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O trompetista Miles Davis (1926-1991) foi, talvez ao lado de Louis Armstrong , o maior nome da história do jazz. Mais do que isso, sua constante vontade de querer inovar o transformou num dos grandes personagens da música do século XX, servindo de modelo, tanto na parte musical quanto na de comportamento, para toda uma geração.
Músico polêmico, inventivo, e por vezes contraditório, Miles começou a carreira ainda no final dos anos 40 tocando o be-bop, gênero que privilegia os pequenos conjuntos e os solistas de grande virtuosismo. Em 1949, com o álbum Birth of Cool, criou o cool jazz, um estilo mais suave e contido do que o bebop.
De meados da década de 50 até os 60, liderou um dos maiores sextetos da história do jazz, com, entre outros virtuoeses no piano, contrabaixo e bateria, o mestre John Coltrane no sax tenor e Julian "Cannonball" Adderley no sax alto. Dessa parceria nasceu o álbum Kind of Blue, que, comprovando a aura superlativa de Miles, é considerado o melhor album de jazz já gravado.
Lançado em 1959 pela gravadora Columbia, o disco tem seis temas, na ordem: So What, Freddie Freeloader, Blue in green, All blues, Flamenco Sketches e Flamenco Sketches (alternative take) .
Apesar de levar uma foto de Miles na capa e o disco estar em seu nome, há espaço para cada músico do sexteto usar de seu talento para solar, solar e solar, sem que isso se torne chato ou cansativo. As improvisações se alternam de maneira tão harmoniosa que, às vezes, nem se percebe a troca do instrumento que está solando - mas daí é porque já se está dentro do clima de suavidade, romantismo e tranquilidade que desde o início a música de Kind of Blue parece instaurar.
Se parasse a carreira depois de Kind of Blue Miles já poderia ser dar por satisfeito. Mas dez anos depois, Miles promoveria outra revolução no jazz: unindo camadas de percussão, teclados, sopros e guitarra, em 1969 é lançado o álbum Bitches Crew, uma mistura pra lá de ousada de jazz com rock que acabou criando um novo estilo: o fusion.
Faixas ;
1 - So What (9:25) - Clique aqui pra baixar.
Um início devagar, com um fraseado de contrabaixo marcante e viciante. Um meio explosivo, com cada instrumento não economizando nas notas para solar. Um final também devagar, com o mesmo baixo sumindo aos poucos, levando todo o resto junto.
2 - Freddie Freeloader (9:49)
3 - Blue in green (5:37) - Clique aqui para baixar.
Romantismo embalado por belos solos de Sax. Coltrane e Cannonball, como que guiando um casal ao amor ainda não descoberto, tocam lentamente cada nota, enquanto o piano e o contrabaixo se encarregam de dar o ritmo, como se estivessem pavimentando o caminho para o entendimento do casal.
4 - All blues (11:35)
5 - Flamenco Sketches (9:26) - Clique aqui para baixar.
Outra faixa mais lenta, romântica, com os saxofones na linha de frente e Miles atrás, como um maestro, conduzindo o grupo.
6 - Flamenco Sketches (alternative take) (9:31)
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7.31.2006
7.28.2006
Reportagem (5): A família Subupira
.
Ao fundo, o baterista Ivo e o guitarrista Seco. Na frente, o vocalista Marnei e o baixista Guilherme
Subupira e seus 5 anos de estrada no rock de Santa Maria, retratando a dura realidade nacional através do hardcore, reggae, rock, blues...
Na rua dos Andradas, ao lado da lanchonete “Pastelão” e encostado num salão de cabeleireiro, uma grade marrom separa a calçada de um pequeno corredor, que leva a casa dos irmãos Pereira da Costa: Ivo, 25 anos, e Marnei, 28. Adentrando, um quadro do Led Zeppelin na parede e uma flâmula verde escrito “Subupira” em preto, logo acima da televisão da pequena sala, denuncia o que até já fora anunciado antes, por telefone: ali está o quartel-general da banda Subupira.
No início de uma manhã fria de terça-feira, estão sentados na sala os irmãos Ivo, baterista, e Marnei, vocalista e guitarrista, juntamente com o outro guitarrista Flabiani (Seco), 29 anos. O outro integrante da banda, Guilherme, 20 anos, o baixista, chega alguns minutos depois, vindo diretamente do seu trabalho no Conselho Tutelar. Banda completa, a conversa começa. Não é preciso fazer perguntas; os próprios integrantes começam a falar sobre a banda, enquanto o mate passa entre os presentes na sala.
Formada em maio de 2001, pelo guitarrista Márcio, que não toca mais junto com eles, a Subupira teve seu “auge” no ano de 2002, onde ficou classificada entre as quatro finalistas do finado festival “Mostra Rock”, organizado pela Secretaria de Cultura do Município. De lá pra cá, a inconsistência dos baixistas que passavam pela banda acabou atrapalhando futuros contatos pra show, como conta o baterista Ivo:
_ Nós ficávamos naquela expectativa, aparecia alguém para tocar e depois logo desaparecia, daí ficava difícil.
Até que, há cerca de um ano atrás, Guilherme veio de Rosário do Sul para estudar em Santa Maria. No primeiro ensaio, no próprio quartel-general da banda, se esqueceu do baixo. Voltou para sua cidade, garantindo que retornava – para buscar o baixo e tocar na banda. Não demorou muito, ele veio novamente a cidade e assumiu,em definitivo, o posto de baixista da Subupira.
Na hora de definir a sonoridade da banda, a dúvida geral. O baterista Ivo coloca no aparelho de som um Cd gravado em um dos muitos ensaios. A primeira música lembra Chico Science e Nação Zumbi, principalmente pelo vocal e pelo balanço do som da guitarra. A segunda é um hardcore não tão rápido, mas com uma letra gritada pelo vocalista. A terceira é como um misto das duas. E a quarta é um blues com uma levada reggae(!).
_ É difícil de rotular mesmo. Mas é rock’roll - diz o baixista Guilherme.
Se o som é difícil de definir, as letras são, em sua maioria, de críticas a realidade em que eles vivem e vêem diariamente.
_ Fiz a letra de Casebre quando andava pela rua e vi um mendigo sem casa, e pensei: pelo menos eu tenho algo pra morar, um casebre que seja - conta o vocalista (ou “goela” da banda, como ele mesmo se define) Marnei.
Ainda assim, há espaço para outras temáticas: a exaltação dos costumes gaúchos no” blues gaudério” Nosso chão e a “ode bebum” Velho Barreiro, onde a letra é composta pelo que está escrito no rótulo da famosa cachaça – os dois guitarristas, numa sessão pra lá de etílica, conseguiram rimar as palavras do rótulo.
Já perto do meio dia, um cheiro de comida sendo feita é sentido no quartel-general da Subupira. Marnei tem que trabalhar às 13h, e enquanto conversávamos, foi para o fogão preparar um feijão com arroz. O cheiro é dos bons. O vocalista avisa que a comida está pronta e serve seu prato, enquanto os outros integrantes se preparam para ir embora. A conversa continua, e como se quissesse encerrar bem a entrevista, o baterista Ivo diz:
_ Mesmo depois de um dia cansativo de trabalho, a gente sempre arruma um tempinho para tocar. É como nosso futebolzinho de fim de semana.
- Jornal A Razão, 4 de maio de 2006 (com modificações) -
..
***
Curiosidade:
_ O nome Subupira vem de um antigo Quilombo, localizado na região dos palmares.
Contatos:
_ Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2046554
_ Site: subupira.myflog.com.br
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Ao fundo, o baterista Ivo e o guitarrista Seco. Na frente, o vocalista Marnei e o baixista Guilherme
Subupira e seus 5 anos de estrada no rock de Santa Maria, retratando a dura realidade nacional através do hardcore, reggae, rock, blues...
Na rua dos Andradas, ao lado da lanchonete “Pastelão” e encostado num salão de cabeleireiro, uma grade marrom separa a calçada de um pequeno corredor, que leva a casa dos irmãos Pereira da Costa: Ivo, 25 anos, e Marnei, 28. Adentrando, um quadro do Led Zeppelin na parede e uma flâmula verde escrito “Subupira” em preto, logo acima da televisão da pequena sala, denuncia o que até já fora anunciado antes, por telefone: ali está o quartel-general da banda Subupira.
No início de uma manhã fria de terça-feira, estão sentados na sala os irmãos Ivo, baterista, e Marnei, vocalista e guitarrista, juntamente com o outro guitarrista Flabiani (Seco), 29 anos. O outro integrante da banda, Guilherme, 20 anos, o baixista, chega alguns minutos depois, vindo diretamente do seu trabalho no Conselho Tutelar. Banda completa, a conversa começa. Não é preciso fazer perguntas; os próprios integrantes começam a falar sobre a banda, enquanto o mate passa entre os presentes na sala.
Formada em maio de 2001, pelo guitarrista Márcio, que não toca mais junto com eles, a Subupira teve seu “auge” no ano de 2002, onde ficou classificada entre as quatro finalistas do finado festival “Mostra Rock”, organizado pela Secretaria de Cultura do Município. De lá pra cá, a inconsistência dos baixistas que passavam pela banda acabou atrapalhando futuros contatos pra show, como conta o baterista Ivo:
_ Nós ficávamos naquela expectativa, aparecia alguém para tocar e depois logo desaparecia, daí ficava difícil.
Até que, há cerca de um ano atrás, Guilherme veio de Rosário do Sul para estudar em Santa Maria. No primeiro ensaio, no próprio quartel-general da banda, se esqueceu do baixo. Voltou para sua cidade, garantindo que retornava – para buscar o baixo e tocar na banda. Não demorou muito, ele veio novamente a cidade e assumiu,em definitivo, o posto de baixista da Subupira.
Na hora de definir a sonoridade da banda, a dúvida geral. O baterista Ivo coloca no aparelho de som um Cd gravado em um dos muitos ensaios. A primeira música lembra Chico Science e Nação Zumbi, principalmente pelo vocal e pelo balanço do som da guitarra. A segunda é um hardcore não tão rápido, mas com uma letra gritada pelo vocalista. A terceira é como um misto das duas. E a quarta é um blues com uma levada reggae(!).
_ É difícil de rotular mesmo. Mas é rock’roll - diz o baixista Guilherme.
Se o som é difícil de definir, as letras são, em sua maioria, de críticas a realidade em que eles vivem e vêem diariamente.
_ Fiz a letra de Casebre quando andava pela rua e vi um mendigo sem casa, e pensei: pelo menos eu tenho algo pra morar, um casebre que seja - conta o vocalista (ou “goela” da banda, como ele mesmo se define) Marnei.
Ainda assim, há espaço para outras temáticas: a exaltação dos costumes gaúchos no” blues gaudério” Nosso chão e a “ode bebum” Velho Barreiro, onde a letra é composta pelo que está escrito no rótulo da famosa cachaça – os dois guitarristas, numa sessão pra lá de etílica, conseguiram rimar as palavras do rótulo.
Já perto do meio dia, um cheiro de comida sendo feita é sentido no quartel-general da Subupira. Marnei tem que trabalhar às 13h, e enquanto conversávamos, foi para o fogão preparar um feijão com arroz. O cheiro é dos bons. O vocalista avisa que a comida está pronta e serve seu prato, enquanto os outros integrantes se preparam para ir embora. A conversa continua, e como se quissesse encerrar bem a entrevista, o baterista Ivo diz:
_ Mesmo depois de um dia cansativo de trabalho, a gente sempre arruma um tempinho para tocar. É como nosso futebolzinho de fim de semana.
- Jornal A Razão, 4 de maio de 2006 (com modificações) -
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Curiosidade:
_ O nome Subupira vem de um antigo Quilombo, localizado na região dos palmares.
Contatos:
_ Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2046554
_ Site: subupira.myflog.com.br
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7.22.2006
Duas músicas
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Grant Lee Philips é ex-vocalista e guitarrista do Grant Lee Buffalo, uma das melhores bandas dos anos 90 que apareceu nos EUA. "Nineteeneighties" é o recém-lançado álbum solo do vocalista - o quarto desde 2000, quando o Buffalo acabou. Para gravar o novo disco, Grant Lee pinçou algumas músicas dos anos 80 e 90 que o influenciaram, e fez a sua interpretação delas. "Wave of Mutilation" (clique aqui para baixar), dos Pixies, é a primeira faixa. Dono de uma voz suave e poderosa, que combinam emoção e lirismo como poucas, o vocalista transforma "Wave of Mutilation", incialmente um mezzo punk rock mezzo new-wave guitarreiro anos 80 com uma letra sem noção, em uma tranquila canção de barzinho, voz, violão, guitarra e bateria calmamente tocados sem, aparentemente, qualquer compromisso. Desacelera tanto a música que quase a recompôe, desta vez como uma bela balada para se escutar e ficar tranquilo.
Luiza Maria é uma cantora brasileira que gravou um único disco, "Eu queria ser um anjo", em 1975, e deixou para a posteridade uma interessante mistura de rock'roll, psicodelia e ritmos brasileiros, tudo isso emoldurado por uma voz indefectível de cantora da soul music negra americana. A primeira faixa do cd, "Na casca do ovo" (clique aqui para baixar),é como uma mostra de tudo isso; tem o rock no ritmo e no solo de guitarra, a psicodelia em alguns detalhezinhos na parte intrumental, a gaiatice na letra, o auto-astral na levada - e tudo isso embrulhado no conhecido DNA nomeado "música brasileira".
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Grant Lee Philips é ex-vocalista e guitarrista do Grant Lee Buffalo, uma das melhores bandas dos anos 90 que apareceu nos EUA. "Nineteeneighties" é o recém-lançado álbum solo do vocalista - o quarto desde 2000, quando o Buffalo acabou. Para gravar o novo disco, Grant Lee pinçou algumas músicas dos anos 80 e 90 que o influenciaram, e fez a sua interpretação delas. "Wave of Mutilation" (clique aqui para baixar), dos Pixies, é a primeira faixa. Dono de uma voz suave e poderosa, que combinam emoção e lirismo como poucas, o vocalista transforma "Wave of Mutilation", incialmente um mezzo punk rock mezzo new-wave guitarreiro anos 80 com uma letra sem noção, em uma tranquila canção de barzinho, voz, violão, guitarra e bateria calmamente tocados sem, aparentemente, qualquer compromisso. Desacelera tanto a música que quase a recompôe, desta vez como uma bela balada para se escutar e ficar tranquilo.
Luiza Maria é uma cantora brasileira que gravou um único disco, "Eu queria ser um anjo", em 1975, e deixou para a posteridade uma interessante mistura de rock'roll, psicodelia e ritmos brasileiros, tudo isso emoldurado por uma voz indefectível de cantora da soul music negra americana. A primeira faixa do cd, "Na casca do ovo" (clique aqui para baixar),é como uma mostra de tudo isso; tem o rock no ritmo e no solo de guitarra, a psicodelia em alguns detalhezinhos na parte intrumental, a gaiatice na letra, o auto-astral na levada - e tudo isso embrulhado no conhecido DNA nomeado "música brasileira".
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7.20.2006
Reportagem (4): Rock'roll em videoclipe
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Do curta santa-mariense Rock’roll nasceu o videoclipe “As coisas que eu te disse ontem”, da banda gaúcha Vera Loca
No intervalo da primeira noite do 5º Santa Maria Vídeo e Cinema (festival de curta-metragens que acontece na cidade uma vez ao ano, em julho), o burburinho no hall do Teatro onde os curtas foram exibidos eram todos praticamente no mesmo tom : "como tão bons os curtas locais desse ano". Um dos seis curtas que já havia sido exibido e que causou a boa impressão ao público foi "Rock'roll", produzido no curso de Extensão em Cinema Digital da UFSM, e que na última noite do festival ainda acabou com os prêmios de melhor edição, melhor ator, melhor direção de arte e melhor direção de fotografia, todos na mostra de Santa Maria.
"Rock'roll" foi escrito e dirigido pelo estudante de Desenho Industrial da UFSM, Luis Fernando Rodrigues (mais conhecido como "Amarello"), baseado num conto do escritor local Márcio Grings. Uma das formas mais sucintas de resumir a história do curta poderia ser: homem conhece garota e se ilude. Mas como essa frase pode ser sujeita as mais variadas (e equivocadas)interpretações, um melhor resumo da história é: "Elmo, um aspirante a escritor, conhece uma garota num bar e depois de uma parte da noite junto dela, não a vê novamente por um tempo. Tenta achá-la no mesmo local, mas ela não está lá; há anos sem beber, desiludido, ele encontra na bebida um afago para os seus sentimentos atingidos".
Como era de se esperar, a referência do título do filme está presente em cada minuto do vídeo - a casa de Elmo, por exemplo, decorada com vários pôsters, cartazes e Lp’s de grandes nomes do rock, é um verdadeiro altar ao gênero. A trilha do curta tem clássicos de ícones como Jimi Hendrix e Bob Dylan, mas também bandas nacionais, como a Casa das Máquinas (da música “Casa do rock’roll”, presença certa em uma conhecida boate estudantil da cidade) e a Vera Loca, que entrou com “As coisas que eu te disse ontem”, do mais recente álbum do grupo, “Distúrbios de Amor e Rock’roll. Amarello explica melhor como a música surgiu no curta:
“ Eu já tinha contato com o Fabrício, vocalista da banda, desde que ele morava em Santa Maria. Antes de ficar pronto o novo Cd, escutei algumas músicas, e fiquei com essa na cabeça. Em outra vez que tive com o Fabrício, ele me mostrou a versão final de “As coisas...”, e daí eu e a Luísa (diretora de arte), que também estava junto, escutamos e foi instantâneo assim... sabe quando tu tem o filme e fica imaginando as trilhas possíveis?”
Nos bastidores, Amarello ensina o ator Fabrício Moser a tocar guitarra em uma cena do curta
Presença confirmada da música no curta, a idéia do clipe surgiu depois das gravações, já na ilha de edição. O diretor explica:
“Eu e o Bruno (que editou o vídeo) estávamos mexendo na parte que tem a música como trilha, e, de brincadeira, resolvemos colocar alguns inserts de imagens aleatórias. Como ficou legal, surgiu a idéia de fazer um clipe para eles, só que também com trechos da banda tocando ao vivo. Chamamos o pessoal da Vera Loca, eles deram o aval, e quando teve show por aqui, conseguimos uma câmera com o Sérgio Assis Brasil (professor do Curso de Extensão em Cinema da UFSM) e gravamos as imagens. Quando terminamos de editar o curta, finalizamos o clipe também”.
A banda Vera Loca (formada por Fabrício Beck nos vocais, Mumu no baixo, Hernán Gonzalez na guitarra, Diego Dias no teclado e Leandro Schirmer na bateria) gostou do que viu; apesar disso, como a música de trabalho da banda é “Suadinha”, o clipe de “As coisas que eu te disse ontem”, pelo menos por enquanto, vai ficar guardado. “Fica como um registro, foi o primeiro videoclipe que eles gravaram” finaliza Amarello.
O vocalista da Vera Loca, Fabrício beck, soltando a voz no show gravado na boate Peoples, em Santa Maria.
O clipe ele está disponível no you tube. Clique aqui para ver.
Quem ficar ligado no programa "Papo Clip", da TV Com, canal 36 da Net, pode também se deparar com o clipe.
- Jornal A Razão, 20 de julho (com modificações) -
Fotos: Daniel Petry
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Do curta santa-mariense Rock’roll nasceu o videoclipe “As coisas que eu te disse ontem”, da banda gaúcha Vera Loca
No intervalo da primeira noite do 5º Santa Maria Vídeo e Cinema (festival de curta-metragens que acontece na cidade uma vez ao ano, em julho), o burburinho no hall do Teatro onde os curtas foram exibidos eram todos praticamente no mesmo tom : "como tão bons os curtas locais desse ano". Um dos seis curtas que já havia sido exibido e que causou a boa impressão ao público foi "Rock'roll", produzido no curso de Extensão em Cinema Digital da UFSM, e que na última noite do festival ainda acabou com os prêmios de melhor edição, melhor ator, melhor direção de arte e melhor direção de fotografia, todos na mostra de Santa Maria.
"Rock'roll" foi escrito e dirigido pelo estudante de Desenho Industrial da UFSM, Luis Fernando Rodrigues (mais conhecido como "Amarello"), baseado num conto do escritor local Márcio Grings. Uma das formas mais sucintas de resumir a história do curta poderia ser: homem conhece garota e se ilude. Mas como essa frase pode ser sujeita as mais variadas (e equivocadas)interpretações, um melhor resumo da história é: "Elmo, um aspirante a escritor, conhece uma garota num bar e depois de uma parte da noite junto dela, não a vê novamente por um tempo. Tenta achá-la no mesmo local, mas ela não está lá; há anos sem beber, desiludido, ele encontra na bebida um afago para os seus sentimentos atingidos".
Como era de se esperar, a referência do título do filme está presente em cada minuto do vídeo - a casa de Elmo, por exemplo, decorada com vários pôsters, cartazes e Lp’s de grandes nomes do rock, é um verdadeiro altar ao gênero. A trilha do curta tem clássicos de ícones como Jimi Hendrix e Bob Dylan, mas também bandas nacionais, como a Casa das Máquinas (da música “Casa do rock’roll”, presença certa em uma conhecida boate estudantil da cidade) e a Vera Loca, que entrou com “As coisas que eu te disse ontem”, do mais recente álbum do grupo, “Distúrbios de Amor e Rock’roll. Amarello explica melhor como a música surgiu no curta:
“ Eu já tinha contato com o Fabrício, vocalista da banda, desde que ele morava em Santa Maria. Antes de ficar pronto o novo Cd, escutei algumas músicas, e fiquei com essa na cabeça. Em outra vez que tive com o Fabrício, ele me mostrou a versão final de “As coisas...”, e daí eu e a Luísa (diretora de arte), que também estava junto, escutamos e foi instantâneo assim... sabe quando tu tem o filme e fica imaginando as trilhas possíveis?”
Nos bastidores, Amarello ensina o ator Fabrício Moser a tocar guitarra em uma cena do curta
Presença confirmada da música no curta, a idéia do clipe surgiu depois das gravações, já na ilha de edição. O diretor explica:
“Eu e o Bruno (que editou o vídeo) estávamos mexendo na parte que tem a música como trilha, e, de brincadeira, resolvemos colocar alguns inserts de imagens aleatórias. Como ficou legal, surgiu a idéia de fazer um clipe para eles, só que também com trechos da banda tocando ao vivo. Chamamos o pessoal da Vera Loca, eles deram o aval, e quando teve show por aqui, conseguimos uma câmera com o Sérgio Assis Brasil (professor do Curso de Extensão em Cinema da UFSM) e gravamos as imagens. Quando terminamos de editar o curta, finalizamos o clipe também”.
A banda Vera Loca (formada por Fabrício Beck nos vocais, Mumu no baixo, Hernán Gonzalez na guitarra, Diego Dias no teclado e Leandro Schirmer na bateria) gostou do que viu; apesar disso, como a música de trabalho da banda é “Suadinha”, o clipe de “As coisas que eu te disse ontem”, pelo menos por enquanto, vai ficar guardado. “Fica como um registro, foi o primeiro videoclipe que eles gravaram” finaliza Amarello.
O vocalista da Vera Loca, Fabrício beck, soltando a voz no show gravado na boate Peoples, em Santa Maria.
O clipe ele está disponível no you tube. Clique aqui para ver.
Quem ficar ligado no programa "Papo Clip", da TV Com, canal 36 da Net, pode também se deparar com o clipe.
- Jornal A Razão, 20 de julho (com modificações) -
Fotos: Daniel Petry
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7.17.2006
Curiosidade (1)
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O clássico dos Rolling Stones "Sympathy For The Devil" (clique aqui para baixar a música), que apareceu pela primeira vez no álbum Beggar's Banquet, de 1968, foi inspirada no romance “ The master and the margarita”, do autor russo Mikhail Bulgakov .
O livro fala em Satã visitando Moscou nos anos 30 para ver os efeitos da revolução russa. Satã então transforma a polícia em tolos, os poetas em ignorantes e faz os ateus acreditarem em Deus. Santos são transformados em pecadores e Deus é o Diabo.
O romance é uma vasta alegoria sobre a luta entre os poderes do mal e os poderes da luz. O mal está no poder até que os herdeiros da verdade tomam o poder de volta, mas logo começam a imitar aqueles a quem venceram, tornando-se então o mal. Assim o ciclo continua por toda a história humana.
Mick Jagger, vocalista dos Stones, terminou de ler o livro e imediatamente passou a escrever a letra da canção.
****
O cartaz acima é de um documentário de 1968 dirigido pelo cineasta francês Jean-Luc-Godard. De maneira alternada, como dois filmes em um, o diretor faz um relato crítico da efervescência cultural e política do final da década de 60 ao mesmo tempo que acompanha os Stones no estúdio onde gravavam Beggar's Banquet. Não tem edição nacional.
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O clássico dos Rolling Stones "Sympathy For The Devil" (clique aqui para baixar a música), que apareceu pela primeira vez no álbum Beggar's Banquet, de 1968, foi inspirada no romance “ The master and the margarita”, do autor russo Mikhail Bulgakov .
O livro fala em Satã visitando Moscou nos anos 30 para ver os efeitos da revolução russa. Satã então transforma a polícia em tolos, os poetas em ignorantes e faz os ateus acreditarem em Deus. Santos são transformados em pecadores e Deus é o Diabo.
O romance é uma vasta alegoria sobre a luta entre os poderes do mal e os poderes da luz. O mal está no poder até que os herdeiros da verdade tomam o poder de volta, mas logo começam a imitar aqueles a quem venceram, tornando-se então o mal. Assim o ciclo continua por toda a história humana.
Mick Jagger, vocalista dos Stones, terminou de ler o livro e imediatamente passou a escrever a letra da canção.
****
O cartaz acima é de um documentário de 1968 dirigido pelo cineasta francês Jean-Luc-Godard. De maneira alternada, como dois filmes em um, o diretor faz um relato crítico da efervescência cultural e política do final da década de 60 ao mesmo tempo que acompanha os Stones no estúdio onde gravavam Beggar's Banquet. Não tem edição nacional.
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7.14.2006
Reportagem (3): Syd e o "The Piper"
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(R.I.P)
Foi anunciada na terça-feira, em Londres, a morte de Syd Barret, ex-líder e fundador do Pink Floyd. Segundo um porta-voz da banda, o músico “morreu serenamente, vítimas de complicações da diabetes, há uns dois dias”.
Barret entrou para a banda em 1965 e foi a principal força criativa da banda no primeiro álbum, “The Piper at Gates of Dawn”, de 1967. Um ano depois, devido ao excesso de drogas, teve que abandonar o Pink Floyd e foi substituído pelo guitarrista e vocalista David Gilmour. No início dos anos 70, o músico ainda gravou dois álbuns solo e tentou retornar aos palcos, mas não obteve sucesso e se retirou da vida pública, indo morar com sua mãe, em Cambridge, na Inglaterra.
Suas últimas aparições mostravam um senhor gordo, careca, que passava o dia inteiro alienado olhando televisão, imagem que em nada lembra o grande Syd Barret dos anos 60, criador das primeiras músicas rotuladas de “psicodélicas” da história, ainda hoje influência para toda uma geração.
- Jornal A Razão, 13 de julho -
*************
Talvez o mais psicodélico ser já existente, seja lá o que queira dizer isso em termos práticos, Syd é um dos malucos mais adorados da história do rock. O primeiro álbum do Pink Floyd tem, Piper At The Gates Of Dawn, gravado nos clássicos estúdios Abbey Road em agosto de 1967, tem oito canções sua, sendo que as duas restantes foram compostas em parceria com o resto da banda.
Enquanto estiveram nos estúdios, a banda teve a companhia de ninguém menos que os Beatles, que na época gravavam Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band, talvez o disco mais ousado e experimental dos rapazes de Liverpool. Reza a lenda, e é bem possível que não seja apenas lenda, que nos intervalos das gravações, Barret e John Lennon "trocavam figurinhas" sobre o trabalho que cada um fazia. Pelo grau de psicodelia e maluquice nada convencional de músicas como Lucy in the Sky with Diamonds, a faixa 3 de Sgt Peppers (composta por John Lennon), e por todo o álbum do Pink, é provável que as duas bandas tenham trocado também outras coisas além de figurinhas...
Capa do CD
Para descrever "The Piper...", o primeiro adjetivo que vêm é o já citado "maluquice"; "psicodélico" talvez seja o segundo, e "inovador" o terceiro - perceba que nenhum desses três conseguem dizer muita coisa sobre a música em si...
Syd e o resto da banda (nesta época, Rogers Water no baixo, Nick Mason na bateria e Richard Wright nos teclados) conseguiram a façanha de compor um álbum que a compreensão da parte de quem o escuta extrapola o aspecto musical e vai direto para a atmosfera que o álbum passa - as sensações causadas em quem escuta são mais importantes que qualquer outra coisa.
Ainda assim, a impressão que se dá é que para uma verdadeira compreensão da música de The Piper... a pessoa deve estar no mesmo nível de alteração da mente que a banda quando compôs o álbum. Na prática: entupido de LSD. E, nesse estágio, nessa outra esfera mental, talvez o primeiro adjetivo que venha para descrever a música seja o lindo.
Algumas faixas do álbum para escutar (e exercícios de tentativa de descrevê-las):
Astronomy Domine - Imagine uma nave voando pelo espaço. Devagar, ela se aproxima da terra, e começa a sobrevoá-la rapidamente. Então, o seu comandante aparece numa espécie de sacada, dentro da nave, para fazer seu pronunciamento aos terráqueos. O teor das palavras é de sabedoria, mas o tom parece ser de repúdio a raça humana. Por fim, ninguém entende o que acontece e a nave sai da Terra para continuar sua viagem rumo ao desconhecido.
Lúcifer Sam - Deitado na sala de sua casa na beira da praia, fumando o nono baseado seguido, o cara está sozinho. De repente, vê (ou acha que vê) um gatinho siâmes pular pela sala, lépido e curioso. O cara tenta acompanhá-lo, pegar o tal gatinho no colo, mas não consegue. Por fim, desiste. Dias depois, sonha com o gatinho; mais dias depois, vê novamente ele circulando pela sala; mais dias, mais visões, e ele resolve deixar de compreender que diabos o gatinho tanto faz em sua casa. Trecho da letra:
Lucifer Sam, Siam cat.
Always sitting by your side,
always by your side.
That cat's something I can't explain
The Scarecrow - O filho pequeno pede para seu pai contar uma história. O pai parece estar meio alterado psicologicamente, e em vez de contar uma historinha boba para o filho dormir, resolve contar a história de um espantalho. Começa, o filho fica com medo, mas acaba por cair no sono, cansado. O pai continua, cada vez mais alterado, até se dar conta de que ele era o espantalho da história. Vai para o seu quarto, não consegue dormir.
Letra:
The black and green scarecrow,
as everyone knows,
stood with a bird on his hat
and straw everywhere.
He didn't care....
He stood in a field where barley grows.
His head did no thinking, his arms didn't move,
except when the wind cut up rough
and mice ran around on the ground.
He stood in a field where barley grows.
The black and green scarecrow is sadder than me,
but now he's resigned to his fate
'cause life's not unkind.
He doesn't mind.
He stood in a field where barley grows
Matilda Mother - Um conto medieval escrito por um prisioneiro, considerado mentalmente instável e perturbado, em sua cela no auto da torre, contado para diversos ratos, também presentes na cela.
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(R.I.P)
Foi anunciada na terça-feira, em Londres, a morte de Syd Barret, ex-líder e fundador do Pink Floyd. Segundo um porta-voz da banda, o músico “morreu serenamente, vítimas de complicações da diabetes, há uns dois dias”.
Barret entrou para a banda em 1965 e foi a principal força criativa da banda no primeiro álbum, “The Piper at Gates of Dawn”, de 1967. Um ano depois, devido ao excesso de drogas, teve que abandonar o Pink Floyd e foi substituído pelo guitarrista e vocalista David Gilmour. No início dos anos 70, o músico ainda gravou dois álbuns solo e tentou retornar aos palcos, mas não obteve sucesso e se retirou da vida pública, indo morar com sua mãe, em Cambridge, na Inglaterra.
Suas últimas aparições mostravam um senhor gordo, careca, que passava o dia inteiro alienado olhando televisão, imagem que em nada lembra o grande Syd Barret dos anos 60, criador das primeiras músicas rotuladas de “psicodélicas” da história, ainda hoje influência para toda uma geração.
- Jornal A Razão, 13 de julho -
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Talvez o mais psicodélico ser já existente, seja lá o que queira dizer isso em termos práticos, Syd é um dos malucos mais adorados da história do rock. O primeiro álbum do Pink Floyd tem, Piper At The Gates Of Dawn, gravado nos clássicos estúdios Abbey Road em agosto de 1967, tem oito canções sua, sendo que as duas restantes foram compostas em parceria com o resto da banda.
Enquanto estiveram nos estúdios, a banda teve a companhia de ninguém menos que os Beatles, que na época gravavam Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band, talvez o disco mais ousado e experimental dos rapazes de Liverpool. Reza a lenda, e é bem possível que não seja apenas lenda, que nos intervalos das gravações, Barret e John Lennon "trocavam figurinhas" sobre o trabalho que cada um fazia. Pelo grau de psicodelia e maluquice nada convencional de músicas como Lucy in the Sky with Diamonds, a faixa 3 de Sgt Peppers (composta por John Lennon), e por todo o álbum do Pink, é provável que as duas bandas tenham trocado também outras coisas além de figurinhas...
Capa do CD
Para descrever "The Piper...", o primeiro adjetivo que vêm é o já citado "maluquice"; "psicodélico" talvez seja o segundo, e "inovador" o terceiro - perceba que nenhum desses três conseguem dizer muita coisa sobre a música em si...
Syd e o resto da banda (nesta época, Rogers Water no baixo, Nick Mason na bateria e Richard Wright nos teclados) conseguiram a façanha de compor um álbum que a compreensão da parte de quem o escuta extrapola o aspecto musical e vai direto para a atmosfera que o álbum passa - as sensações causadas em quem escuta são mais importantes que qualquer outra coisa.
Ainda assim, a impressão que se dá é que para uma verdadeira compreensão da música de The Piper... a pessoa deve estar no mesmo nível de alteração da mente que a banda quando compôs o álbum. Na prática: entupido de LSD. E, nesse estágio, nessa outra esfera mental, talvez o primeiro adjetivo que venha para descrever a música seja o lindo.
Algumas faixas do álbum para escutar (e exercícios de tentativa de descrevê-las):
Astronomy Domine - Imagine uma nave voando pelo espaço. Devagar, ela se aproxima da terra, e começa a sobrevoá-la rapidamente. Então, o seu comandante aparece numa espécie de sacada, dentro da nave, para fazer seu pronunciamento aos terráqueos. O teor das palavras é de sabedoria, mas o tom parece ser de repúdio a raça humana. Por fim, ninguém entende o que acontece e a nave sai da Terra para continuar sua viagem rumo ao desconhecido.
Lúcifer Sam - Deitado na sala de sua casa na beira da praia, fumando o nono baseado seguido, o cara está sozinho. De repente, vê (ou acha que vê) um gatinho siâmes pular pela sala, lépido e curioso. O cara tenta acompanhá-lo, pegar o tal gatinho no colo, mas não consegue. Por fim, desiste. Dias depois, sonha com o gatinho; mais dias depois, vê novamente ele circulando pela sala; mais dias, mais visões, e ele resolve deixar de compreender que diabos o gatinho tanto faz em sua casa. Trecho da letra:
Lucifer Sam, Siam cat.
Always sitting by your side,
always by your side.
That cat's something I can't explain
The Scarecrow - O filho pequeno pede para seu pai contar uma história. O pai parece estar meio alterado psicologicamente, e em vez de contar uma historinha boba para o filho dormir, resolve contar a história de um espantalho. Começa, o filho fica com medo, mas acaba por cair no sono, cansado. O pai continua, cada vez mais alterado, até se dar conta de que ele era o espantalho da história. Vai para o seu quarto, não consegue dormir.
Letra:
The black and green scarecrow,
as everyone knows,
stood with a bird on his hat
and straw everywhere.
He didn't care....
He stood in a field where barley grows.
His head did no thinking, his arms didn't move,
except when the wind cut up rough
and mice ran around on the ground.
He stood in a field where barley grows.
The black and green scarecrow is sadder than me,
but now he's resigned to his fate
'cause life's not unkind.
He doesn't mind.
He stood in a field where barley grows
Matilda Mother - Um conto medieval escrito por um prisioneiro, considerado mentalmente instável e perturbado, em sua cela no auto da torre, contado para diversos ratos, também presentes na cela.
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7.13.2006
Review (1)
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Lançamento DVD da TSF – “International Noise Conection Tour”, Macondo, 8 de julho
Exaltação ao hardcore
Um telão atrás do palco é a primeira coisa que quem entra no ambiente principal do bar enxerga. Quando ele começa a reproduzir dois curtas-metragens, exibidos no Santa Maria Vídeo e Cinema, o público presente, aos poucos, chega o mais próximo possível do telão, e a senha definitiva para uma quase aglomeração é o cessar do som ambiente. A palavra é dada ao diretor do documentário, que apresenta, agradece e dá o play.
As primeiras falas, surgidas dos personagens vistos nas imagens em preto-e-branco, silenciam o ambiente, mas logo as risadas surgem e se misturam ao som do documentário, principalmente nas cenas que relatam o choque cultural entre os integrantes da TSF e os alemães da 54 Suicides, que vieram diretamente da Alemanha para tocar na tour por quatro cidades do Estado. Passados 25 minutos, a foto de todos os participantes do vídeo juntos, antes do embarque da banda alemã, encerra a exibição com um certo tom nostálgico, que logo se transforma em euforia pela vinda das palmas e gritos dos presentes no bar. Os agradecimentos finais dos integrantes da TSF mostram, de certa forma, o orgulho do dever cumprido. Logo depois, eles começam o show.
A barulheira que vem do palco – que, afora algum descuido, só tem quatro pessoas – é o chamado hardcore, que numa definição das mais simplistas é um rock tocado e cantado muito alto e muito rápido. O som parece ser melhor apreciado pelas mãos, que respondem tentando inutilmente acompanhar o ritmo da música. Só conseguem em modo “slow”, e ainda assim por pouco tempo. Os pés são mais rápidos, e por vezes se unem a elas, formando um conjunto que nada tem de harmonioso, mas que é condição necessária para o próximo e derradeiro passo: entrar na roda que se formou na frente do palco. Os que já estão lá, como não poderiam deixar de ser, circulam; movimentam o corpo em direção aos outros numa dança que pode parecer uma luta, ou um ritual de auto-flagelação, mas “estado de transe” também é uma boa definição. Os que ficam na borda da roda dirigem os movimentos, empurrando quem se desequilibra e por vezes até policiando os afoitos que acham que o ritual é uma competição de quem agüenta mais pancada de pé. Por fim, a maioria atrás e dos lados do círculo fica em dúvida se olha para o palco ou para ali, se ficam com medo ou invejam os que estão em transe, descarregando sua energia como se fossem crianças brincando de carro-choque num parque qualquer.
- Jornal A Razão, 13 de julho -
Foto de Gabriel Oyarzabal
Contatos da TSF: fotolog e
blog
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7.07.2006
Reportagem(2) : Grunge Made in Santa Maria
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Recém criada, a dupla Mab & Muriel toca o chamado “som de Seattle”, que no início dos anos 90 colocou a cidade americana no mapa da cena rock mundial
O primeiro dos preconceitos a se quebrar na dupla Mab & Muriel é que as duas integrantes não são a Mab e nem a Muriel, muito menos esses são nomes que elas venham dar a futuros filhos. O segundo, é que as duas não tocam “música de meninas”, ou que necessariamente tenham vocais femininos. O terceiro, e por hora o último, é que, embora o visual possa parecer afrontador a uma boa parte da população de Santa Maria, elas são extremamente simpáticas e atenciosas. Juliana Von Muhlen, 23 anos, e Daniella Coelho, 21, estrearam no palco juntas no início deste ano, cantando e tocando no Seattle Studio Bar. No primeiro show, com uma platéia basicamente formada por amigos das duas, elas tocaram aquilo que gostariam de ouvir num show: bandas como Alice in Chains, Smashing Pumpkins, Pearl Jam, Nirvana, Hole e Mad Season. Mais de 30 músicas, quase 3 horas. Não se cansaram, e apesar de não terem gostado muito de sua estréia, foram bem recebidas, e voltaram a tocar no mesmo bar, algum tempo depois. Agora não só amigos formavam a platéia, e o resultado foi melhor ainda: mais pessoas gostaram do show e, desta vez, elas também gostaram.
Assim foi o começo da dupla Mab & Muriel. Amigas há alguns anos, elas se conheceram, como não poderia deixar de ser, através da música. Daniella conta que estava caminhando no calçadão quando escutou um som conhecido no violão; de imediato, foi em sua direção, e descobriu que a música era da banda Hole (de Courtney Love, esposa do líder do Nirvana e mártir do grunge Kurt Cobain), e quem estava com o violão era Juliana. Da amizade inicial, também veio a vontade de tocar junto, o que, depois de alguns anos de espera, pôde se concretizar agora. ”Queríamos fazer um repertório só com músicas que a gente gosta mesmo, que é esse chamado som de Seattle, e fazer algo diferente também, porque, aqui em Santa Maria, tu vai num lugar, é quase sempre a mesma coisa, a banda têm o mesmo repertório de 3 anos atrás, as mesmas músicas. E nunca ninguém tocou esse tipo de som por aqui” diz Juliana.
Ensaiaram bastante, mas faltava o nome. De uma brincadeira, surgiu o Mab & Muriel, que ao contrário do que se possa imaginar, não têm um significado escondido: elas apenas gostaram dele. Junto com a escolha do nome, veio a história dos “bonequinhos”, que um amigo das duas criou e hoje elas usam nos cartazes da apresentação.
Não, a da esquerda não é a Mab e a da direita não é a Muriel; Daniella é a da esquerda, e Juliana, a da direita
No show, Juliana e Daniella cantam e tocam violão; a primeira faz a voz mais aguda, enquanto que a voz grave, uma das marcas tradicionais no som das bandas de Seattle, fica a cargo de Daniella. “Eu gosto desse tipo de voz” diz ela, que também estuda canto lírico e violino. Um dos aspectos que podem ser considerados “diferente” no som da dupla é justamente a participação do violino em algumas músicas, algo que elas querem aprimorar ainda mais para os próximos shows (14 e 29 de julho, também no Seattle). Outra intenção é compor. As duas escrevem poesia há algum tempo, inclusive já fizeram músicas para suas respectivas bandas paralelas (a de Juliana, na mesma linha do grunge, e a de Daniella, de metal). Falta agora compor para elas mesmas tocarem e cantarem.
Como a idéia do projeto nasceu também de ter um local na cidade chamado justamente “Seattle” para que elas pudessem tocar, não passa pela cabeça das duas, pelo menos por enquanto, se apresentar em algum outro lugar. “Não é uma música para se chegar e dançar, é para conversar, ficar escutando”, diz Juliana, enquanto que sua parceira solta: “É introspecção”. Mas, sendo praticamente todo o chamado “som de Seattle” um som mais introspectivo, melancólico, existe uma certa rotulação, fácil, de que vocês, como pessoas, também são tristes, melancólicas? “Com certeza, mas triste, feliz, todo mundo é. Não tem essa coisa de as pessoas serem tristes, todo mundo tem os dois lados, e a música é que nem um filme, uma poesia, tem vários climas, mas cada um interpreta de um jeito”, diz Daniella.
- Jornal A Razão, 6 de julho de 2006 -
Obs: A entrevista foi feita de noite, no "Santa Ceva", um bar ao lado do Pingo, depois de um primeiro trato de ser no Miau, que naquela noite estava fechado. Juntamente com as cervejas tomadas por mim e a Daniella (a Juliana não toma) e a batata frita que elas comeram, tocava no pequeno palco três mesas à nossa frente, o duo Sex Appeal, que oferecia ao público presente - um pessoal mais velho com cara de frequentador de botequim, amigos da dupla, e pessoal saído do Santa Maria Vídeo e Cinema - o melhor (?) do pop/rock radiofônico. Não houve couvert, e a noite estava clara, sem a forte cerração do dia anterior, que deixou Santa Maria, depois das 23h, com um ar misterioso e surreal, daqueles que nos fazem esperar qualquer coisa estranha a cada cruzada de esquina.
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Recém criada, a dupla Mab & Muriel toca o chamado “som de Seattle”, que no início dos anos 90 colocou a cidade americana no mapa da cena rock mundial
O primeiro dos preconceitos a se quebrar na dupla Mab & Muriel é que as duas integrantes não são a Mab e nem a Muriel, muito menos esses são nomes que elas venham dar a futuros filhos. O segundo, é que as duas não tocam “música de meninas”, ou que necessariamente tenham vocais femininos. O terceiro, e por hora o último, é que, embora o visual possa parecer afrontador a uma boa parte da população de Santa Maria, elas são extremamente simpáticas e atenciosas. Juliana Von Muhlen, 23 anos, e Daniella Coelho, 21, estrearam no palco juntas no início deste ano, cantando e tocando no Seattle Studio Bar. No primeiro show, com uma platéia basicamente formada por amigos das duas, elas tocaram aquilo que gostariam de ouvir num show: bandas como Alice in Chains, Smashing Pumpkins, Pearl Jam, Nirvana, Hole e Mad Season. Mais de 30 músicas, quase 3 horas. Não se cansaram, e apesar de não terem gostado muito de sua estréia, foram bem recebidas, e voltaram a tocar no mesmo bar, algum tempo depois. Agora não só amigos formavam a platéia, e o resultado foi melhor ainda: mais pessoas gostaram do show e, desta vez, elas também gostaram.
Assim foi o começo da dupla Mab & Muriel. Amigas há alguns anos, elas se conheceram, como não poderia deixar de ser, através da música. Daniella conta que estava caminhando no calçadão quando escutou um som conhecido no violão; de imediato, foi em sua direção, e descobriu que a música era da banda Hole (de Courtney Love, esposa do líder do Nirvana e mártir do grunge Kurt Cobain), e quem estava com o violão era Juliana. Da amizade inicial, também veio a vontade de tocar junto, o que, depois de alguns anos de espera, pôde se concretizar agora. ”Queríamos fazer um repertório só com músicas que a gente gosta mesmo, que é esse chamado som de Seattle, e fazer algo diferente também, porque, aqui em Santa Maria, tu vai num lugar, é quase sempre a mesma coisa, a banda têm o mesmo repertório de 3 anos atrás, as mesmas músicas. E nunca ninguém tocou esse tipo de som por aqui” diz Juliana.
Ensaiaram bastante, mas faltava o nome. De uma brincadeira, surgiu o Mab & Muriel, que ao contrário do que se possa imaginar, não têm um significado escondido: elas apenas gostaram dele. Junto com a escolha do nome, veio a história dos “bonequinhos”, que um amigo das duas criou e hoje elas usam nos cartazes da apresentação.
Não, a da esquerda não é a Mab e a da direita não é a Muriel; Daniella é a da esquerda, e Juliana, a da direita
No show, Juliana e Daniella cantam e tocam violão; a primeira faz a voz mais aguda, enquanto que a voz grave, uma das marcas tradicionais no som das bandas de Seattle, fica a cargo de Daniella. “Eu gosto desse tipo de voz” diz ela, que também estuda canto lírico e violino. Um dos aspectos que podem ser considerados “diferente” no som da dupla é justamente a participação do violino em algumas músicas, algo que elas querem aprimorar ainda mais para os próximos shows (14 e 29 de julho, também no Seattle). Outra intenção é compor. As duas escrevem poesia há algum tempo, inclusive já fizeram músicas para suas respectivas bandas paralelas (a de Juliana, na mesma linha do grunge, e a de Daniella, de metal). Falta agora compor para elas mesmas tocarem e cantarem.
Como a idéia do projeto nasceu também de ter um local na cidade chamado justamente “Seattle” para que elas pudessem tocar, não passa pela cabeça das duas, pelo menos por enquanto, se apresentar em algum outro lugar. “Não é uma música para se chegar e dançar, é para conversar, ficar escutando”, diz Juliana, enquanto que sua parceira solta: “É introspecção”. Mas, sendo praticamente todo o chamado “som de Seattle” um som mais introspectivo, melancólico, existe uma certa rotulação, fácil, de que vocês, como pessoas, também são tristes, melancólicas? “Com certeza, mas triste, feliz, todo mundo é. Não tem essa coisa de as pessoas serem tristes, todo mundo tem os dois lados, e a música é que nem um filme, uma poesia, tem vários climas, mas cada um interpreta de um jeito”, diz Daniella.
- Jornal A Razão, 6 de julho de 2006 -
Obs: A entrevista foi feita de noite, no "Santa Ceva", um bar ao lado do Pingo, depois de um primeiro trato de ser no Miau, que naquela noite estava fechado. Juntamente com as cervejas tomadas por mim e a Daniella (a Juliana não toma) e a batata frita que elas comeram, tocava no pequeno palco três mesas à nossa frente, o duo Sex Appeal, que oferecia ao público presente - um pessoal mais velho com cara de frequentador de botequim, amigos da dupla, e pessoal saído do Santa Maria Vídeo e Cinema - o melhor (?) do pop/rock radiofônico. Não houve couvert, e a noite estava clara, sem a forte cerração do dia anterior, que deixou Santa Maria, depois das 23h, com um ar misterioso e surreal, daqueles que nos fazem esperar qualquer coisa estranha a cada cruzada de esquina.
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7.06.2006
Macca
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Paul Mc Cartney é uma figura interessante. A grande maioria dos fãs mais fervorosos dos Beatles escolhe ele como o beatle mais odiado, já que era o mais "comercial" da banda, aquele que melhor sabia aparecer para a mídia e para os fãs. O que ocorria é que, muitas vezes, para estes fãs Paul exagerava; sempre o bom moço, o brincalhão, o diplomata, o que nunca parecia sair da linha. E é sabido que para o rock'roll, sair da linha é necessário, independente de que forma.
Ainda assim, apesar de toda essa postura correta e até chata, estava o principal músico da banda, a mente criadora. Se John Lennon era o espírito, Ringo era o ritmo e George o talentoso solitário, Paul era aquele que criava, o marco zero do processo de composição - que logo depois ganhava os contornos de cada um. Talvez fosse ele a figura mais importante da banda, sem a qual não haveria o estalo inicial extraordinário que fez os Beatles serem os Beatles.
***********
Tudo isso para dizer que o novo CD do Macca, Chaos and creation in the Backyard (a bela capa é a imagem abaixo), é de uma beleza estarrecedora e, de certa maneira, surpreendente. Algo como um líquido milagroso que não parecia mais possível ser extraído,de tanto que foi usado, da velha fonte McCartney.
Passados quase 40(!) anos do fim dos Beatles, a grande voz continua lá, límpida e potente. A maturidade, vilã de muitos da idade de Paul, melhorou ainda mais o excelente músico que ele sempre foi (toca todos os instrumentos no álbum), e trouxe de bônus uma habilidade preciosa de escrever ainda mais letras simples e profundas, que em um utópico Manual para Fazer a Música Perfeita (escrito por ele, claro) deveria ser a primeira e indispensável lição.
O mais incrível de tudo é que Paul, no auge dos seus 64 anos, assim como no tempo dos Beatles, ainda seja aquele cara que mais consegue chegar próximo da dita "música perfeita" produzida.Um dos poucos neste mundo que falar "Esse cara é foda" nunca vai ser suficiente.
Um trecho do release da EMI, que lançou o disco, traz mais detalhes sobre o álbum:
Chaos And Creation In The Back Yard, a 20ª gravação de estúdio de Paul desde os Beatles, marca o fim de um hiato de quase quatro anos desde seu último álbum de estúdio em 2001, Driving Rain. O novo disco de 13 faixas foi co-produzido por Nigel Godrich (Radiohead, Travis e Beck) e McCartney e gravado em Londres e Los Angeles nos últimos dois anos.
O disco é uma mistura de clássicos empolgantes de piano de McCartney como 'Fine Line' e 'Promise To You Girl' e faixas mais introspectivas como 'At The Mercy', 'Too Much Rain' e 'Riding To Vanity Fair'. Um dos muitos destaques é uma faixa intitulada 'Jenny Wren', que Paul descreve como "filha de Blackbird", assim como 'Follow Me', que McCartney estreou no Glastonbury Festival, durante sua turnê européia de verão em 2004.
Mas não haveria Chaos And Creation In The Back Yard não fosse a sugestão do lendário produtor dos Beatles Sir George Martin. Familiar com os méritos de Nigel e seu desejo de trabalhar com um artista estabelecido, Paul fez o convite que finalmente os uniu no estúdio. A colaboração parecia improvável e então começaram os rumores. Que tipo de disco McCartney estava fazendo?
"Não queria apressar esse disco", diz McCartney, que apesar de repetidas inquirições, compromissos de turnê e pressão de sua gravadora, conseguiu manter o foco. "Acho que a espera valeu a pena. A música tornou-se mais interessante com o tempo e estou muito orgulhoso do que fizemos."
Tracklist (algumas, tem o link para baixar a faixa)
1 - Fine Line (3:05)
2 - How Kind Of You (4:47)
3 - Jenny Wren (3:47)- A "filha" de Blackbird
4 - At The Mercy (2:38)
5 - Friends to Go (2:43)- Em homenagem a George Harrison (a letra fala I've been waitin on the other side).
6 - English Tea (2:12)
7 - Too Much Rain (3:24)
8 - A Certain Softness (2:42) - Quase um samba. Ou melhor, um samba a lá McCartney
9 - Riding To Vanity Fair (5:07)
10 - Follow Me (2:31)
11 - Promise To You Girl (3:10)
12 - This Never Happened Before (3:26) - Uma das mais introspectivas, piano, voz, orquestração, e uma guitarra acolá
13 - Anyway (3:50)
Duração Total: 46:54
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Paul Mc Cartney é uma figura interessante. A grande maioria dos fãs mais fervorosos dos Beatles escolhe ele como o beatle mais odiado, já que era o mais "comercial" da banda, aquele que melhor sabia aparecer para a mídia e para os fãs. O que ocorria é que, muitas vezes, para estes fãs Paul exagerava; sempre o bom moço, o brincalhão, o diplomata, o que nunca parecia sair da linha. E é sabido que para o rock'roll, sair da linha é necessário, independente de que forma.
Ainda assim, apesar de toda essa postura correta e até chata, estava o principal músico da banda, a mente criadora. Se John Lennon era o espírito, Ringo era o ritmo e George o talentoso solitário, Paul era aquele que criava, o marco zero do processo de composição - que logo depois ganhava os contornos de cada um. Talvez fosse ele a figura mais importante da banda, sem a qual não haveria o estalo inicial extraordinário que fez os Beatles serem os Beatles.
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Tudo isso para dizer que o novo CD do Macca, Chaos and creation in the Backyard (a bela capa é a imagem abaixo), é de uma beleza estarrecedora e, de certa maneira, surpreendente. Algo como um líquido milagroso que não parecia mais possível ser extraído,de tanto que foi usado, da velha fonte McCartney.
Passados quase 40(!) anos do fim dos Beatles, a grande voz continua lá, límpida e potente. A maturidade, vilã de muitos da idade de Paul, melhorou ainda mais o excelente músico que ele sempre foi (toca todos os instrumentos no álbum), e trouxe de bônus uma habilidade preciosa de escrever ainda mais letras simples e profundas, que em um utópico Manual para Fazer a Música Perfeita (escrito por ele, claro) deveria ser a primeira e indispensável lição.
O mais incrível de tudo é que Paul, no auge dos seus 64 anos, assim como no tempo dos Beatles, ainda seja aquele cara que mais consegue chegar próximo da dita "música perfeita" produzida.Um dos poucos neste mundo que falar "Esse cara é foda" nunca vai ser suficiente.
Um trecho do release da EMI, que lançou o disco, traz mais detalhes sobre o álbum:
Chaos And Creation In The Back Yard, a 20ª gravação de estúdio de Paul desde os Beatles, marca o fim de um hiato de quase quatro anos desde seu último álbum de estúdio em 2001, Driving Rain. O novo disco de 13 faixas foi co-produzido por Nigel Godrich (Radiohead, Travis e Beck) e McCartney e gravado em Londres e Los Angeles nos últimos dois anos.
O disco é uma mistura de clássicos empolgantes de piano de McCartney como 'Fine Line' e 'Promise To You Girl' e faixas mais introspectivas como 'At The Mercy', 'Too Much Rain' e 'Riding To Vanity Fair'. Um dos muitos destaques é uma faixa intitulada 'Jenny Wren', que Paul descreve como "filha de Blackbird", assim como 'Follow Me', que McCartney estreou no Glastonbury Festival, durante sua turnê européia de verão em 2004.
Mas não haveria Chaos And Creation In The Back Yard não fosse a sugestão do lendário produtor dos Beatles Sir George Martin. Familiar com os méritos de Nigel e seu desejo de trabalhar com um artista estabelecido, Paul fez o convite que finalmente os uniu no estúdio. A colaboração parecia improvável e então começaram os rumores. Que tipo de disco McCartney estava fazendo?
"Não queria apressar esse disco", diz McCartney, que apesar de repetidas inquirições, compromissos de turnê e pressão de sua gravadora, conseguiu manter o foco. "Acho que a espera valeu a pena. A música tornou-se mais interessante com o tempo e estou muito orgulhoso do que fizemos."
Tracklist (algumas, tem o link para baixar a faixa)
1 - Fine Line (3:05)
2 - How Kind Of You (4:47)
3 - Jenny Wren (3:47)- A "filha" de Blackbird
4 - At The Mercy (2:38)
5 - Friends to Go (2:43)- Em homenagem a George Harrison (a letra fala I've been waitin on the other side).
6 - English Tea (2:12)
7 - Too Much Rain (3:24)
8 - A Certain Softness (2:42) - Quase um samba. Ou melhor, um samba a lá McCartney
9 - Riding To Vanity Fair (5:07)
10 - Follow Me (2:31)
11 - Promise To You Girl (3:10)
12 - This Never Happened Before (3:26) - Uma das mais introspectivas, piano, voz, orquestração, e uma guitarra acolá
13 - Anyway (3:50)
Duração Total: 46:54
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7.04.2006
Curtas (1)
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Bons shows na TV
Todo domingo, às 22h45, vai ao ar no canal Multishow (42 da Net) o programa de Jools Holland, veterano apresentador da TV americana que recebe músicos e bandas de várias partes do mundo. É uma boa pedida para quem gosta de ver artistas tocarem em um ambiente intimista, sem o formalismo dos grandes shows que costumam passar na Televisão. Jools, que além de apresentador também toca piano junto com os convidados, costuma mesclar bandas mais conhecidas com novidades e atrações de lugares exóticos, que ficam na periferia do circuito pop mundial. No último domingo, por exemplo, apareceram no programa os famosos Coldplay e Jamiroquai, a novidade The Magic Numbers, e Amadou & Mariam, uma dupla de blues rock do Mali. Para quem quiser conferir a programação que vai tocar neste mês no programa, aí vai:
09/07 - Foo Fighters, Black Eyed Peas, The Arcade Fire, Mariza e Hard Fi.
16/07 - Keane, Elton John, Interpol, Bloc Party, Old Crow Medicine Show e Ray Lamontagne.
23/07 - Robbie Williams, Green Day, Estelle, Elvis Costello e Nelly McKay.
30/07 - Alicia Keys, Snow Patrol, Alanis Morissette, Robert Randolph & The Family Band, Rufus Wainright e Devendra Banhart.
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Bons shows na TV
Todo domingo, às 22h45, vai ao ar no canal Multishow (42 da Net) o programa de Jools Holland, veterano apresentador da TV americana que recebe músicos e bandas de várias partes do mundo. É uma boa pedida para quem gosta de ver artistas tocarem em um ambiente intimista, sem o formalismo dos grandes shows que costumam passar na Televisão. Jools, que além de apresentador também toca piano junto com os convidados, costuma mesclar bandas mais conhecidas com novidades e atrações de lugares exóticos, que ficam na periferia do circuito pop mundial. No último domingo, por exemplo, apareceram no programa os famosos Coldplay e Jamiroquai, a novidade The Magic Numbers, e Amadou & Mariam, uma dupla de blues rock do Mali. Para quem quiser conferir a programação que vai tocar neste mês no programa, aí vai:
09/07 - Foo Fighters, Black Eyed Peas, The Arcade Fire, Mariza e Hard Fi.
16/07 - Keane, Elton John, Interpol, Bloc Party, Old Crow Medicine Show e Ray Lamontagne.
23/07 - Robbie Williams, Green Day, Estelle, Elvis Costello e Nelly McKay.
30/07 - Alicia Keys, Snow Patrol, Alanis Morissette, Robert Randolph & The Family Band, Rufus Wainright e Devendra Banhart.
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7.02.2006
Reportagem (1): "Não acredito que ninguém mais goste de rock"
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Crema, uma das mais novas bandas da cidade, mistura clássicos e novidades do rock'roll
O Teclado é um instrumento dos mais polêmicos no rock. Por vezes, ele é colocado tão alto que ofusca o brilho do som das guitarras; por outras, soa tão baixo que nem é ouvido. São poucas bandas e artistas que conseguem ficam no meio dos dois extremos e fazercom que a mistura saída se torne coesa e equilibrada.
Em Santa Maria, o “gênero” ganhou um mais novo representante: a banda Crema. A sua estréia, na sexta passada, no bar Macondo, trouxe um repertório de alto nível; dos clássicos Rolling Stones, Jerry Lee Lewis, The Kinks, Neil Young, Bob Dylan aos mais novos Franz Ferdinand, Kings of Leon, Him e Los Hermanos. Mesmo criada há menos de 3 meses, eles já começaram o processo de criação: “Gravamos uma base aqui em casa, sem vocal, tá bem legal”, diz Márcio Echeverria, 24 anos, o frontman da Crema, responsável pelo vocal, teclado e a eventual guitarra base.
Editor de vídeo e dono de um estúdio de gravação em casa,Márcio toca teclado em bandas há mais de 5 anos. Em Santa Maria, passou pela Bandauê, e hoje toca também na Cidade Baixa.Conhece bem a noite da cidade. Com essa experiência é que ele diz: “ Não acredito que ninguém goste mais de rock por aqui”. Márcio, que é natural de Bagé, se refere as boates e casas noturnas, hoje quase inteiramente tomadas pelo pagode. “Em uma boate aqui do centro, dizem que as bandas têm que tocar as músicas que o pessoal sabe cantar ” diz. Alguma coisa está errada.
Nesses anos em que tocou, o desejo de montar uma banda que o foco fosse o rock de raiz sempre andou junto. Alguns meses atrás, ele participou da gravação do curta “Rock`roll”, produzido pelo curso de extensão em cinema da UFSM, representando o vocalista de uma banda que tocava “Like a Rolling Stone”, clássico de Bob Dylan. Ele gostou da experiência de cantar, que até então era restrita a poucos ouvintes de rodas de violão de amigos e clientes de jingles que Márcio produzia. Mostrou a gravação para o amigo Sino Lopes, vocalista da Cidade Baixa, que gostou do que ouviu: “ Tá parecendo o Bob Dylan, cara, porque tu não monta uma banda de uma vez?”. Márcio resolveu seguir o conselho; perguntou à John Canilha, dono do estúdio onde a Cidade Baixa ensaiava, se ele já tinha tocado em alguma banda. John, 49 anos, que trabalha também com próteses dentárias, nunca tinha subido em um palco, só tocava em ensaios, nada muito sério. Márcio convenceu-o. Em um dia no bar Macondo, o outro integrante da Crema, Cauã Johnsons, 16 anos, filho de John, foi abordado por Márcio com a clássica pergunta: “ Vamos montar uma banda?”. No outro dia, Cauã ligou para Márcio. Pouco tempo depois, começaram a ensaiar. A primeira música foi “Like a Rolling Stone”. Mas faltava um baixista, que Márcio resolveu quando se lembrou de um velho amigo de Bagé, Anjinho, 21 anos.
Banda formada, faltava o nome. Maurício Canterle, amigo de Márcio e da banda, veio com o “Crema”, por causa de um tipo especial do cigarro da marca Carlton. O nome era curto e soou bem, como eles queriam. Menos de cinco ensaios depois, o show no Macondo, na abertura de outra banda do amigo Sino Lopes.
Da esquerda para a direita, Márcio, Anjinho, Cauã e John
*****
Crema no Macondo, 10 de março.
Rock'roll will never die!
Nâo tem palco. O lugar onde a banda fica é um canto no fundo do bar, demarcado por um tapete. Só se sabe que vai começar o show porque a música ambiente cessa. Baixo, guitarra e bateria entram devagar, em um volume parecido, e eis que surge o teclado, o mais alto de todos, que já toma a frente na condução da melodia e prepara para a entrada da voz, que surge de início meio tímida, mas aos poucos ganha confiança para a explosão no refrão: "You really got me!". The Kinks. Anos 60. Não, 2006, passado da uma da manhã de uma sexta-feira, dia 10 de março.
Great balls of fire, jerry Lee Lewis. Anos 50. O clássico passo de dança dos primeiros anos de rock'roll, bastante visto em bailes de formatura, é lembrado pelo público que, a essa altura, já tomou cerveja o suficiente para esquecer que o espaço disponível impede qualquer passo de dança mais ousado.
O teclado, dessa vez, entra primeiro e conduz a harmoniosa versão de "Let's spend the night together", dos Rolling Stones. Anos 60 novamente. Logo à frente do "palco", amigos e namoradas da banda, aos poucos, relaxam e curtem a música, esquecendo por algum tempo a inevitável preocupação de se procurar erros no show.
Like a rolling Stone, Brown Sugar, anos 60, e eis que os 2000 dão as caras. Franz Ferdinand, Take me out. Essa toca bastante no bar, todos conhecem, e houve-se até vozes repetindo o som da guitarra no refrão.
Neil Young, Hey hey my my. O verso "rock'roll will never die" ecoa pelo local, tanto nos ouvidos quanto nos pensamentos de todos ali, sabidos de que aquwla velha história que o rock morreu não passa disso mesmo: uma eterna velha história.
Jornal A Razão, 16 de Março.
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Crema, uma das mais novas bandas da cidade, mistura clássicos e novidades do rock'roll
O Teclado é um instrumento dos mais polêmicos no rock. Por vezes, ele é colocado tão alto que ofusca o brilho do som das guitarras; por outras, soa tão baixo que nem é ouvido. São poucas bandas e artistas que conseguem ficam no meio dos dois extremos e fazercom que a mistura saída se torne coesa e equilibrada.
Em Santa Maria, o “gênero” ganhou um mais novo representante: a banda Crema. A sua estréia, na sexta passada, no bar Macondo, trouxe um repertório de alto nível; dos clássicos Rolling Stones, Jerry Lee Lewis, The Kinks, Neil Young, Bob Dylan aos mais novos Franz Ferdinand, Kings of Leon, Him e Los Hermanos. Mesmo criada há menos de 3 meses, eles já começaram o processo de criação: “Gravamos uma base aqui em casa, sem vocal, tá bem legal”, diz Márcio Echeverria, 24 anos, o frontman da Crema, responsável pelo vocal, teclado e a eventual guitarra base.
Editor de vídeo e dono de um estúdio de gravação em casa,Márcio toca teclado em bandas há mais de 5 anos. Em Santa Maria, passou pela Bandauê, e hoje toca também na Cidade Baixa.Conhece bem a noite da cidade. Com essa experiência é que ele diz: “ Não acredito que ninguém goste mais de rock por aqui”. Márcio, que é natural de Bagé, se refere as boates e casas noturnas, hoje quase inteiramente tomadas pelo pagode. “Em uma boate aqui do centro, dizem que as bandas têm que tocar as músicas que o pessoal sabe cantar ” diz. Alguma coisa está errada.
Nesses anos em que tocou, o desejo de montar uma banda que o foco fosse o rock de raiz sempre andou junto. Alguns meses atrás, ele participou da gravação do curta “Rock`roll”, produzido pelo curso de extensão em cinema da UFSM, representando o vocalista de uma banda que tocava “Like a Rolling Stone”, clássico de Bob Dylan. Ele gostou da experiência de cantar, que até então era restrita a poucos ouvintes de rodas de violão de amigos e clientes de jingles que Márcio produzia. Mostrou a gravação para o amigo Sino Lopes, vocalista da Cidade Baixa, que gostou do que ouviu: “ Tá parecendo o Bob Dylan, cara, porque tu não monta uma banda de uma vez?”. Márcio resolveu seguir o conselho; perguntou à John Canilha, dono do estúdio onde a Cidade Baixa ensaiava, se ele já tinha tocado em alguma banda. John, 49 anos, que trabalha também com próteses dentárias, nunca tinha subido em um palco, só tocava em ensaios, nada muito sério. Márcio convenceu-o. Em um dia no bar Macondo, o outro integrante da Crema, Cauã Johnsons, 16 anos, filho de John, foi abordado por Márcio com a clássica pergunta: “ Vamos montar uma banda?”. No outro dia, Cauã ligou para Márcio. Pouco tempo depois, começaram a ensaiar. A primeira música foi “Like a Rolling Stone”. Mas faltava um baixista, que Márcio resolveu quando se lembrou de um velho amigo de Bagé, Anjinho, 21 anos.
Banda formada, faltava o nome. Maurício Canterle, amigo de Márcio e da banda, veio com o “Crema”, por causa de um tipo especial do cigarro da marca Carlton. O nome era curto e soou bem, como eles queriam. Menos de cinco ensaios depois, o show no Macondo, na abertura de outra banda do amigo Sino Lopes.
Da esquerda para a direita, Márcio, Anjinho, Cauã e John
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Crema no Macondo, 10 de março.
Rock'roll will never die!
Nâo tem palco. O lugar onde a banda fica é um canto no fundo do bar, demarcado por um tapete. Só se sabe que vai começar o show porque a música ambiente cessa. Baixo, guitarra e bateria entram devagar, em um volume parecido, e eis que surge o teclado, o mais alto de todos, que já toma a frente na condução da melodia e prepara para a entrada da voz, que surge de início meio tímida, mas aos poucos ganha confiança para a explosão no refrão: "You really got me!". The Kinks. Anos 60. Não, 2006, passado da uma da manhã de uma sexta-feira, dia 10 de março.
Great balls of fire, jerry Lee Lewis. Anos 50. O clássico passo de dança dos primeiros anos de rock'roll, bastante visto em bailes de formatura, é lembrado pelo público que, a essa altura, já tomou cerveja o suficiente para esquecer que o espaço disponível impede qualquer passo de dança mais ousado.
O teclado, dessa vez, entra primeiro e conduz a harmoniosa versão de "Let's spend the night together", dos Rolling Stones. Anos 60 novamente. Logo à frente do "palco", amigos e namoradas da banda, aos poucos, relaxam e curtem a música, esquecendo por algum tempo a inevitável preocupação de se procurar erros no show.
Like a rolling Stone, Brown Sugar, anos 60, e eis que os 2000 dão as caras. Franz Ferdinand, Take me out. Essa toca bastante no bar, todos conhecem, e houve-se até vozes repetindo o som da guitarra no refrão.
Neil Young, Hey hey my my. O verso "rock'roll will never die" ecoa pelo local, tanto nos ouvidos quanto nos pensamentos de todos ali, sabidos de que aquwla velha história que o rock morreu não passa disso mesmo: uma eterna velha história.
Jornal A Razão, 16 de Março.
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7.01.2006
Funcionamento
.
O blog funcionará da seguinte maneira:
* uma vez por semana, na sexta-feira, irá ao ar uma versão extendida da página 3 do Caderno Teen do jornal A Razão. Extendida porque trará algumas coisas a mais que a internet, sem a limitação de espaço que um jornal diário tem, possibilita.
* uma vez por semana, na quinta-feira, será disponiblizada algumas músicas, de bandas ou músicos de qualquer lugar do mundo, seguido de uma breve descrição de cada uma.
* uma vez a cada quinze dias (ou uma por semana, dependendo), haverá uma seção de Álbuns que merecem ser escutados, uma espécie de discoteca básica.
* notas, pequenos textos, indicações e observações, postadas sem uma periodicidade fixa.
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O blog funcionará da seguinte maneira:
* uma vez por semana, na sexta-feira, irá ao ar uma versão extendida da página 3 do Caderno Teen do jornal A Razão. Extendida porque trará algumas coisas a mais que a internet, sem a limitação de espaço que um jornal diário tem, possibilita.
* uma vez por semana, na quinta-feira, será disponiblizada algumas músicas, de bandas ou músicos de qualquer lugar do mundo, seguido de uma breve descrição de cada uma.
* uma vez a cada quinze dias (ou uma por semana, dependendo), haverá uma seção de Álbuns que merecem ser escutados, uma espécie de discoteca básica.
* notas, pequenos textos, indicações e observações, postadas sem uma periodicidade fixa.
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