1.25.2008

Across the Universe

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Vi esses dias "Across the Universe", musical dirigido por Julie Taymour, lançado no fim do ano passado nos cinemas brasileiros. O filme pega uma daquelas idéias que muita gente já tinha pensado mas que, incrivelmente, ninguém ainda havia levado a cabo: contar uma história de amor através das canções dos Beatles.

Dêem uma olhada no trailer abaixo:




A história de Across the Universe pode ser assim resumida: O protagonista Jude é um jovem estivador de Liverpool que descobre que seu verdadeiro pai é um norte-americano, que engravidou sua mãe durante a II Guerra. Jude larga emprego, namorada, e decide procurar o pai nos Estados Unidos.

Lá, ele torna-se amigo do rebelde Max, e apaixona-se por Lucy, irmã de Max. Os dois rapazes vão para Nova York, o centro da contracultura americana nos anos 60, alugando um quarto no apartamento da cantora Sadie. Lucy decide ir depois para Nova York e se junta aos dois rapazes. A partir daí, os três - e mais Sadie, o guitarrista Jo-Jo e Prudence, uma japonesa que também mora no apartamento - vivenciam as transformações culturais/históricas da década.


"Give peace a chance"

No meio dessa história estão 33 músicas dos Beatles. Mais do que estarem ali, elas necessitam estar ali para o entendimento da história.

Um exemplo: Quando Jude começa a se apaixonar por Lucy, antes deles irem para Nova York, ele canta "I've just seen a face". A letra diz: I've just seen a face/I can't forget the time or place/Where we just meet/She's just the girl for me/And want all the world to see/We've met

Outro exemplo: ao partir de Liverpool para os Estados Unidos, Jude se despede da namorada cantando os versos "Close your eyes and I'll kiss you/Tomorrow I'll miss you/Remember I'll always be true/And then while I'm away/I'll write home ev'ry day,And I'll send all my loving to you", de "All My Loving".

Para que houvesse entendimento na história, as legendas teriam de traduzir também as letras das músicas - e esse acaba sendo um dos pontos fortes do filme: por mais que já tenhamos escutado e prestado atenção nas letras das músicas antes, quando vemos elas, traduzidas, em um contexto em que elas se tornam diálogos, ou monólogs internos dos personagens, passamos a ter uma outra idéia do que dizem as músicas. E essa idéia acaba, de certa forma, melhorando algumas canções, como se isso ainda fosse possível em clássicos como "Hey jude", "Something", "While my guitar gently Weeps", "Across the Universe", "Oh! Darling", dentre outras.




Convém lembrar que o filme é um musical. Então temos a história propriamente dita acontecendo, como um filme convencional, e temos os "clipes" em que os personagens começam a cantar - e que também contam a história do filme. Algumas vezes surgem as danças bem coreografadas, que irritam alguns e encantam outros. No caso de Across the Universe, as cenas de danças dão um toque surreal que torna, em alguns pontos, o filme mais interessante ainda, embora em outros se perceba um claro exagero em querer mostrar ao espectador mais do que se deveria - como o final "moralizante" da parte em que toca "I Want You (She's so heavy).

Outro destaque, inegavelmente, é quanto ao "ponto de encaixe" das músicas na história. A maioria delas entram ajudando a narrativa do filme, se ajustando às falas dos atores como se fosse exatamente aquilo que eles teriam de dizer naquele momento, ou então extravansando as sensações/emoções dos personagens, em situações que, algumas vezes, beiram ao genial - "While My Guitar gently Weeps" e "Revolution" são dois exemplos de encaixe perfeito entre música e história.

Duas participações especiais também merecem destaque: Joe Cocker e seu vozerão grave em "Come Together", e Bono Vox, do U2, encarnando um guru da contracultura chamado "Dr. Robert", que canta a ultrapsicodélica "I am the Walrus" na cena mais bonita visualmente do filme.

Mas também há excessos. Em alguns trechos parece que o filme está se moldando para encaixar determinadas músicas, saindo de uma certa linearidade sem uma explicação que não outra que a de simplesmente ter de botar certas músicas na trama. Exemplos disso são em "Dear Prudence", "Blackbird" e "Being for the Benefit of Mr. Kite" - ainda que esta última seja representada de forma pra lá de inteligente, retratando a letra com o tom "psicodélico-circense" que ela pede.


"Strawberry Fields Forever"


No saldo geral, as qualidades ganham dos defeitos. São diversas as sacadas geniais do filme, daquelas que nos surprendem pela simples idéia de dar certa imagem e história para canções tão conhecidas. Aqui chega-se em outro ponto: os beatlemaníacos de carteirinha irão gostar de achar pequenas sugestãos relacionadas aos fab four no filme, desde os óbvios nomes dos personagens à falas que são nomes de músicas não interpretadas na obra.


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Quem ainda não teve oportunidade de ver o filme, aqui tem um link para baixá-lo por torrent.

Nos dois links abaixo estão as legendas, já sincronizados.

Parte 1: Legenda até 1h06 de filme.

Parte 2: Legenda de 1h06 até 2ho6 de filme.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Tive a sorte de ver esse filme no cinema. Sai surpresa, foi uma forma maravilhosa de começar 2008.

Só uma coisa: o Bono faz a pior atuação da história, tadinho. hahaha tu sabe que sou fã enloquecida do u2, mas bah... às vezes eu queria xingar ele hahaha pra parar de falar e só cantar.