6.17.2008

Revival particular (1): Alive

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O
revival anos 90 está ensaiando faz um tempo para entrar de vez, embora iniciativas como o Almanaque Anos 90, do Sílvio Essinger, estejam aí para mostrar que não se está mais ensaiando coisa nenhuma, e que até mesmo musicalmente já se está revendo - com olhos mais caridosos, naturalmente - a década passada.


É natural que isso aconteça, já que o revival anos 80 e suas inúmeras festas derivativas da Ploc original estão cansando - muito embora elas estejam cansando pela obviedade de suas opções, não porque os anos 80 não tenham material suficiente para sustentar festas e iniciativas deste tipo.

Mas o que as vezes se esquece é que estes ciclos de repetição cultural, além de serem comuns à natureza humana desde seu princípio, são também ciclos de realimentação. Longe de estar morta, a criatividade está no deglutir o passado e formatá-lo de acordo com as questões culturais do presente.

Num momento em que se tem mais e melhor acesso ao passado recente, como a internet proporciona ao atual, nada mais natural e óbvio que recriar esse passado recente das mais diversas formas, sejam elas com mais ou menos carga de originalidade.

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Dito isso, quero fazer um revival particular: resgatar o vídeo de uma das (ainda) grandes músicas da minha vida, em sua versão acústica e tão boa quanto a original: "Alive", do Pearl Jam.



Alive virou hino de um pessoal que cresceu - e talvez aprendeu - a escutar música com o grunge e seus principais nomes: Nirvana, Soundgarden, Alice in Chains e o próprio Pearl Jam. Está tão ligada a este período do início da década de 1990 quanto, talvez, esteja "Stairway to Heaven" do Led Zeppelin ao anos 1970, ou "Boys Don't Cry", do The Cure, aos anos 1980.

Como toda música símbolo de uma uma geração, Alive também foi escutada a uma exaustão que, para muitos, a desqualificou como música de qualidade. Mas é inegável assumir que ela tem todos os elementos de uma excelente música: sua introdução instrumental, tão marcante quanto suficiente para reconhecimento imediato da música, cria a expectativa necessária para o primeiro primeiro verso - "Son, 'she said, Have I got a little story for you" - , gritado-cantado por Eddie Vedder com a urgência de que a letra pede; o refrão é explosivamente pop, três power chords acompanhando a melodia e assessorando o canto - "I'm still aliveeee" - que ecoa como um brado de libertação de uma alma traída.

O longo solo de Mike McCready, melodioso e também virtuoso, finaliza a música com o tipo de caos que se previa desde o início: genuíno, transparente e, acima de tudo, libertador, como só poderia ser uma música que se chama "Alive".


P.S: A foto que abre este post é Eddie Vedder dando um baita mosh, tirada daqui.


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