4.25.2007

Adios Los Hermanos?

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Os hermanos em seus trajes típicos



Como muitos já sabem, o Los Hermanos resolveu dar uma "parada" estratégica, como anuncia um comunicado no site oficial deles.

Eu não creio que seja uma "parada", mas sim o fim da banda. E tenho motivos sérios pra acreditar nisso, a começar pelo óbvio: os seus integrantes (notadamente a dupla de compositores, Amarante e Camelo), parece não estarem em uma mesma sintonia. Cada um está numa praia diferente, e estão tão bem nessa praia que não parecem querer sair dela.

O Amarante colaborando com uma galera da boa, seja com neo-hippie Devandra Banhart, o grande mestre dos guitarristas brasileiros Lanny Gordin, ou no seu projeto mais consolidado fora da banda, o conjunto de (neo?) samba Orquestra Imperial (Não conhece ainda? escuta aqui e vê se não é tão bom quanto o Los Hermanos)

O Camelo conquistando respeito como compositor "sério" da MPB, fazendo músicas para Maria Rita e outros, e dando uma de escritor indie em um blog (finado também, ao que parece) no Globo.com. Como se não bastasse, ele anda carregando o enorme fardo que é ser comparado à Chico Buarque, a única unanimidade brasileira que eu conheço - o futebol, outrora unanimidade máxima do brasileiro, já anda sendo ofuscado pelos olhos verdes do Chico, principalmente na cabeça/coração das nossas mulheres.


Na comunidade da revista Bizz no Orkut, um dos melhores lugares pra se discutir qualquer coisa nesse Brasil, o respeitado jornalista José Flávio Júnior, ex-Bizz e atual Bravo e Veja São Paulo, deu uma opinião sobre esse imbróglio todo:

Eu já sabia
A separação após o quarto disco estava nos meus prognósticos. Acho legal. Seria muito bom ouvir um solo do Amarante neste momento. Já do "Campelo" é tolice esperar algo decente.
(..) A banda realmente apresentou a MPB para uma geração (composta majoritariamente por idiotas, como tudo nessa vida) e ajudou a ampliar os horizontes do rock nacional. Não sei qual artista inserido nesse gênero, dentre os que habitam/habitaram o mainstream dos 80 para cá, tem no currículo um álbum tão impressionante quanto o Ventura.

Concordo em tudo que o Zé falou, só daria um pouco mais de crédito ao Camelo, afinal, apesar dos pesares, ele é um baita compositor.
O que enxe o saco na banda são os fãs malas, neo-hippies e comunistas de sandália nos pés, barba no rosto e merda na cabeça. Quem já foi em show sabe do que falo: aquela horda de fãs que parecem estar numa missa evangélica batendo palma para tudo que Deus (no caso, Deuses) fala, que levam tudo, de letra à postura no palco, com uma seriedade que não os faz enxergar o quanto é ridículo levar tão a sério qualquer banda ou artista, independente de sua qualidade.

(Querem uma mostra? entrem aqui e voltem depois pra ler o finalzinho)

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Se por acaso eles vierem a acabar, pelo menos deixaram três, quatro álbuns que estão entre os melhores dos últimos tempos no famigerado rock nacional. Me atrevo a dizer que dois desses, o Bloco do Eu Sozinho e Ventura, estão entre os 20 melhores de todo o rock nacional.
Mais atrevimento ainda, o Ventura, em um futuro não tão breve, estará nas cabeças da disputa entre os melhores discos dos anos 00. Já tem meu voto.

Caso alguém não conheça a banda ainda, vale apena baixar aqui esses dois discos, clicando no nome de cada um.

Bloco do Eu Sozinho
Ventura

Aproveitem enquanto é tempo.

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