5.10.2007

Contadores de Histórias (2)

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D
ando continuidade, e finalizando, a série "Contadores de Histórias", dois ótimos álbuns de artistas bastante distintos, Grant Lee Buffalo e Van Morrison, que também foram indicados na matéria para o jornal Rascunho, da Cesma.


Van Morrison – Astral Weeks


Van Morrison tinha 23 anos em 1968, ano de lançamento de "Astral Weeks". Já andava em carreira solo (depois do fim de sua banda de blues/rock Them) e também já tinha composto um de seus principais hits, “Brow eyed girl”, um ano antes, junto de mais 12 músicas presentes no seu primeiro álbum solo, “Blowin' your mind”.
Mas Van estava confuso, provavelmente por aquele que é o principal motivo de um homem estar confuso: divergências com a(s) mulher (es) amadas. E foi a partir dessa confusão que, em 48 horas de dezembro de 1968, as oito músicas de “Astral Weeks” foram gravadas.

Talvez mais do que um disco, “Astral”, funciona como uma terapia, uma viagem às feridas abertas no interior de cada um. É como se fosse Van, diante de um espelho que mostra todas as coisas que o afligiam, gritasse desesperadamente para achar uma saída, e, não encontrando nada melhor, resolvesse entrar no próprio espelho, para, chegando lá, se surpreender e ver que aquilo que o afligia não pode ser curado nem compreendido por inteiro. O relato dessa viagem pelo espelho, e sua conseqüente redenção ao assumir a dor, seriam as oito músicas do álbum.

Como poucos, o irlandês não grita, nem berra; uiva os seus lamentos. Sua voz, imponente como dos grandes cantores de blues e R&B, guia cada uma das faixas do disco, deixando a parte instrumental como um limpa-trilho que abre passagem para o vozeirão de Van invadir cenários e climas diferentes – quando, por vezes, o mesmo não arranca primeiro e destrói tudo pela frente, restando para a parte instrumental a ingrata tarefa de avisar aos destroçados que aquilo trata-se de apenas uma canção.

Faixas:

Lado A

  1. "Astral Weeks" – 7:00
  2. "Beside You" – 5:10
  3. "Sweet Thing" – 4:10
  4. "Cyprus Avenue" – 6:50

Lado B

  1. "The Way Young Lovers Do" – 3:10
  2. "Madame George" – 9:25
  3. "Ballerina" – 7:00
  4. "Slim Slow Slider" – 3:20

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Grant Lee Buffalo – Fuzzy

O Grant Lee Buffalo foi uma de muitas bandas surgidas na virada dos anos 80 para os 90 que se beneficiaram do espaço aberto ao rock alternativo graças ao "boom” do “Nevermind”, o clássico segundo disco do Nirvana. A banda encerrou as atividades em 1998, e hoje o líder do Buffalo, Grant Lee Philips, leva uma elogiada carreira solo.

Fuzzy, o debut da banda, lançado em 1993, é um disco de difícil classificação, a começar pela sonoridade: a banda mistura guitarras barulhentas com violões límpidos, glam-rock com country, folk com piano típico dos saloons, até mesmo um vocal a lá soul music se mescla com gritos angustiados e melódicos, todos elementos surpreendentemente bem casados e dosados. Tudo isso parece estar em prol de contar uma história, como se o disco inteiro fosse um filme épico de amor nunca filmado.

Entre as 11 faixas, destaco aqui uma em especial: a música que dá nome ao disco, Fuzzy. Ela é levada toda no violão, num arranjo bastante simples que parece patrulhar o caminho para a entrada da letra, melancólica e surreal, cheia de imagens e metáforas, uma espécie de envergonhada declaração de amor a uma amada impossível. O falsete de Philips no refrão, cantando “I lied to/I’m fuzzy”, é um daqueles trechos que faz a pessoa se arrepiar com gosto.

Faixas:

  1. "The Shining Hour" – 3:53
  2. "Jupiter And Teardrop" – 5:57
  3. "Fuzzy" – 4:59
  4. "Wish You Well" – 3:30
  5. "The Hook" – 4:13
  6. "Soft Wolf Tread" – 2:52
  7. "Stars 'N' Stripes" – 4:43
  8. "Dixie Drug Store" – 5:07
  9. "America Snoring" – 3:39
  10. "Grace" – 6:15
  11. "You Just Have To Be Crazy" – 3:35
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Um comentário:

Alvaro Augusto disse...

Olá Leonardo, já vi que temos algo em comum, escrever sobre "música".

Embora muitas vezes seja um assunto espinhoso, passa a ser interessante e divertido quando gostamos não é mesmo...??

Resolvi escrever nesse blog, porque traz matérias muito interessante sobre música.

Quando visitar o blog "Industria Musical" será sempre bem vindo..

Abs!