Numas andadas RS afora, achei um sebo cheio de revistas de música antigas, a maioria do período que vai do final dos anos 80 até o início dos 90. Comprei algumas Bizz de 1992, inclusive a de aniversário de sete anos, que vem com o Pearl Jam na capa.
Dá uma olhada num trecho do editorial, escrito pelo saudoso André Forastieri:
Lendo a resenha sobre o show do PJ em Los Angeles, comecei a ter uma certa nostalgia de uma época que nem vivi, já que era novo demais pra acompanhar certas bandas como o Pearl Jam, chamadas de "pauleira" na época (até hoje a banda é chamada assim, pelos mais incautos).
O grunge nem era lá muita "revolução", nem as bandas eram todas excelentes, mas, ainda assim, é inevitável perceber que hoje o cenário é muito pior - afinal, o que sobra de bom hoje no rock que pode se comparar com coisas daquela época?
Strokes? Franz Ferdinand? Coldplay?
Não, não, nem sombra.
Antes que comecem a me chamar de velho saudoso, também pode se comparar as bandas dos idos de 92 com as de 1980, 1970, 1960 - só não vale os anos 50 porque são os da gestação do rock.
A constatação é a mesma de hoje: por melhor que sejam, Pearl Jam, Nirvana, Soundgarden não fazem sombra a pesos pesados como U2, Led Zeppelin, Beatles, Pink Floyd.
O que isso quer dizer?
Nada de mais: ou, talvez, que a cada ano os "bons tempos" vão piorando um pouco. Ou:
a) será que a exigência é que vai aumentando, já que as possibilidades criativas vão se esgotando e tudo começa a se repetir ad infinitum?
b) Ou nós é que temos tendência de achar que tudo que é feito antes é melhor do que agora?
c) Ou que precisamos de tempo para reconhecer a importância e a qualidade de nossas manifestações culturais (a música, como exemplo)?
Não sei, e ainda é cedo para se ter qualquer certeza à respeito - se algum dia se terá, também não saberei.
Enquanto isso, fique com o clipe de "Alive", do Pearl Jam, de 1991. Depois, um trecho da resenha da Bizz 84, de julho de 1992, aquela que eu me referi no início do post, com direito a uma citação hilária de farpas mandadas por Kurt Cobain para o PJ.
(Alguém imagina uma banda atual fazendo um clipe ao vivo em um show que seja tão empolgante quanto parece ter sido este do Pearl Jam?)
Veja a resenha:
"
O Pearl Jam veio em seguida, em meio a um crescimento de popularidade fabuloso que já o consagrou como "the next big thing" a ter saído de Seattle. O PJ foi violentamente atacado por Kurt Cobain, acusado de agente oportunista do mainstream que se inflitrava na alma (pura?) do underground, sem valor musical, ideológico ou artístico.
Pura demagogia de superstar patrulhinha, papo de doidão metido a estadista: O Pearl Jam é uma das melhores bandas americanas em atividade, e ao vivo bota no bolso grande parte da competição, inclusive o trio do Sr. Cobain (visto pela última vez fazendo papel de malditinho para a platéia do programa humorístico Saturday Night Live ... vamos parar de cruzadas e relaxar?)
O Pearl Jam apresentou uma versão hiperabreviada de seu show normal, enfatizando as chamadas "crowd pleasers" "Alive","Once", e "Porch", durante a qual Vedder (...) "nadou" sobre a platéia, um expediente que se repete ad nauseam, junto com seu hábito de começar o show de boné para, vai das tantas, tirá-lo com um golpe de pescoço.
Por vezes, Mike McCready tem lá uns ataques de Richie Sambora (guitarrista do Bon Jovi), mas passa logo, e a sessão rítmica da banda - o baixista Jeff Ament e o baterista Dave Krusen - é simplesmente letal.
Se o PJ passar algum dia pela sua frente, não perca.
"
Bizz 84, julho de 1992
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2 comentários:
Oi Leonardo,
teu blog é muito legal. O comentário do show dos cascavelltes foi massa.
Se der dá uma passada lá no meu blog para dar uma olhada.
Abração
Tchê, divulguei o lance aquele do gibi do Batman no meu blog. Abraço. E valeu pela pauta.
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