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Shows nacionais, bandas boas (e algumas nem tanto) surgindo, outras sendo (re) apresentadas: assim foi uma parte desse 2006 em Santa Maria mostrado pelo Cenabeatnik
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Última semana do ano, emissoras de televisão fazendo as suas retrospectivas, revistas semanais escolhendo os personagens que se destacaram nos últimos 12 meses, jornais diários selecionando aquilo que de mais importante aconteceu em 2006 para seus cadernos especiais e, por trás de tudo, cada pessoa fazendo (ou começando a fazer) um balanço do que de bom e ruim aconteceu neste sexto ano do século 21. Nada mais natural, então, que o blog também faça a sua retrospectiva. E dá gosto de fazê-la quando uma pequena olhada para trás já é suficiente para dizer que, sim, 2006 foi bom para o cenário musical santa-mariense.
Em primeiro lugar, um ponto que muito incomodava as bandas locais, o de que a cidade não tinha lugares decentes para se tocar, hoje procede só em parte, porque muitos bares e boates dos mais variados estilos passaram a funcionar em 2006 – e alguns com as portas bem abertas para as bandas de Santa Maria. Ainda assim, se a grande maioria destes ainda continua com métodos “esdrúxulos”, para dizer o mínimo, de seleção de bandas, pelo menos outros incentivam a produção local, organizando festas e shows de qualidade sem medo de ousar e criar novos públicos.
Em segundo lugar, muitas bandas novas – e de qualidade – surgiram nos palcos santa-marienses. Com o acesso à música cada vez mais facilitado pela internet, não é mais preciso procurar tanto para se achar pessoas com “afinidades musicais”, o que torna a união destes em prol de um objetivo comum mais fácil.
Com estes dois pontos citados acima é que se cria uma “cena” musical em qualquer parte do mundo. Bares sem medo de abrir para bandas novas incentivam músicos que acabam por identificar um público mais receptivo para as suas composições, e assim está feito o espaço para a criatividade trabalhar. Não se tem como saber se a qualidade musical virá também junto dessa criatividade, mas uma coisa é certa: quanto maior a quantidade de bandas surgindo, mais provável é que algumas delas sejam realmente boas.(...)
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1. Shows nacionais, festas originais
Pode até parecer exagero, ou então um exercício frustrado de futurologia, mas daqui a alguns anos muita gente vai passar pela rua Floriano Peixoto, nas quadras entre a rua Astrogildo de Azevedo e a avenida Presidente Vargas, e vai lembrar de 2006. O local certamente foi um dos mais movimentados na noite da cidade, e grande parte desse movimento se deve ao Macondo Bar. Visto por muita gente como um lugar “alternativo” demais, o bar se consolidou neste ano trazendo bandas conhecidas do cenário independente nacional como Autoramas (na foto acima, o vocalista Gabriel Thomaz), Walverdes, Pata de Elefante, Superguidis, Zefirina Bomba, Júpiter Maçã, dentre outros, e organizando festas para os mais variados gostos, desde para os saudosos pelos sons oitentistas aos apreciadores do fetichismo. Formou um público que se acostumou a escutar o novo e não estranhar, e de quebra se tornou também o principal palco para novas bandas santa-marienses.
Na metade deste mês, o Macondo se mudou; foi para um sobrado maior (foto ao lado) na rua Serafin Valandro, na quadra entre a Venâncio Aires e a Andradas, perto duma conhecida escola de idiomas. A previsão é que ainda no final deste ano bar já comece a funcionar.
Fica a pergunta: será que em 2007 será lembrado como o ano dessa quadra da Valandro?
Esse é novo futuro Macondo, na Valandro
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2. Bandas novas e a volta de velhas conhecidas
O ano de 2006 foi de surgimento de muitas bandas em Santa Maria, e algumas delas estiveram por aqui. A Crema (foto acima) apareceu lá no início do blog, no segundo post (2 de julho), como uma das promessas locais, e no decorrer dos meses acabou se confirmando como umas das boas bandas de rock’roll da cidade. Diversos shows no Macondo Bar, a maioria com boa presença do público, deram o gás necessário para o lançamento do primeiro single, “Você sabe sim”, em novembro, consolidando a banda como um “elo perdido” entre o lado b santa-mariense, mais alternativo e “diferente”, e o lado a, radiofônico, pop (ou rock) sem vergonha de o ser.
Outras bandas novas que estiveram por estas páginas neste ano foram a Consuelo, com sua inusitada mistura de rock, funk e música latina, a Sálvia, talvez a única banda local de reggae, e as vencedoras do maior festival de bandas do interior do estado, o Universo Pop: Polimorfia e Agente Six.
Mas nem só de coisa nova se fez a cena musical da cidade; algumas velhas conhecidas do público local voltaram à ativa com modificações. A Lactuca Sativa (na foto acima, três dos cinco integrantes da banda), depois de uma breve parada decorrente da saída do vocalista, voltou a tocar em Santa Maria com nova formação, divulgando o segundo disco e lembrando alguns velhos hits da banda, como “Dedo Duro” e “Gasolina”, que deixaram sua marca em boa parte da geração que hoje tem entre 18 e 20 e poucos anos.
A Sapato Vermelho, que ganhou bastante reconhecimento com a participação de sua primeira vocalista, Shirle de Moraes, no programa da TV Globo “Fama”, voltou aos palcos com uma nova vocalista, Franciele.
A T.S.F continuou perpetuando a barulheira, mas agora Brasil afora, com duas tours para além do estado e uma indicação para melhor álbum de hardcore nacional no prêmio da Revista Dynamite, além de ter lançado um DVD sobre o giro que fizeram pelo RS junto dos alemães da 54 Suicides.
Outras que fizeram 2006 o ano de volta à ativa foi a Inseto Social e a Doce Veneno, dos conhecidos Sininho e Guilherme Barros, que fez um belo show na boate Confraria na metade deste ano. Vale contar ainda o espetáculo de som e luzes que foi a apresentação da Nocet lançando seu segundo disco, “Bullets”, no Hotel Itaimbé, e a união das bandas de metal da cidade para a organização das duas edições da Hammer Fest realizadas neste ano.
- Jornal A Razão, 28 de Dezembro-
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2 comentários:
legal a iniciativa de falar de bandas da sua cidade e tal.
conheci o blog pelo cokering, também estou lá. o meu blog é o mazzacane.
até.
Tchê, não há dúvida que tu tá se tornando um crítico musical de qualidade, com capacidade inclusive de enxergar contextos, panoramos, e com crítica responsável.
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As bandas Inseto Social e a Doce Veneno não aparecem em negrito no teu post, mas todas as outras estão...
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