10.17.2006

Os castelhanos e suas belas melodias (e letras)

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É sabido que, infelizmente, o brasileiro médio conhece muito pouco do rock argentino. Não tão sabido é que o argentino - e o uruguaio, chileno, colombiano... - conhece o nosso rock e a nossa música em geral muito mais do que conhecemos a deles. A ponto de novo álbum do Chico Buarque ter uma resenha na edição deste mês da Rolling Stone Latino América. Tudo bem, Chico Buarque é quase uma unanimidade por aqui, e em toda a América Latina são poucas as unanimidades no mundo da música. Mas o que faz a diferença é o tom da resenha, que trata o novo álbum do artista, Carioca, como um "velho conhecido", usando termos e informações que muitos de nós brasileiros nem sabemos - e olha que o Chico constanstemente é citado como o "maior" brasileiro vivo, o "grande artista nacional", entre outros exageros (?) que usam para designar o compositor.


Outro exemplo: o Los Hermanos recentemente esteve fazendo show em Buenos Aires. No dia do show, quinta-feira 5 de outubro, saiu uma bela matéria sobre a banda no Clarín, o mais vendido jornal argentino. Bela matéria mesmo, explicativa, contando toda a história da banda até então, desde as polêmicas com "Anna Júlia" até o recente álbum, 4. Quando que se viu algo desse tipo sobre uma banda argentina em qualquer jornal brasileiro? Pelo menos aqui no sul, há algum tempo que rock argentino - e castelhano, por tabela - é o Fito Paez, e, em menor escala, o Charly García . (Esses dois são monstros sagrados na Argentina, desde o final dos anos 70 e início dos 80 na ativa). Só duns tempos pra cá que o Jorge Drexler, que é mais próximo da nossa mpb que do rock, vem ganhando algum destaque por aqui - mas, convém realçar, que esse destaque é mundial, e ele só ganhou espaço no Brasil porque ganhou espaço no mundo inteiro também.







Mas, enfim, essa é apenas a introdução, o assunto principal é a banda argentina Estelares. Formada no início da década de 90 pelos platenses (da cidade de La Plata, perto de Buenos Aires) Manuel Moretti (guitarra, voz e a maioria das composições) e Víctor Bertamoni (guitarra), os Estalares pertencem a uma tradição bastante forte na Argentina, o rock de guitarras possantes, melodías pop e letras de amores perdidos/conquistados. Algo como o power-pop - de bandas como Big Star e a sua afiliada mais direta, a escocesa Teenage Fanclub -, onde as melodias parecem sempre querer ficar na cabeça de quem escuta. É um "estilo" que teve como grande expoente os Beatles em sua fase inicial, 63-66, onde as letras versavam exclusivamente sobre o amor, e as melodias eram, na falta de termo melhor, o epíteto do "pop" - belas, grudentas, bem feitas, guitarras, bateria, baixo e principalmente vocais harmoniosamente encaixados de modo a provocar um bem-estar em quem escuta.


Os Estelares se filiam a essa tradição com louvor, mas também, como argentinos que são, vão além, misturando influências dos grandes poetas tangueiros nas letras, que por vezes lembram narrativas boemias de um beatnik apaixonado. No quarto álbum da banda, o recém-lançado Sistema Nervioso Central, o vocalista Moretti abusa da primeira pessoa, por vezes até se citando nas canções, como em "Ella dijo", que conta a história de uma mulher que só quer ir para cama com o vocalista, e nada mais que isso. A letra, auxiliada pela bela melodia levada no violão, funciona como um conto de amor nos tempos modernos, onde Moretti explode - vagarosamente, diga-se - no refrão cantando, agora em 3º pessoa, "eu disse que tu não és o meu amor", como se fizesse um desabafo depois de um bom tempo de conversa recheada de uma absurda tensão sexual.


Outra canção marcante do disco é "Um día perfecto". Como nos melhores momentos das melodias power-pop, ela anima, dá esperança até mesmo para aquele depressivo no mais melancólico dos dias - ou, então, cria esperança mesmo para o sujeito depois de mais um fora da sua tão amada e desejada musa.

Em "El corazón sobre tudo", a letra é tão romântica que, para nós brasileiros, destoa para o brega. Não que isso seja um problema: mesmo por aqui, os retratos mais fiéis dos apaixonados talvez tenham sido produzidos pelos compositores da dita canção popular, ou brega até: Roberto e Erasmo Carlos, Odair José, Bruno e Marrone, dentre outros. Nada mais natural, pois as situações de desencontros amorosos acontecem em um ambiente imerso de referências ao brega, e o exagero, que talvez seja uma das principais características do estilo, ganha ares de normalidade nestes casos.


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Para escutar algumas músicas dos outros discos da banda, entre no site da banda.


Ou então baixe as três abaixo:

"Ardimos"

"Un día perfecto"

"Ella dijo".



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3 comentários:

Anônimo disse...

hmmmmm
estelares eu nao conheço mas vo ve se baixo algo deles
gosto mt duma banda argentina chamada "attaque 77"
achei ateh q tu iria falar deles ehehe

Pró-Música disse...

Leonardo

Valeu pelo apoio cara! O Pró-Música é bem aberto. Se tu quiser nos sugerir pautas o dar algumas dicas, estamos sempre abertos. Principalmente por se tratar de uma pessoa que como agnt ama música!

Muito massa teu blog! Em Santa Maria, publicações vomo essas são raras!

Espero que goste do Pró-Música! O dia que quiser aparacer em uma das nossas gravações, fique a vontade!

Abraço!!!

Willian Araújo
willian186@hotmail.com

Anônimo disse...

Oi! eu sou Argentino e eu gosto muito da banda "estelares" eu esuto tudos os dias e e mi banda preferida... saludos e poden esutar minha musica tamben na siguemte pagina: www.purevolume.com/bondomusica


andresb_turismo@HOTMAIL.COM

perdon por mi portugues malo!



Bondo