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Em tempos de redes ligando tudo e todos, a discussão em torno da falência da indústria fonográfica e da busca por novas formas de comercialização na música tem ganhado merecido destaque. De artistas à consumidores, todos querem saber o que vai ser da música nesta "nova era" das redes digitais, embora ninguém tenha uma resposta pronta para o assunto.
Pois bem. Achei um interessante debate sobre o assunto no
blog do Alexandre Matias, jornalista do excelente
caderno Link, do Estadão, e colaborador de diversas revistas musicais e culturais do país. O debate é parte de uma matéria da revista
Dj Mag, especializada em música eletrônica.
A publicação uniu Matias à
Luis César Pimentel, diretor de conteúdo do
MySpace Brasil,
Carlos Eduardo Miranda, produtor musical, jurado do "Ídolos" e figuraça da cena musical brasileira,
Gonçalo Vinha e
Paulo Rodrigo Sbrighy, sócios no selo especializado em música eltrônica
Offbeat, e
Renato Cohen, produtor musical - todos na foto abaixo - para debater o assunto.
Selecionei alguns trechos que me chamaram atenção e vou colocá-los aqui abaixo, mas vale dizer que todo o debate é interessante. Quem quiser ver a matéria completa, ou quase isso, clique
aqui.
Sobre o MySpace:
"Miranda - Pra mim, o grande mistério do MySpace é o novo perfil de artista, que hoje não é mais o cara da limusine e do pedestal, é um cara igual à gente, que está ali ouvindo os outros artistas também. O bom é que se tenho uma página ali e adoro tal artista, vou até a página dele e o convido para ser meu amigo. E ele aceita! Sou amigo do meu artista, está escrito lá, "Add friend". Aí, entro na rede de relacionamentos dele e vejo um monte de gente que conhece coisas que não conheço. Começo a fuçar e aquilo vai se transformando num universo tão grande de novidades que eu queria ser uns dez pra poder aproveitar bem."
Sobre novos formatos de comercialização da música:
" Renato - Estou com uma gravadora européia e talvez nem saia em CD, só em vinil e mp3. Vou lançar CD só no Brasil. O CD não quer dizer mais nada. Na Europa é basicamente mp3 e vinil, porque ainda tem gente que faz questão."
"Matias - Logo que apareceu o mp3, muita gente baixou uma quantidade enorme de músicas com medo de que logo aquilo acabasse."
"Miranda - Pegar música de graça, o cara vai e pega. Agora, qual música? Se eu sei que tem um lugar que vou onde sou muito bem recebido, onde conhecem meu gosto, é rápido, me diverte e ainda é barato, é claro que eu pago pelo serviço. Não pago para ter a música, mas sim pra chegar até ela. É isso que ninguém entendeu, ainda está todo mundo querendo vender a música. Quando falo da morte do CD, não estou querendo dizer a morte do CD, mas sim da venda de um suporte único. Mas essa indústria continua cega, achando que tem que vender a coisa e não o caminho até ela."
Então, qual será o futuro da distribuição musical?
"Miranda - Acho que tem muito a ver com os sites que têm as músicas em streaming. mp3 está quase virando passado. Acredito que deva ser cobrado como TV a cabo: você paga uma taxa e ouve à vontade. E ainda tem a vantagem de que não precisa guardar as músicas em um HD. Se tiver streaming de alta qualidade, o futuro será esse."
"Matias - Tem um livro que se chama The Future of Music, de 2004, escrito a partir de um conceito do Bowie de que no futuro a música vai ser como água. Mas onde você abre uma torneira, seja na rua ou na sua casa, tem um imposto que você está pagando. Acredito cada vez mais que é isso que vai acontecer com a música. O lance é descobrir quem é que vai cobrar por isso, se vai ser o provedor de acesso, se vai ter um serviço, ou se as próprias gravadoras vão oferecer e cobrar como um sistema de assinaturas".
A discussão é boa a não se finda rápido, como toda boa discussão.
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