7.28.2006

Reportagem (5): A família Subupira

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Ao fundo, o baterista Ivo e o guitarrista Seco. Na frente, o vocalista Marnei e o baixista Guilherme



Subupira e seus 5 anos de estrada no rock de Santa Maria, retratando a dura realidade nacional através do hardcore, reggae, rock, blues...



Na rua dos Andradas, ao lado da lanchonete “Pastelão” e encostado num salão de cabeleireiro, uma grade marrom separa a calçada de um pequeno corredor, que leva a casa dos irmãos Pereira da Costa: Ivo, 25 anos, e Marnei, 28. Adentrando, um quadro do Led Zeppelin na parede e uma flâmula verde escrito “Subupira” em preto, logo acima da televisão da pequena sala, denuncia o que até já fora anunciado antes, por telefone: ali está o quartel-general da banda Subupira.

No início de uma manhã fria de terça-feira, estão sentados na sala os irmãos Ivo, baterista, e Marnei, vocalista e guitarrista, juntamente com o outro guitarrista Flabiani (Seco), 29 anos. O outro integrante da banda, Guilherme, 20 anos, o baixista, chega alguns minutos depois, vindo diretamente do seu trabalho no Conselho Tutelar. Banda completa, a conversa começa. Não é preciso fazer perguntas; os próprios integrantes começam a falar sobre a banda, enquanto o mate passa entre os presentes na sala.

Formada em maio de 2001, pelo guitarrista Márcio, que não toca mais junto com eles, a Subupira teve seu “auge” no ano de 2002, onde ficou classificada entre as quatro finalistas do finado festival “Mostra Rock”, organizado pela Secretaria de Cultura do Município. De lá pra cá, a inconsistência dos baixistas que passavam pela banda acabou atrapalhando futuros contatos pra show, como conta o baterista Ivo:

_ Nós ficávamos naquela expectativa, aparecia alguém para tocar e depois logo desaparecia, daí ficava difícil.

Até que, há cerca de um ano atrás, Guilherme veio de Rosário do Sul para estudar em Santa Maria. No primeiro ensaio, no próprio quartel-general da banda, se esqueceu do baixo. Voltou para sua cidade, garantindo que retornava – para buscar o baixo e tocar na banda. Não demorou muito, ele veio novamente a cidade e assumiu,em definitivo, o posto de baixista da Subupira.

Na hora de definir a sonoridade da banda, a dúvida geral. O baterista Ivo coloca no aparelho de som um Cd gravado em um dos muitos ensaios. A primeira música lembra Chico Science e Nação Zumbi, principalmente pelo vocal e pelo balanço do som da guitarra. A segunda é um hardcore não tão rápido, mas com uma letra gritada pelo vocalista. A terceira é como um misto das duas. E a quarta é um blues com uma levada reggae(!).

_ É difícil de rotular mesmo. Mas é rock’roll - diz o baixista Guilherme.

Se o som é difícil de definir, as letras são, em sua maioria, de críticas a realidade em que eles vivem e vêem diariamente.

_ Fiz a letra de Casebre quando andava pela rua e vi um mendigo sem casa, e pensei: pelo menos eu tenho algo pra morar, um casebre que seja - conta o vocalista (ou “goela” da banda, como ele mesmo se define) Marnei.

Ainda assim, há espaço para outras temáticas: a exaltação dos costumes gaúchos no” blues gaudério” Nosso chão e a “ode bebum” Velho Barreiro, onde a letra é composta pelo que está escrito no rótulo da famosa cachaça – os dois guitarristas, numa sessão pra lá de etílica, conseguiram rimar as palavras do rótulo.

Já perto do meio dia, um cheiro de comida sendo feita é sentido no quartel-general da Subupira. Marnei tem que trabalhar às 13h, e enquanto conversávamos, foi para o fogão preparar um feijão com arroz. O cheiro é dos bons. O vocalista avisa que a comida está pronta e serve seu prato, enquanto os outros integrantes se preparam para ir embora. A conversa continua, e como se quissesse encerrar bem a entrevista, o baterista Ivo diz:

_ Mesmo depois de um dia cansativo de trabalho, a gente sempre arruma um tempinho para tocar. É como nosso futebolzinho de fim de semana.

- Jornal A Razão, 4 de maio de 2006 (com modificações) -

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Curiosidade:
_ O nome Subupira vem de um antigo Quilombo, localizado na região dos palmares.


Contatos:
_ Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=2046554

_ Site: subupira.myflog.com.br



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Um comentário:

Augusto Paim disse...

Tchê, isso é jornalismo literário!!!