale a leitura, mesmo.

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3.26.2008

Passeando por Punta Del Este

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Avenida Barritz y Artigas, Centro, Punta Del Este.

Este é o endereço da foto acima, tirada num ensolarado fevereiro em Punta Del Este, conhecido balneário uruguaio muito frequentado por celebridades latino-americanas e endinheirados em geral.

A foto acima é da vista da frente do poderoso Hotel e Cassino Conrad, quando eu e minha namorada - que nada temos de endinheirados, infelizmente - viajamos pelos nossos vizinhos Argentina e Uruguai, em fevereiro deste ano.

O Conrad, velho conhecido de quem assiste programas de fofocas de celebridades, é um imponente cassino/hotel/shopping/casa de shows com sede em Punta, mas fama em todo o mundo. É como um pedaço de Las Vegas que se perdeu na América Latina.



É um excelente lugar para quem quer se parecer rico; permite a entrada de qualquer um em seus tapetes grossos e vultuosos, mais confortáveis que muito colchão de albergue. Permite que se sente em suas espaçosas poltronas, que tire fotos no Hall de las estrelas, onde artistas de todo o mundo - inclusive o nosso É o Tchan! na fase das duas Sheilas - deixam seus retratos para a posteridade conradiana.





A cidade tem esse nome por motivos mais do que óbvios: é a última fronteira do Rio da Prata, onde ele encontra o oceano atlântico. Do lado direito de quem chega na cidade, encontra-se a parte do Rio da Prata; à esquerda, oceano atlântico puro. No meio dos dois, Punta Del Este. Abaixo, vista área da cidade:





O principal ponto turístico da cidade, aquele mais fotografado por turistas, o que ninguém pode dizer que foi visitar a cidade sem tirar uma foto em frente, é a famosa "mão", saída diretamente de um set de gravação do Planeta dos Macacos e que não tem nenhum sentido a não ser o de estar ali para as pessoas tirarem fotos:




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Não, esse blog não resolveu adotar o diário de viagem como mais uma de suas muitas variações estilísticas. Punta Del Este foi tema de uma das notícias mais bizarras dos últimos tempos, e eu não podia de aproveitar a oportunidade para matar a saudade de minhas fotos da querida Punta.
O lead da bizarrice é este abaixo:


O lendário músico americano Bob Dylan deu um passeio de bicicleta disfarçado de mulher pelo balneário uruguaio de Punta del Este, onde encerrou na noite de quinta-feira (20) sua turnê pela América Latina, "Never ending tour".

Notícia completa aqui.



Obviamente que fotos dessa empreitada ainda não foram descobertas, se é que vão ser. Mas, pelo menos, temos vídeos do show de Dylan no Conrad como esse aqui.

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Créditos das fotos de Punta Del Este - e das aparições nas mesmas: Leonardo Foletto e Juliana Bassaco.


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3.25.2008

Fitinha

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Ao mesmo tempo em que se criam novas tecnologias, as mais antigas vão se tornando, obviamente, obsoletas. Quando voltam, é pelo apelo nostálgico do objeto, não tanto pelas qualidades das funções exercidas pelo dito objeto.

Esse textito em cima, que no jornalismo bem que poderia ser chamado de "nariz de cera", é a forma que eu encontrei para apresentar uma das mais novas brincadeiras que andam circulando pela net: o Muxtape.


Funciona no mesmo estilo da dinãmica de gravar uma fitinha cassete: faz-se um cadastro e depois já se pode fazer o upload de várias músicas, na ordem que se achar mais interessante, como se estivesse "gravando" a sua fita-cassete.

Depois, é só enviar o link e compartilhar a sua Muxtape com outras pessoas. Assim como ocorria com as cassetes originais, as pessoas estão mandando suas fitas para outros, para todos os fins que se possa imaginar.

Eu ainda não fiz a minha, mas quando fizer, compartilho aqui.



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3.24.2008

Bienvenidos

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"Vida", primeiro álbum do Sui Generis, de 1972

Não sei se muita gente tem interesse pelo rock argentino, mas deveria. Muita coisa boa é e - principalmente - foi produzida pelos nosso vizinhos.

Charly García e Luis Alberto Spinetta, dois dos considerados pais do rock argentino, tem álbuns excelentes com suas primeiras bandas - no caso de Charly, o Sui Generis (a capa do primeiro disco da banda abre esse post); no de Spinetta, o Almendra e o Pescado Rabioso.

Os primeiros trabalhos dos dois artistas, lançados ali pelo final dos anos 60 e início dos 70, são de uma qualidade superior, que não fica muito para trás em comparação com o que de melhor o rock produzia na época em países como Estados Unidos e Inglaterra.

Pois bem. Uma dica para começo de conversa sobre o rock argentino é o "El blog del topo", mantido por um costa-riquenho de San Juan, capital do país. Lá dá para baixar as discografias dos principais artistas argentinos, bem como ler excelentes textos sobre cada um deles.

Outra dica é o portal rock.com.ar, chamado "el sitio del rock argentino". Tem bastante informação sobre bandas, artistas e personagens que fizeram ou ainda fazem história no rock do país.

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3.20.2008

É nosso! (ou Nei Lisboa e a Síndrome do Mampituba) - Parte dois

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Voltando a pergunta feita neste post, produzido quase duas semanas atrás: qual a explicação pra a tal "síndrome do Mampituba"?

Cristiano Bastos, um dos autores de Gauleses Irredutíveis: Causos e Atitudes do Rock Gaúcho, uma das obras fundamentais para se iniciar nessa discussão (que está para ser relançada este ano, com acréscimos à edição original), é um dos que faz essa pergunta e, com o conhecimento que tem sobre o assunto, responde - ou passa a bola para outros que também entendem responder:

Ricardo Alexandre (ex-editor-chefe da BIZZ):
"Não acho que o rock gaúcho encontre resistência realmente. Veja Engenheiros, Nenhum de Nós, Cachorro Grande, Júpiter Maçã, Wander... Acho que os artistas gaúchos não se empenham o suficiente para avançar sobre o mercado nacional.
E nem deveriam: o mercado gaúcho já é grande o suficiente e muito mais profissional e interessante. Falei isso pro Julio Porto, da Ultramen, num show deles no Bar Opinião: "Tá vendo essa gatinha que veio te pedir autógrafo? Se a gente estivesse em São Paulo, ela estaria num show do Daniel". E é verdade: por que a Ultramen deixaria de tocar num Opinião lotado para tocar para num Morrison Rock Bar vazio? Porque deixaria de prestigiar a Rádio Atlântida para ter de pagar jabá para NÃO tocar na Mix FM? Sem chance."

Gustavo Mini Bittencourt (Walverdes):
"Concordo plenamente com o Ricardo Alexandre, sem tirar nem pôr. É o que eu sempre pensei. Acredito que o "mainstream local" (uma rede de rádios de comunicação forte como a RBS e um circuito de shows consistente no interior) acaba segurando as bandas por aqui pois elas conseguem se estabelecer profissionalmente sem precisar ir pra São Paulo. Acredito que grande parte do sucesso do mangue beat se deu porque os caras precisavam vir pra cá pra cena não minguar em Recife."

O texto completo desses dois depoimentos está aqui.


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" Eu e minha eeeeeeeeeeexx..."


Para finalizar a questão, coloco aqui um trecho de um texto que também está no blog do Cristiano, escrito por Leonardo Bonfim:

"Quando ouvi pela primeira vez "Quarenta Anos", da Graforréia Xilarmônica, pensei: é o epitáfio perfeito para o Rock Gaúcho. Coisa linda finalizar uma cena tão rica, criativa e anárquica sob versos como “impressionante ver que ainda toco esta guitarra, minha laringe com ternura ainda escarra, em prosa e verso, melodias e ruidos”.

É simbólica. Toda uma geração jovem (em todos os sentidos da palavra) que, ainda nos anos 80, cantou sobre mortes por tesão, bailarinas assassinadas, surfistas calhordas e amigos punks, está realmente com quarenta anos na cara e já perdeu espaço dentro do próprio Estado." (...)

"Assim como não preciso esperar 30 anos e bajulações do David-Byrne-da-vez para afirmar de boca cheia que Júlio Reny, Flávio Basso, Frank Jorge, Marcelo Birck, Edu K, Plato Divorak, entre outros, são gênios; não preciso de mais nenhum minuto para sacar que nenhuma das novas bandas vai fazer diferença.

O que dizer de uma cena que conseguiu movimentar os subterrâneos de um país inteiro sem ter praticamente nenhum apoio comercial? Pode ser um show antológico do Júpiter Maçã lá no Planetário do Rio de Janeiro, em 1997, assunto de bar até hoje entre figuras como Kassin, Gabriel Thomaz, integrantes dos Los Hermanos...

Ou um show catártico da Graforréia lá no festival Upload de Sampa, em 2001, que deixou muito marmanjo chorando... São obras-primas como o antológico disco solo de Marcelo Birck, Atonais Em Amplitude Modulada, Os Iluminados Monstros do Amor Frank & Plato, Júlio Reny & Seu Último Verão, TNT & Cascavelletes chupando os Stones quando o Brasil inteiro chupava o Police e U2, Replicantes, De Falla, os trabalhos magníficos dos irmãos Dreher na produção e por aí vai.

Passe no Museu do Rock Gaúcho, situado em Chapecó, para ouvir o fino da bossa. E nasceram filhotes em todo o país. São candangos-gaúchos, niteroienses-gaúchos, recifenses-gaúchos, paulistas-gaúchos, curitibanos-gaúchos, chapecoenses-gaúchos, gaúchos-gaúchos...
Certa vez, conversando com o gaúcho-candango André Vasquez, citei o rock inglês como a grande fonte de inspiração para algumas bandas do Rock Gaúcho. Ele rebateu na hora: "que nada, ouve 'Eu e Minha Ex', isso não é rock inglês, é Rock Gaúcho!".

É verdade. Aquele jeito Flávio Basso de cantar, arranjos de Marcelo Birck, pelas alamedas de Poooorto Alegre, naipe de sopros altamente dissonante, do Mercadão até o Bom Fim, coro desengonçado, o refrão explodindo eu e minha eeeeeeeeeeeex... Realmente. Isso é Rock Gaúcho. "

O texto completo dá para ler aqui.

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O Cristiano fez mais dois bons posts sobre o assunto:

_ Este aqui, que traz alguns casos para dizer como o livro foi feito;

_ E este aqui, uma entrevista com o polêmico historiador Tau Golin, que vai mais longe na questão da identidade gaúcha;


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Hoje tem show do Júpiter Maçã aqui. Vou ver se consigo fazer uns vídeos para postar aqui, além de uma resenhazinha.

Enquanto isso, aqui tá o link para baixar "
A Sétima Efervescência" (capa na foto acima) lançado pelo Júpiter em 1996, escolhida pela eleição organizada pela revista gaúcha de cultura Aplauso o melhor disco do rock gaúcho, e entre os 100 maiores discos da música brasileira na eleição da Rolling Stone Brasil.

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3.19.2008

A grande banda do nosso tempo

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Muito já se disse sobre o novo disco do Radiohead, lançado no final do ano passado.

A forma revolucionária de distribuição comercial de In Rainbows, onde cada pessoa escolhia quanto gostaria de pagar para baixar o disco direto de um site oficial - que não está mais disponibilizando-o para download- , foi citado em todos os cantos do planeta como uma espécie de quebra de paradigma no sistema de vendas da quase falida indústria fonográfica.

A repercussão rendeu chamadas elogiosas na Rolling Stone, do tipo "La banda que cambió las reglas del negocio", na capa da Rolling Stone Latin-América nº 119, de fevereiro deste ano; ou "O Futuro da Música pertence à Thom Yorke e ao Radiohead", na edição de fevereiro da Rolling Stone Brasileira; e matérias em importantes publicações, como esta no NY Times, esta na Wired, esta no Financial Times, da Inglaterra, ou aqui mesmo pelo Brasil, nesta matéria do G1, o portal da Globo.

Especulou-se muito sobre o porquê da banda adotar essa estratégia. O que se sabe é que ela funcionou muito bem, ajudando o disco a ocupar a 1º posição na parada britânica, americana, canadense, irlandesa - aí computando também os CDs vendidos de maneira "convencional", em lojas.

Mas se a música do Radiohead não fosse suficientemente boa, de nada adiantaria uma estratégia tão inovadora.

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A música de In Rainbows não é "fácil". É um disco para se decifrar em várias audições, minimalista em esconder detalhes a cada segundo de música, competente em pôr uma camada de simplicidade pop por cima de toda a experimentação e conhecimento musicais ali dispendidos. É rock básico, mas também é experimental; melancólico, mas também sexy; pesado, mas também suave; erudito, mas também pop.

In Rainbows é, provavelmente, o melhor disco do Radiohead. É o som experimental da banda, explorada nos últimos discos - principalmente em Kid A, de 2000 - alimentado pelo lado pop bem feito dos primeiros discos. Como se, depois de experimentar radicalmente e fazer discos mais conceituais do que musicais, o Radiohead tivesse aprendido a dominar inteiramente o seu som, e, a partir daí, quisesse levá-lo para onde bem entendesse. In rainbows, então, seria a volta ao pop levado sob a tutela da experimentação.


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"15 Step", a faixa de abertura de In Rainbows.


A música do Radiohead começou convencional, nada mais que um rock alternativo bem feito e bem tocado, como é o que se vê nos primeiros discos, Pablo Honey, de 1993, The Bends, de 1995. As melodias - e principalmente as letras - melancólicas do vocalista e guitarrista Thom Yorke chamaram atenção de muita gente, que passaram a ver Yorke como o "atormentado" da vez, carentes que estavam de um ídolo sofredor, já que Kurt Cobain acabara de morrer, em 1994. Os dois principais hits da banda à esta altura, "Creep", do primeiro disco, e "Fake Plastic Trees", do segundo, só confirmavam esta aura sofredora que cercava a banda e principalmente seu líder.

Se em The Bends o Radiohead começa a mostrar que, se era apenas uma banda de rock alternativo, era, pelo menos, a melhor do gênero na Inglaterra, Ok Computer, de 1997, vem para enfim ratificá-los como não somente uma das melhores da Inglaterra, mas também de todo o planeta. As boas melodias agora ganhavam toques experimentais, com uso de eletrônica e guitarras pesadas alternadas à violões límpidos e vocais épicos, somado a letras recheadas de (boas) metáforas sobre a relação homem X máquina, praticamente a temática do album inteiro.

Ok Computer é, para muita gente, o melhor disco da era pós-grunge. Para outros tantos, está nas cabeças dos 10 melhores dos anos 90. Com ele, enfim o Radiohead conheceu aclamação de crítica e público, ganhando respaldo para ousadias maiores, como se veria nos próximos discos.


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"House of Cards, a faixa nº8"


Kid A
saiu em 200o, depois de uma extensa tour de divulgação de Ok Computer. As gravações foram tumultuadas; Thom Yorke sofreu de bloqueio criativo, e várias foram as discussões entre os integrantes da banda quanto ao rumo que o som deles estava tomando. O resultado de tudo isso foi Kid A, um disco radicalmente diferente de Ok Computer. O excesso de experimentalismo rendeu junto aos críticos a pecha de "suicídio comercial"; jazz, música erudita e elementos de eletrônica foram combinados num som que não era nada fácil de se compreender. Paradoxalmente, Kid A foi o disco mais vendido do Radiohead, sendo o primeiro da banda a ficar em primeiro lugar nas paradas americanas.

Amnesiac, o quinto disco, saiu em 2001, composto de sobras das sessões de gravação do disco anterior. Seguiu a rota de experimentalismo que a banda estava, e também o de sucesso comercial. Dois anos depois sai Hail to the Thief, um pouco menos experimental do que os anteriores, indicado ao Grammy de 2003 como melhor álbum de rock alternativo.

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"Faust Arp, a faixa nº6"

Muito já se disse, também, sobre o fato do Radiohead - formado em 19888 em Oxford, Inglaterra, terra da famosa univeridade do mesmo nome - ser a melhor banda da atualidade, ou a melhor deste incipiente século XX, ou a melhor banda do nosso tempo - o que resume as duas coisas.

É interessante de se observar que tudo que leva o nome Radiohead tem uma qualidade pouco vista no cenário atual. Os cuidados da banda com cada passo que dá é de se admirar; nada é feito em vão, nada é lançado sem muito se ter pensado antes. Todos as ações dos ingleses de Oxford- da estratégia inovadora de lançamento do ultimo disco ao ótimo webcast que eles fizeram para a virada de 2007-2008, quando tocou na íntegra o In Rainbows, de onde os vídeos desse post foram tirados - parecem confirmar que o Radiohead é a grande banda do nosso tempo.


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A Rolling Stone americana fez um excelente faixa-a-faixa de In Rainbows, inclusive colocando vídeos de cada música em apresentações ao vivo. Vale uma conferida.

Johnny Greenwood, o "líder" da banda ao lado de Thom Yorke, é multiinstrumentista e tem formação erudita - já foi, inclusive, compositor convidado da orquestra da BBC de Londres. É dele a excelente trilha sonora de "There will be Blood" (Sangue Negro, em português), filme de Paul Thomas Anderson que concorreu Oscar deste ano.
Johhny é irmão mais novo de Colin Greenwood, baixista do Radiohead. Completam ainda a formação da banda Phil Selway na bateria e Ed O'Brien na guitarra.

Aqui tem um link funcionando para baixar o disco.

E aqui é o site oficial da banda.

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3.17.2008

Grata surpresa

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Algum tempo atrás, mais precisamente em um post do dia 25 de fevereiro, coloquei o link para o download de uma coletânea do "novo" rock independente brasileiro, organizada ironicamente por uma revista francesa, a Brazuca.

Para quem acompanha de perto a cena independente nacional, a coletânea trazia músicas de nomes já bem conhecidos deste cenário, caso de Autoramas, Vanguart, Orquestra Imperial, Superguidis, Pata de Elefante, Los Porongas, Violins, Charme Chulo, Macaco Bong, Móveis Coloniais de Acaju, dentre outras.

Ainda assim, havia surpresas. Para mim, ela veio com o nome de "3000 folhas", do Supercordas, a faixa nº 17 das 19 da coletânea.


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Logo que baixei o disco resolvi escutá-lo, com menos atenção do que a minha curiosidade desejava. Talvez por pressa, não achei nada que pudesse satisfazer minha expectativa por nomes incensados pela crítica musical nacional como Los Porongas, Vanguart, Superguidis, Lucy and the Popsonics, todas representadas por faixas corretas, nada além disso.

Mas foi então que o Supercordas bateu. O riff saído de um violão, límpido como manda aparecer os riffs bem feitos, surgiu em meio a alguns efeitos de guitarra simulando algo do tipo "sons da natureza"; a voz clara e precisa começou a entoar os versos "Lá onde o sol se põe /As folhas caem/Eu sigo manso o vôo das monarcas azuis". Monarcas azuis são pássaros que não conheço, pensei, ao passo que "Por onde não passa luz/Águas concorrem/Com o caminho sob o teto de plantas" me fez buscar a referência "rock rural", sob a qual o Supercordas estava catalogado para mim, perdido em algum canto junto de outros tantos rótulos lidos em revistas musicais.

Parei o que estava fazendo e procurei escutar com mais atenção. Foi daí que a música trocou de acorde e tom, naquelas típicas modulações que, de tão bem feitas, trazem até um arrepio para ouvidos calejados. Os versos cantados num hipnótico mantra à tranquilidade reforçaram a mesma sensação: "Pelos rios de cá corre leite/E a tarde sempre chove mel/Mas meus olhos ainda são de 3000 folhas brancas de papel".

Depois ainda veio mais bateria, a mesma modulação para o refrão que traz o nome da música, e, para finalizar, os versos "Eu sonhando sobre o tapete/Das lilases pétalas de céu/E teu corpo rabiscando/Com onírico pincel". Não precisou de mais nada: depois de muito tempo, tinha voltado àquela sensação típica de quando se escuta uma música que, ademais de ser boa, passa a fazer parte da seleta trilha sonora de nossas vidas.

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A partir de "3.000 folhas" é que fui descobrir que o Supercordas é uma banda carioca com dois álbuns lançados - "A pior das alegrias", de 2003, e "Seres Verdes ao Redor" (o da foto acima), de 2006, de onde foi tirada "3.000 folhas" - além de um EP e um single. Também descobri que a banda tem excelentes críticas do seu último disco, com elogios do tipo

"Tocam e cantam bem e não têm o menos ímpeto adolescente de "chocar" o ouvinte com agressividades vãs. Antes, adornam suas canções onírico-telúricas com detalhes de arranjos delicados, barulhinhos graciosos e melodias redondas."

feito por Ricardo Alexandre, publicada na finada Bizz de fevereiro de 2007, e divagações ao melhor estilo do som da banda como

"E é assim, cantarolável, mas cheio de esquisitices, embebido em tradições, mas cheio de vontade de experimentar, rural, mas cheio de eletrônica, bem-humorado, mas sério, que Seres Verdes ao Redor apresenta os Supercordas como uma descrições mais otimistas do que o pop nacional e, por extensão, o Brasil, podem ser"

por Fábio Bianchini, do Diário Catarinense.

Além disso, contam como um ótimo site próprio, o www.supercordas.com, onde dá para escutar algumas músicas das bandas, ver as letras e até mesmo ler um faixa-a-faixa do "Seres Verdes ao Redor", comentada por Bonifrate, responsável por uma das guitarras, dos vocais, do piano e dos teclados do disco. Aliás, todos os integrantes são identificados por codinomes: Wakaplot é o baterista, Valentino é o baixista/vocalista e Giraknob é o outro guitarrista.

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Para não dizer que não dei a chance de escutar a música: o clipe abaixo é o não-oficial de "3.000 folhas". Psicodélico como a música, com uma pitada de tosquice bem-humorada.

O clipe oficial eu não achei, se é que existe. Mas aqui tem a banda tocando a música ao vivo.

Créditos fotos: http://www.flickr.com/photos/supercordas
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3.13.2008

Pérolas Videoclípticas (11): Iggy e the Stooges

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I
ggy & The Stooges tocando Madonna, e ainda uma música da fase mais "dance" da cantora: Ray of Light, do álbum homônimo, de 1998.




A apresentação foi no último Hall of Fame, dois dias atrás, onde foram homenageados, além de Madonna, o poeta e cantor canadense Leonard Cohen; The Ventures, uma das bandas pioneiras do surf rock americano; John Mellecamp; e a banda inglesa The Dave Clark Five, uma das não tão conhecidas bandas inglesas responsáveis pela chamada "British Invasion".

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3.12.2008

Dica

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Joguinho pra lá de divertido: escolhe-se uma década (70,80 ou 90), uma banda/artista/música, e aparecem uma série de imagens numa telinha em branco. O objetivo é acertar que nome de banda/música/artista as imagens querem dizer.
Como um Imagem & Ação virtual.

Descontando alguns errinhos de data, é um bom divertimento. Bem difícil, também. Pena que não tem gabarito.
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3.11.2008

Mallu de novo (2)

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Não, a Mallu não é a Juno brasileira

Se lembram da Mallu Magalhães, moça de 15 anos que é a nova queridinha da crítica indie nacional e que foi tema deste e deste post aqui no blog?

Pois parece que ela saiu de vez do fechado mundinho indie. Na Rolling Stone do mês passado saiu uma matéria e um video com ela tocando o tema de Juno, filme que parece ter tudo a ver com ela, segundo alguns que a vêem como uma espécie de Juno brasileira - inclusive, quando se vai pesquisar no Google por imagens de Mallu Magalhães, é o cartaz do filme (o que abre esse post) que aparece em primeiro lugar.

Antes disso, ela apareceu no Altas Horas, programa da Globo apresentado por Serginho Groismann que vai ao ar na madrugada de sábado. A participação teve direito a palhinha do "hit" "Tchubaruba" e "Town of Rock'roll" inteira, além de uma entrevista rápida o suficiente para se perceber que, da Juno do filme americano, ela só tem o gosto musical levemente parecido.

Mais: virou a garota-propaganda de uma séria de vinhetas da MTV - 12, para ser exato, que podem ser vistas aqui.

Aguardem mais da Mallu na edição deste mês da Rolling Stone, a sair por esses dias, segundo informa a revista.
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3.09.2008

Bob Dylan em São Paulo

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Nessa boa temporada brasileira de shows estrangeiros, tenho de deixar de lado alguns textos prometidos para o blog - como a continuação do artigo sobre o rock gaúcho, que ainda esta semana sai, espero.

Bom, os shows do Iron Maiden eu falo depois. Primeiro vamos do Bob Dylan. Eu não vi nenhum dos dois, realizado nas noites de ontem e quarta no Via Funchal, em São Paulo - ingressos a preço mínimo de R$ 200,00 - nem vou ver o de sábado, no Rio de Janeiro, e no dia 15, em Buenos Aires - este o mais em conta para ir, com preços acessíveis de até mesmo R$ 50,00.

Mas com as informações, fotos, vídeos, opiniões, que encontro na rede, creio que posso montar um bom mosaico do que foram os dois shows de Dylan por aqui, a começar por aquilo que mais pode dizer sobre o que foi o show: um vídeo da apresentação.

Melhor ainda: outro vídeo do show, com Dylan tocando o clássico "Tangled Up in blue", de Blood on Tracks, talvez o mais digno e sincero relato musical de melancolia término de relacionamento .



O repertório dessa noite foi variado, como sempre é os de Dylan. Reza a lenda que ele escolhe com a banda, 30 minutos antes do show, o que vai tocar em cada noite. Nessa "Never Ending Tour", a única certeza é que vão aparecer músicas do último álbum do americano, "Modern Times", do ano passado. "Thunder on the Mountain", "When the Deals Goes Down", Workingman's blues #2 e "Spirit of the Water" são as mais frequentes. O repertório da primeira noite em São Paulo foi o seguinte:

"Leopard-skin pill-box hat"
"It ain't me, babe"

"I'll be your baby tonight"

"Master of war"
"The leeve's gonna break"
"Spirit on the water"

"Things have changed"
"When the deal goes down"

"High water (For Charlie Patton)"

"Stuck inside of mobile with the memphis blues again"
"Workingman's blues #2"
"Highway 61 revisited"
"Summer days"
"Like a rolling stone"

Bis
"Thunder on the mountain"
"All along the watchtower"

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Dylan tocou guitarra nas três primeiras músicas; nas restantes, foi para o teclado, onde ficou até o fim do show - como tem sido praxe nessa última tour.

Ele varia o repertório, mas acima de tudo varia as versões que faz de cada música. Varia tanto que clássicos como "Like a Rolling Stone" podem se tornar irreconhecíveis para muitos fãs, principalmente aqueles que não conhecem além da versão que saiu em álbum - no caso de "Like a Rolling Stone", a presente no disco "Highway 61 Revisited".

Uma resenha do show de quarta-feira do jornal O Globo retrata bem como muita gente que não conhece essa faceta mutante dos shows de Dylan acha um "assassinato" o que ele faz com seus clássicos.

(Em tempo: melhor que a resenha é o box com os comentários dos "famosos" decepcionados com o show.)

Uma resenha mais objetiva, tratando dos dois shows, é essa do site Terra.

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Pois bem. Os vídeos provam que Dylan está bem sequelado, para dizer o mínimo. Mas, como frisou o jornalista Sérgio Martins, da revista Veja, na comunidade da Bizz no Orkut,

"A voz do Bob Dylan é a de um sujeito de 66 anos que bebeu, fumou, cheirou e tomou bolinhas além da conta. E Dylan nunca foi considerado um grande intérprete, mas sim um grande compositor. Mais: ainda que a voz dele estivesse no osso, a banda era uma das mais competentes. "

Como frisa Paulo Terron, do blog With Lasers, "O preço das entradas caras de Bob Dylan têm um efeito estranho: quem pagou caro dificilmente vai assumir que não valeu a pena."
Mesmo sequelado, soltando uns grunhidos quase incompreensíveis em vez de cantar, não falando com a platéia - a não ser para apresentar a banda - , tocando alguns clássicos de forma quase irreconhecível, como "Blowin' in the Wind" na segunda noite, a simples presença em um show de um dos mais importantes artistas do século passado já é motivo suficiente para se dizer - ou se enganar, talvez - que o show foi muito bom.

Mais vídeos "caseiros" dos shows podem ser vistos nesta página do Youtube. Em breve estarão os vídeos do show no Rio de Janeiro, se é que já não estão na rede....


Créditos foto: Marcos Hermes/Terra
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3.08.2008

Os melhores releases de todos os tempos (6)

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Enquanto aguardava baixar alguns vídeos dos shows de Bob Dylan para fazer um post para o blog, achei outra pérola de release. A banda em questão é a Moinho, e o release é escrito pelo Nando Reis.

O texto é grandinho, mas engraçadíssimo pela prolixidade sem sentido.

"E como tudo que é som e é bom, quando antes no tempo foi feito primeiro e Adão, e a Erva do chão que brotou fez seu berço e leito - tudo começou no terreiro da África. Como tudo que há no mundo, que veio pra cá como pássaro que voou, e que nesse mundo aja se asa bata abra ou faça som, será eterno só se for sempre num só segundo, mesmo que pedra, pois pedra berra e seu eco férreo faz leve o chumbo, e eco é som que o ar repete pro ar que pede tão cego e surdo, ora absurdo agora é achar que o ar não tem cor nenhuma: se o ar dá a flor, quer mais flor que o arco-iris?

E o som é igual, só não acha cor quem os olhos põe pra ver lá fora o que é seu mas assopra e mora dentro, na cova da alma que lava no claro o que se cobre no breu -- o olhar o olfato ouvido paladar assim o tato, a paisagem rara que se faz no eu, e o céu dá o tom na pauta em gás em prisma, e o olho dom focal é a voz do surdo, que lê no lábio a cor pra ouvir o mundo a chave que abre e traz o som onde ar é água, palavra é nada, voz de girafa, engarrafado mar, cabe se não acaba, vive sem nome, some se é visto, nasce bem ave, morre peixinho, carne de vagem, lunar fotosíntese, sol frio polar, centopéia sem pés com cem raízes, mapa mundi na mão na palma, napalm feito de espermas de efeito contrário - só sabe fertilizar.

O amor é adubo que vai salvar o que resta de floresta e no o cimento fazer arvores choverem do céu do chão, aos milhares e aos milhões.

O que a gente faz quando mistura tudo, som céu ar cor, flor do absurdo? Viver é ter um sonho um sopro um só socorro ser Quixote e não atacar o redemoinho, apenas ser mais um deles. Se eu fosse não um bode mas um visconde mesmo ruivo e de sabugosa, meu cabelo de milho no cano da espingarda da espiga teria a lã de LanLan, o nado de peito de Toni Costa, e seria o ele de Emanuele pra assim morar como eles no meio do nome dela; ter meu trigo no vento ocre, nascer rico pra aprender ser pobre, na garupa da sacola tá dando mó de Maurício, na estufa da minha sola guardanapos e brincos, guaraná de Nara em pó, abacate amarelo com semente de cérebro eletrônico com jeito de nós. Eu+tu=nós 2 seríamos, pois o nosso sonho único teríamos: moer o meu ser e o teu também pra sermos apenas pó, soprar as migalhas da alma pro alto, queimar todo asfalto até brotar de novo mato e fazer girar as pás do jeito que só quem faz sabe como fazer e se quiser saber é só fazer esse disco girar pra que assim girem a paz e as pás desse nobre moinho.

Fica tranqüilo nêgo, pois hoje tem ovo no ninho!"

Nando Reis, janeiro de 2008

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3.05.2008

Pérolas Videoclípticas (9) e (10): I am the Walrus

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Dose dupla: "I am the Walrus" na versão original, com os Beatles num clipe, digamos, ultrapsicodélico, por falta de termo melhor....



e "I am the Walrus" interpretada por Jim Carrey, versão que está no álbum In my Life, disco que o produtor George Martin lançou com regravações de músicas dos Beatles interpretadas por uma série de atores e músicos conhecidos como Sean Connery, John Willians, Jeff Beck, Phil Collins, dentre outras figuras.



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3.04.2008

Sabor Lennon

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Essa é uma daquelas esquisitices do mundo pop que de tão inacreditáveis se tornam até interessantes: a marca Ben & Jerry's acabou de colocar no mercado um sabor dedicado ao beatle: o Imagine Whirled Peace (cookies de toffee com fudge).
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