3.09.2008

Bob Dylan em São Paulo

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Nessa boa temporada brasileira de shows estrangeiros, tenho de deixar de lado alguns textos prometidos para o blog - como a continuação do artigo sobre o rock gaúcho, que ainda esta semana sai, espero.

Bom, os shows do Iron Maiden eu falo depois. Primeiro vamos do Bob Dylan. Eu não vi nenhum dos dois, realizado nas noites de ontem e quarta no Via Funchal, em São Paulo - ingressos a preço mínimo de R$ 200,00 - nem vou ver o de sábado, no Rio de Janeiro, e no dia 15, em Buenos Aires - este o mais em conta para ir, com preços acessíveis de até mesmo R$ 50,00.

Mas com as informações, fotos, vídeos, opiniões, que encontro na rede, creio que posso montar um bom mosaico do que foram os dois shows de Dylan por aqui, a começar por aquilo que mais pode dizer sobre o que foi o show: um vídeo da apresentação.

Melhor ainda: outro vídeo do show, com Dylan tocando o clássico "Tangled Up in blue", de Blood on Tracks, talvez o mais digno e sincero relato musical de melancolia término de relacionamento .



O repertório dessa noite foi variado, como sempre é os de Dylan. Reza a lenda que ele escolhe com a banda, 30 minutos antes do show, o que vai tocar em cada noite. Nessa "Never Ending Tour", a única certeza é que vão aparecer músicas do último álbum do americano, "Modern Times", do ano passado. "Thunder on the Mountain", "When the Deals Goes Down", Workingman's blues #2 e "Spirit of the Water" são as mais frequentes. O repertório da primeira noite em São Paulo foi o seguinte:

"Leopard-skin pill-box hat"
"It ain't me, babe"

"I'll be your baby tonight"

"Master of war"
"The leeve's gonna break"
"Spirit on the water"

"Things have changed"
"When the deal goes down"

"High water (For Charlie Patton)"

"Stuck inside of mobile with the memphis blues again"
"Workingman's blues #2"
"Highway 61 revisited"
"Summer days"
"Like a rolling stone"

Bis
"Thunder on the mountain"
"All along the watchtower"

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Dylan tocou guitarra nas três primeiras músicas; nas restantes, foi para o teclado, onde ficou até o fim do show - como tem sido praxe nessa última tour.

Ele varia o repertório, mas acima de tudo varia as versões que faz de cada música. Varia tanto que clássicos como "Like a Rolling Stone" podem se tornar irreconhecíveis para muitos fãs, principalmente aqueles que não conhecem além da versão que saiu em álbum - no caso de "Like a Rolling Stone", a presente no disco "Highway 61 Revisited".

Uma resenha do show de quarta-feira do jornal O Globo retrata bem como muita gente que não conhece essa faceta mutante dos shows de Dylan acha um "assassinato" o que ele faz com seus clássicos.

(Em tempo: melhor que a resenha é o box com os comentários dos "famosos" decepcionados com o show.)

Uma resenha mais objetiva, tratando dos dois shows, é essa do site Terra.

***

Pois bem. Os vídeos provam que Dylan está bem sequelado, para dizer o mínimo. Mas, como frisou o jornalista Sérgio Martins, da revista Veja, na comunidade da Bizz no Orkut,

"A voz do Bob Dylan é a de um sujeito de 66 anos que bebeu, fumou, cheirou e tomou bolinhas além da conta. E Dylan nunca foi considerado um grande intérprete, mas sim um grande compositor. Mais: ainda que a voz dele estivesse no osso, a banda era uma das mais competentes. "

Como frisa Paulo Terron, do blog With Lasers, "O preço das entradas caras de Bob Dylan têm um efeito estranho: quem pagou caro dificilmente vai assumir que não valeu a pena."
Mesmo sequelado, soltando uns grunhidos quase incompreensíveis em vez de cantar, não falando com a platéia - a não ser para apresentar a banda - , tocando alguns clássicos de forma quase irreconhecível, como "Blowin' in the Wind" na segunda noite, a simples presença em um show de um dos mais importantes artistas do século passado já é motivo suficiente para se dizer - ou se enganar, talvez - que o show foi muito bom.

Mais vídeos "caseiros" dos shows podem ser vistos nesta página do Youtube. Em breve estarão os vídeos do show no Rio de Janeiro, se é que já não estão na rede....


Créditos foto: Marcos Hermes/Terra
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