4.01.2007

Abrindo para o Pet Shop Boys

.





O Wandeclayt, figura das mais atuantes do cenário alternativo e eletrônico de Santa Maria, atendeu a um pedido meu para contar um pouco da experiência que ele teve ao abrir o show do Pet Shop Boys, conhecida banda inglesa de eletrônica-pop que tocou em Porto Alegre na semana passada. Aí abaixo vai o texto dele na íntegra, inclusive com a introdução "jornalística" bem escrita por ele, publicado no jornal A Razão de quinta-feira passada, dia 29 de março.


"
A coerência nem sempre é fator determinante na escolha de bandas locais para abertura de shows internacionais. Num caso extremo já se viu a cantora Syang (mais conhecida por sua participação no finado programa "Casa dos Artistas", do SBT) abrindo para o Echo and the Bunnymen em sua tour de 1998. Felizmente a produção local para o show do Pet Shop Boys na
quarta 21 de março no Gigantinho foi criteriosa nesse aspecto.

Buscando nomes ativos na cena eletrônica local surgiu o nome da Euphorbia (www.myspace.com/euphorbia), um duo porto-alegrense de EBM (Electronic Body Music - uma vertente mais pesada e agressiva da música eletrônica, com raízes nos anos 80 e que sempre se manteve afastada da psicodelia e repetição interminável das trilhas que embalam as raves).


Apesar de sediada em Porto Alegre, foi Santa Maria quem viu a primeira apresentação ao vivo da Euphorbia. A banda debutou no palco do Macondo em maio de 2006. Para o show no gigantinho a banda adotou uma prática comum entre projetos de música eletrônica: reforçar a escalação nas apresentações ao vivo. Para juntar-se ao time convidaram Wandeclayt M., integrante da banda eletrônica Aire'n Terre (www.myspace.com/airenterre) e há oito anos instalado em Santa Maria (O Aire'n Terre tem ainda membros em Madri e Nova York, compondo, gravando e interagindo via internet). E é ele quem nos conta um pouco da experiência de tocar num evento dessas proporções:

"A Euphorbia foi confirmada como banda de abertura apenas uma semana antes do show, foi quando me convidaram para subir ao palco junto com eles. Como músico convidado minha tarefa era disparar as bases, controlar os efeitos na voz do vocalista Messiah e junto com o tecladista Man-Machine tocar os sintetizadores. Bandas eletrônicas alternativas como o Aire'n Terre ou a Euphorbia estão acostumadas atocar em espaços pequenos e em casas noturnas sem estrutura para shows, sem equipe de apoio e a ter que cuidar de toda a produção de palco.

A mudança começa por aí. Ter uma equipe para equalizar e operar
a mesa de áudio, roadies para a montagem do maquinário e toda uma assessoria da produção nos deixaram livres para focar no que realmente interessava: música e performance. Infelizmente não pudemos contar com iluminação e projeções já que não seria possível desmontar tudo em tempo para o show principal, mas só o fato de tocar em um equipamento de altíssima qualidade e sob a assistência de experientes técnicos de palco já foi suficiente para valorizar bastante o show. Apresentar um estilo de música eletrônica pouco conhecido para um público de milhares de pessoas é também um ponto crucial. Abre espaço não apenas para a Euphorbia mas também para outros excelentes artistas que seguem no ostracismo - para citar algumas ótimas bandas nacionais: Harry, Bad Cock, DeadJump, Noxious Fraction. A resposta do público foi ótima, com boa repercussão na internet e gerando bons comentários na imprensa. Não seria irreal acreditar que bons frutos virão daí."



..

Nenhum comentário: