7.13.2006

Review (1)


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Lançamento DVD da TSF – “International Noise Conection Tour”, Macondo, 8 de julho

Exaltação ao hardcore

Um telão atrás do palco é a primeira coisa que quem entra no ambiente principal do bar enxerga. Quando ele começa a reproduzir dois curtas-metragens, exibidos no Santa Maria Vídeo e Cinema, o público presente, aos poucos, chega o mais próximo possível do telão, e a senha definitiva para uma quase aglomeração é o cessar do som ambiente. A palavra é dada ao diretor do documentário, que apresenta, agradece e dá o play.

As primeiras falas, surgidas dos personagens vistos nas imagens em preto-e-branco, silenciam o ambiente, mas logo as risadas surgem e se misturam ao som do documentário, principalmente nas cenas que relatam o choque cultural entre os integrantes da TSF e os alemães da 54 Suicides, que vieram diretamente da Alemanha para tocar na tour por quatro cidades do Estado. Passados 25 minutos, a foto de todos os participantes do vídeo juntos, antes do embarque da banda alemã, encerra a exibição com um certo tom nostálgico, que logo se transforma em euforia pela vinda das palmas e gritos dos presentes no bar. Os agradecimentos finais dos integrantes da TSF mostram, de certa forma, o orgulho do dever cumprido. Logo depois, eles começam o show.

A barulheira que vem do palco – que, afora algum descuido, só tem quatro pessoas – é o chamado hardcore, que numa definição das mais simplistas é um rock tocado e cantado muito alto e muito rápido. O som parece ser melhor apreciado pelas mãos, que respondem tentando inutilmente acompanhar o ritmo da música. Só conseguem em modo “slow”, e ainda assim por pouco tempo. Os pés são mais rápidos, e por vezes se unem a elas, formando um conjunto que nada tem de harmonioso, mas que é condição necessária para o próximo e derradeiro passo: entrar na roda que se formou na frente do palco. Os que já estão lá, como não poderiam deixar de ser, circulam; movimentam o corpo em direção aos outros numa dança que pode parecer uma luta, ou um ritual de auto-flagelação, mas “estado de transe” também é uma boa definição. Os que ficam na borda da roda dirigem os movimentos, empurrando quem se desequilibra e por vezes até policiando os afoitos que acham que o ritual é uma competição de quem agüenta mais pancada de pé. Por fim, a maioria atrás e dos lados do círculo fica em dúvida se olha para o palco ou para ali, se ficam com medo ou invejam os que estão em transe, descarregando sua energia como se fossem crianças brincando de carro-choque num parque qualquer.

- Jornal A Razão, 13 de julho -

Foto de Gabriel Oyarzabal


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