7.07.2006

Reportagem(2) : Grunge Made in Santa Maria

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Recém criada, a dupla Mab & Muriel toca o chamado “som de Seattle”, que no início dos anos 90 colocou a cidade americana no mapa da cena rock mundial




O primeiro dos preconceitos a se quebrar na dupla Mab & Muriel é que as duas integrantes não são a Mab e nem a Muriel, muito menos esses são nomes que elas venham dar a futuros filhos. O segundo, é que as duas não tocam “música de meninas”, ou que necessariamente tenham vocais femininos. O terceiro, e por hora o último, é que, embora o visual possa parecer afrontador a uma boa parte da população de Santa Maria, elas são extremamente simpáticas e atenciosas. Juliana Von Muhlen, 23 anos, e Daniella Coelho, 21, estrearam no palco juntas no início deste ano, cantando e tocando no Seattle Studio Bar. No primeiro show, com uma platéia basicamente formada por amigos das duas, elas tocaram aquilo que gostariam de ouvir num show: bandas como Alice in Chains, Smashing Pumpkins, Pearl Jam, Nirvana, Hole e Mad Season. Mais de 30 músicas, quase 3 horas. Não se cansaram, e apesar de não terem gostado muito de sua estréia, foram bem recebidas, e voltaram a tocar no mesmo bar, algum tempo depois. Agora não só amigos formavam a platéia, e o resultado foi melhor ainda: mais pessoas gostaram do show e, desta vez, elas também gostaram.

Assim foi o começo da dupla Mab & Muriel. Amigas há alguns anos, elas se conheceram, como não poderia deixar de ser, através da música. Daniella conta que estava caminhando no calçadão quando escutou um som conhecido no violão; de imediato, foi em sua direção, e descobriu que a música era da banda Hole (de Courtney Love, esposa do líder do Nirvana e mártir do grunge Kurt Cobain), e quem estava com o violão era Juliana. Da amizade inicial, também veio a vontade de tocar junto, o que, depois de alguns anos de espera, pôde se concretizar agora. ”Queríamos fazer um repertório só com músicas que a gente gosta mesmo, que é esse chamado som de Seattle, e fazer algo diferente também, porque, aqui em Santa Maria, tu vai num lugar, é quase sempre a mesma coisa, a banda têm o mesmo repertório de 3 anos atrás, as mesmas músicas. E nunca ninguém tocou esse tipo de som por aqui” diz Juliana.

Ensaiaram bastante, mas faltava o nome. De uma brincadeira, surgiu o Mab & Muriel, que ao contrário do que se possa imaginar, não têm um significado escondido: elas apenas gostaram dele. Junto com a escolha do nome, veio a história dos “bonequinhos”, que um amigo das duas criou e hoje elas usam nos cartazes da apresentação.

Não, a da esquerda não é a Mab e a da direita não é a Muriel; Daniella é a da esquerda, e Juliana, a da direita




No show, Juliana e Daniella cantam e tocam violão; a primeira faz a voz mais aguda, enquanto que a voz grave, uma das marcas tradicionais no som das bandas de Seattle, fica a cargo de Daniella. “Eu gosto desse tipo de voz” diz ela, que também estuda canto lírico e violino. Um dos aspectos que podem ser considerados “diferente” no som da dupla é justamente a participação do violino em algumas músicas, algo que elas querem aprimorar ainda mais para os próximos shows (14 e 29 de julho, também no Seattle). Outra intenção é compor. As duas escrevem poesia há algum tempo, inclusive já fizeram músicas para suas respectivas bandas paralelas (a de Juliana, na mesma linha do grunge, e a de Daniella, de metal). Falta agora compor para elas mesmas tocarem e cantarem.

Como a idéia do projeto nasceu também de ter um local na cidade chamado justamente “Seattle” para que elas pudessem tocar, não passa pela cabeça das duas, pelo menos por enquanto, se apresentar em algum outro lugar. “Não é uma música para se chegar e dançar, é para conversar, ficar escutando”, diz Juliana, enquanto que sua parceira solta: “É introspecção”. Mas, sendo praticamente todo o chamado “som de Seattle” um som mais introspectivo, melancólico, existe uma certa rotulação, fácil, de que vocês, como pessoas, também são tristes, melancólicas? “Com certeza, mas triste, feliz, todo mundo é. Não tem essa coisa de as pessoas serem tristes, todo mundo tem os dois lados, e a música é que nem um filme, uma poesia, tem vários climas, mas cada um interpreta de um jeito”, diz Daniella.

- Jornal A Razão, 6 de julho de 2006 -




Obs: A entrevista foi feita de noite, no "Santa Ceva", um bar ao lado do Pingo, depois de um primeiro trato de ser no Miau, que naquela noite estava fechado. Juntamente com as cervejas tomadas por mim e a Daniella (a Juliana não toma) e a batata frita que elas comeram, tocava no pequeno palco três mesas à nossa frente, o duo Sex Appeal, que oferecia ao público presente - um pessoal mais velho com cara de frequentador de botequim, amigos da dupla, e pessoal saído do Santa Maria Vídeo e Cinema - o melhor (?) do pop/rock radiofônico. Não houve couvert, e a noite estava clara, sem a forte cerração do dia anterior, que deixou Santa Maria, depois das 23h, com um ar misterioso e surreal, daqueles que nos fazem esperar qualquer coisa estranha a cada cruzada de esquina.


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2 comentários:

Anônimo disse...

muito bem.. legal essa idéia.. e outra textos muito bem escritos. to sempre acompanhando aí as suas matperias,, voi likar no meu blog. abraço e até...

Anônimo disse...

Ju... bom saber de ti. Eu não moro mais em SM, mas tomara que vcs toquem um dia desses em que eu estiver passeando por aí.

Léo, parabéns pelo blog, viu? Tá muito legal. Bom trabalho guri!!!