2.28.2007

Pró-Música

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O programa Pró-Música já foi apresentado aqui, mas não custa dar uma relembrada: é uma iniciativa de três estudantes de Jornalismo da UFSM que resolveram tratar de diferentes estilos musicais em um programa de rádio. De uma bela iniciativa, o programa foi se consolidando, ganhando participações de peso - Cauby Peixoto, B Negão, Phillipe Seabra (guitarrista e vocalista da Plebe Rude), Yamandú Costa, Fred Zero Quatro (Mundo Livre S.A), Marcelo Yuka, dentre outros - e se tornando uma boa alternativa para quem escutar música boa nas rádios de Santa Maria.

O Pró-Música vai ao ar toda a quarta-feira, às 23h, na Rádio Universidade, com reapresentação às 15h de domingo. O tema do programa de amanhã será a Música Cubana, que fez bastante sucesso mundial através do excelente documentário Buena Vista Social Club, de 1996, dirigido pelo também excelente cineasta Wim Wenders.

Aqui dá para escutar (e baixar) todos os programas já feitos pela gurizada.

Segue abaixo, o release do programa desta semana:


Heranças culturais e estilos musicais nativos, mesclados em uma sonoridade forte e envolvente fazem a Música Cubana. Contagiante, alegre, muitas vezes melancólica e sentimental, ratificando o caráter eclético dos sons de uma ilha de história e valores tão peculiares. Envolvente, em todas suas vertentes.

Nesta quarta-feira, o Pró-Música desembarca na ilha de Fidel e traz para você os expoentes da vasta gama de ritmos que embalam esse pequeno país. A entrevistada do programa é a professora cubana de música Rosa Maria Tolon, que já ministrou aulas para grandes nomes da música da ilha. Formada em Cuba, possui Mestrado em Música na Rússia.
Quarta-feira, 11 da noite, nos 800 AM da Rádio Universidade e reapresentação no Domingo, às 3 da tarde. Também pelo site www.ufsm.br/radio

2.24.2007

Os melhores álbuns do século XX (6), parte 2

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Tem várias vídeos interessantes de Marvin Gaye no You Tube . Um dos mais é esse aqui abaixo, o cantor fazendo um playback descarado em um programa de TV, ao que parece.

Os melhores álbuns do século XX (6)

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O sexto melhor álbum do século segundo a Rolling Stone americana é o primeiro (e único) dos 10 primeiros que não tem uma ligação direta com o rock: What's Going On, do Marvin Gaye.





Marvin Gaye foi um dos grandes cantores da Soul music, se não O grande cantor do estilo. Começou a sua carreira no início dos anos 60 na histórica gravadora Motown, que praticamente redefiniu o que era R&B e a Soul Music para os nossos tempos.

Como cantor/produtor/arranjador contratado da gravadora, Marvin entrou na cartilha de produção da Motown: músicas com arranjos limpos e super-produzidos, letras falando de temas amenos (o amor, relacinamentos) , imagem impecável (ternos bem cortados, bom comportamento). Foi o grande vendedor de discos do selo na década de 1960, tornando-se uma espécie de ícone para os americanos, o exemplar perfeito do homem negro: bonito, romântico, charmoso.

Mas foi então que, ao final da década, ele resolveu dar uma guinada na sua carreira. Cansado de cantar letras exclusivamente de amor, Marvin queria falar do seu tempo, nao apenas "enterter". O dono da Motown, Barry Gordy Jr., com medo de que essa guinada não fosse vender discos, logo tratou de minar as novas idéias do cantor. Marvin ameaçava deixar o selo se não gravasse um disco da maneira que quisesse - sem intervenções externas ou letras excessivamente românticas -, cantando sobre coisas que dissessem algo da época que vivia (os turbulentos finais dos anos 60 e início dos 70).

Bateu tanto o pé que conseguiu o que queria, e o resultado foi lançado em 1971, "What's Going On". As letras falavam de Deus, Paz, Ecologia, algo até então inédito para a Soul Music. E para a surpresa do dono da Motown, o álbum foi um enorme sucesso: primeiro lugar da lista da Billboard, críticas altamente positivas em veículos respeitados como a Rolling Stone, NY Times, Time, e ainda 2 milhões de cópias vendidas em 1971.


Veja abaixo o texto da seção "Discoteca Básica", da Revista Bizz, sobre o álbum. Texto escrito por José Augusto Lemos.

Quando, em 85, o staff do NME elegeu este "O Melhor LP de Todos os Tempos", houve alguma surpresa e nenhuma contestação. Afinal, a primeira coisa que se pode dizer sobre o disco é que nunca houve tamanha síntese - gospel, rhythm'n'blues, jazz e doo-wop na mútua fertilização de uma soul music 24 quilates e 1.001 filigranas.

Marvin Gaye atravessara a década de 60 como um curinga no celeiro/linha-de-montagem da Motown - além de gravar como cantor, participava aqui e ali como compositor, arranjador, produtor e instrumentista (além de piano, toca bateria em vários dos hits das Supremes). Todos os contratados da gravadora tinham, porém, de se encaixar no rígido molde pop ditado e concebido por Berry Gordy Jr. Do repertório ao vestuário, passando por aulas de dicção e "boas maneiras", todas as "arestas" de negritude eram aparadas em nome de um romantismo platônico e doce (mas nunca meloso). O transe carnal dos blues e espiritual do gospel ainda estava lá, mas em baixíssimos teores.

Com essa fórmula, Gordy - tendo iniciado seu selo independente a partir de sua loja de discos - tomou conta das eletrolas e radinhos de pilha do universo. Pop clássico, eterno - mas uma camisa-de-força para talentos como Marvin Gaye e Stevie Wonder, cujo potencial só seria revelado no começo dos anos 70, quando conquistaram sua autonomia dentro da gravadora.

What's Going On foi a primeira batalha ganha nessa guerra e custou todo o cacife do cantor. O lançamento atrasou alguns meses porque a Motown não queria editá-lo de jeito nenhum, alegando que as músicas (a) eram longas demais; (b) não tinham começo, nem meio, nem fim; (c) não falavam de "amor" , e sim de religião, política, drogas, ecologia. Marvin ameaçou não gravar mais uma nota sequer pela gravadora, e fez pé firme. Ganhou estourando a banca. Três das faixas - a título, mais "Mercy, Mercy Me" e "Inner City Blues" - viraram hits singles e, até hoje, as vendas do LP somam oito milhões de cópias só nos EUA.

Venceu, assim, a visão de um gênio que confessou ter passado a segunda metade dos 60 atormentado com a "irrelevância" do que estava gravando, diante da revolução de consciência que ocorria no mundo e do surgimento do selo Stax, afiando todas as arestas que a Motown limara. Dirigindo-se, desde os primeiros sulcos, aos "brothers" e "sisters", Marvin compõe um manifesto panorâmico da vida no gueto - pobreza, violência e drogas - antes de atacar as "questões universais" que tinham arrepiado a diretoria da Motown.

Musicalmente, não existe nada mais doce. As faixas se interligam numa só levada, lânguida e hipnoticamente esticada numa espécie de suíte. Tudo flui numa textura de cordas e metais que Paddy McAloon, do Prefab Sprout, definiu como "Mozart de patins". Marvin não escrevia, mas contornou o problema gravando fitas e fitas assobiando as frases dos violinos, transcritas então pelo regente/orquestrador David van DePitte. Produzido pelo próprio cantor, o disco exibe uma maestria instrumental certamente assimilada no trabalho com Norman Whitfield, que um dia ainda será reconhecido como um dos maiores gênios da música do século XX. Sua entrada na Motown como compositor/arranjador/produtor redefiniu o pop como a marca registrada da gravadora, principalmente com os Temptations. Com Marvin, desenvolveu o monumento "I Heard It Through the Grapevine", o que já bastaria como credencial. Em What's Going On, porém, Marvin mostra que já não precisava dele, nem de ninguém. Os vários canais de gravação são utilizados num show vocal, algo como um grupo doo-wop de um homem só, em contracantos e harmonias que talvez só Sam Cooke poderia igualar, houvesse em sua época tecnologia para isso.

José Augusto Lemos

Veja abaixo as faixas do álbum:

Lado A
  1. "What's Going On" (Al Cleveland, Marvin Gaye, Renaldo Benson) – 3:52
  2. "What's Happening Brother" (James Nyx, M. Gaye) – 2:44
  3. "Flyin' High (In the Friendly Sky)" (M. Gaye, Anna Gordy Gaye, Elgie Stover) – 3:49
  4. "Save the Children" (Cleveland, M. Gaye, Benson) – 4:03
  5. "God is Love" (M. Gaye, A. Gaye, Stover, Nyx) – 1:49
  6. "Mercy Mercy Me (The Ecology)" (M. Gaye) – 3:49

Lado B

  1. "Right On" (Earl DeRouen, M. Gaye) – 7:31
  2. "Wholly Holy" (Cleveland, M. Gaye, Benson) – 3:08
  3. "Inner City Blues (Make Me Wanna Holler)" (M. Gaye, Nyx) – 5:26


Clique AQUI para baixar o disco.


Depois de baixado, na hora de descompactar use a senha: theanimefan


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2.16.2007

Carnaval para quem não gosta de carnaval

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Décima edição da festa do Clube da Criança Junkie é uma boa opção para quem busca um carnaval diferente, pelo menos na sexta-feira...


“Nessa selva de pedra é sempre a mesma coisa: todo mundo trabalha o ano inteiro e quando chega o carnaval...é Globeleza! Esse círculo vicioso que nos conduz para o lado negro da força e acaba deixando nossas férias frustradas não pode nos impedir de pintar o arco-íris de energia. Até porque, hoje eu vou tomar um porre, não me socorre que eu tô feliz!”.


O texto de apresentação da 10º edição da Festa do Clube da Criança Junkie, reproduzido acima com alguns cortes “providencias”, dá bem o tom do que esperar na festa a ser realizada amanhã, no Macondo Bar, a partir das 23h : nada de samba, pagode, axé e assemelhados típicos de festas de carnaval, mas muito pop-rock nacional e internacional dos anos 80 e 90 e até músicas infantis de gente como Xuxa, Balão Mágico, Angélica, dentre outros.

Em sua décima edição, a festa é uma boa opção de diversão no feriadão para aqueles que não gostam do carnaval mais tradicional - de festas em clubes, blocos ou mesmo em quadras de Escolas de Samba, que praticamente monopolizam a programação nesta época em Santa Maria. E quem já foi em alguma das edições anteriores da “festa da Criança Junkie” sabe que diversão é o que não falta por lá.

Amanhã, o especial musical será com uma das grandes bandas do rock nacional, o Ultraje a rigor. As já tradicionais performances, distribuição de doces e exibição de filmes clássicos da década de 1980 também estão na programação. O ingresso custa R$ 7,00 e R$ 5,00 para quem estiver “fantasiado” (?) de anos 80.



-Jornal A Razão, 15 de Fevereiro de 2007-




2.12.2007

Os melhores álbuns do século XX (5)

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Novamente os Beatles. O quinto melhor álbum do século segundo a revista Rolling Stone é o sexto álbum da banda inglesa: Rubber Soul.




Rubber Soul ("alma de borracha", seria um trocadilho com a soul music, rubber sole - sola de borracha) foi gravado entre os meses de Junho e Novembro de 1965 e lançado em 3 de Dezembro do mesmo ano.

Produzido pelo fiel escudeiro George Martin, é considerado o disco da "virada" da banda, onde o som se torna-se mais eclético, sofisticado e as letras mais elaboradas, deixando de versar quase que exclusivamente sobre o amor e os relacionamentos para tratar de temas existenciais, fama, drogas, entre outras assuntos.

Em 1965 os Beatles já estavam bem consolidados como popstars. Mandavam no estúdio, tinham reservados os melhores horários de gravação, opinavam e aprovavam as capas e se davam o direito de escolher o nome dos discos, o que até então não acontecia. A própria capa de Rubber Soul é um caso a parte (clique aqui para saber mais dela), mostrando a banda levemente deformada, prova de que naquela época eles começavam pouco a se importar com a imagem bem comportada feita por encomenda por Brian Epstein, predominante até então.

Além das 14 músicas gravadas para o disco, eles ainda se deram tempo de escolher duas para o próximo single: "Day Tripper / We Can Work it Out", um duplo 'lado A' não incluído no LP, mas que foram dois dos maiores sucessos da banda, ficando em primeiro lugar nas paradas britâncias e americanas (veja capa do single aqui).

Diz a lenda que este deveria ser um álbum duplo, mas a insuficiência de músicas o tornou um só. Mesmo assim, o que seria o primeiro tema unicamente instrumental dos Beatles - a música '12-Bar Original´ - foi excluída.

Veja abaixo o comentário de cada faixa (clique no nome de cada uma para ver a respectiva letra), retirado do site www.getback.com.br, com alguns comentários meus incluídos.

Lado A


DRIVE MY CAR ( Lennon/McCartney )
Gravada em 13 de Outubro 1965
Apesar de John e Paul cantarem praticamente juntos, esta música é de Paul McCartney, que também toca piano. Em sua excursão mundial de 1993, Paul usaria esta música como abertura dos shows.


NORWEGIAN WOOD (THE BIRD HAS FLOWN) ( Lennon/McCartney )
21 de Outubro 1965
Uma maneira discreta de John falar sobre um 'affair'. Foi composta na antiga mansão de John (Kenwood Home ), com Paul ajudando-o em poucas palavras. George pela primeira vez usa uma cítara - instrumento indiano que conheceu durante as gravações de 'Help!'. A cítara o aproximaria da religião oriental, que se tornaria presente na sua filosofia e música. John canta a música, com Paul fazendo o backing na parte do meio.


YOU WON'T SEE ME ( Lennon/McCartney )
11 de Novembro 1965
Uma música de Paul ainda no estilo do álbum 'Help!'. Paul canta e toca piano, além do baixo. Mal Evans toca o órgão Hammond.


NOWHERE MAN ( Lennon/McCartney )
21, 22 de Outubro 1965
Precisando com urgência de uma música e sofrendo de bloqueio de inspiração John apenas se imaginou como um 'Homem de lugar nenhum', e a música veio por si. É uma das primeiras letras "filosóficas" de Lennon, e mostra bem a evolução deste como letrista. Outro exemplo do trabalho de 3 vozes de John, Paul e George.


THINK FOR YOURSELF ( Harrison )
08 de Novembro 1965
George dando seu ar de espirituosidade e filosofia. Ele toca guitarra distorcida com o baixo. Uma revolução nos intrumentos musicais estava também acontecendo naquela época, e George de vez em quando aparecia com um pedal novo, desta vez um de distorção, que se tornaria bastante usado daí por diante. George canta, como faz na maioria das suas faixas.


THE WORD ( Lennon/McCartney )
10 de Novembro 1965
Uma das primeiras músicas que trata da palavra 'Amor' num conceito universal. Abordada mais tarde em 'All You Need is Love', seria o jargão da tribo Hippie que estava surgindo naquela época. Composta por John com ajuda de Paul. John canta, Paul toca piano e George Martin harmonium.


MICHELLE ( Lennon/McCartney )
03 de Novembro 1965
Yesterday, Michelle, Eleanor Rigby... Agora em cada disco Paul nos presentearia com uma bela balada. Assim como sua antecessora, Michelle teve um número considerável de regravações - apenas um mês depois do lançamento, ja eram 20., Isso a tornou a 2ª música com mais versões de todos os tempos (a 1ª é Yesterday) . Paul canta, sendo que teve a ajuda de uma amiga para a frase em francês. Um dos solos mais memoráveis de George pode ser ouvido nesta música.


Lado B

WHAT GOES ON ( Lennon/McCartney/Starkey )
04 de Novembro 1965
Ringo não estava numa fase boa para sua faixa nos discos. Suas últimas participações foram fracas, rejeitadas ou simplemente não ocorreram. Para este disco, Paul pegou uma antiga canção de John e a ajeitou junto com Ringo, o que a fez a única parceiria de Lennon-McCartney-Starkey e o primeiro crédito a Ringo como compositor. Tem forte influência country.


GIRL ( Lennon/McCartney )
11 de Novembro 1965
Última música a ser gravada para o disco, escrita por John para uma garota irreal. Mas não só um caso de amor. Aqui ele divaga sobre catolicismo e cristianismo. Sinal dos tempos. John canta. Paul e George fazem uma certa brincadeira no meio com a palavra 'tit'....


I'M LOOKING THROUGH YOU ( Lennon/McCartney )
10, 11 de Novembro 1965
Escrita por Paul quando Jane Asher (sua namorada) o abandonou temporariamente. Meio desculpa, meio acusação, esta foi uma maneira de Paul mandar suas mensagens pessoais. Os Beatles chegaram a gravar duas versões bem distintas dessa música. A primeira, rejeitada, encontra-se no álbum 'Anthology 2'. Paul canta e Ringo, além da bateria, toca um órgão Hammond.


IN MY LIFE ( Lennon/McCartney )
18, 22 de Outubro 1965
Uma das mais bonitas letras de John Lennon. Apesar de John afirmar que fez a melodia sozinho, Paul, em seu livro 'Many Years From Now', diz que o ajudou. George Martin toca o piano 'Elizabetano' da parte do meio. Em 1998, George Martin daria o nome de 'In My Life' ao seu CD, e nesta música, Sean Connery emprestaria sua voz numa inesquecível interpretação.


WAIT ( Lennon/McCartney )
17 de Junho, 11 de Novembro 1965
Gravada durante as sessões de 'Help', esta música de John e Paul foi abandonada e depois finalzada. John e Paul cantam, e pelo que parece, cada um fez uma parte diferente. George ainda usa seu pedal de volume na guitarra.


IF I NEEDED SOMEONE ( Harrison )
16, 18 de Outubro 1965
A 2ª música de George no disco. Precursora de 'Here Comes The Sun', já que o vocal foi feito por base no riff de guitarra, teve uma versão pelos 'The Hollies' lançada no ano seguinte. George canta sustentado por John e Paul.


RUN FOR YOU LIFE ( Lennon/McCartney )
12 de Outubro 1965
A primeira música gravada para o disco é a última faixa do mesmo. Ainda com uma certa reminescência de 'Help!', essa música foi odiada por John (como diria anos depois). O próprio John a compôs, sendo que a primeira linha foi tirada de uma música de Elvis Presley.


Clique aqui para baixar o álbum.
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2.08.2007

"Agenda Seattle"

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O blog não costuma publicar muito programações de bares daqui de Santa Maria, por pura preguiça mesmo. Mas essa semana vai abrir uma exceção:



Duas bandas com sonoridades bem diferentes, mas parceiras fora do palco, vão tocar amanhã no Seattle Studio Bar: Tijolo Seis Furos (TSF) e Casa Verde. A TSF, que talvez seja a banda mais ativa de Santa Maria, vai tocar o seu hardcore tosco pela primeira vez depois da tour que realizaram pela Argentina no fim do mês passado; já a Casa Verde é uma banda relativamente nova que toca um pop-rock com uma pitada de MPB. A formação da banda conta com Alexssandro, guitarrista da TSF, no baixo, Jackson na guitarra e voz, Luis Abel na bateria e Marcelo Cabala na percussão e vocal de apoio.

No sábado, quem faz show no bar é a roqueira João Clichê, que mistura os clássicos do rock dos anos 70º com diversos “improvisos espontâneos”.


Os festejos no bar começam a partir das 22h, com ingressos a R$4,00 o masculino e R$3,00 feminino. O Seattle fica na rua Floriano Peixoto 1592 quase esquina com a Av. Presidente Vargas.

As comunidades das bandas trazem mais informações: TSF e Casa Verde.

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2.05.2007

Beatles do mal

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Pouco tempo atrás, em Dezembro, publiquei aqui uma espécie de resenha sobre o "novo" disco dos Beatles, Love.

Pois bem: surgiu uma cópia profana de Love, que, como não poderia deixar de ser, se chama Hate. Produzida pelo ex-DJ alemão Fritz Von Rute, o CD propõe uma mexida mais abusada nas músicas dos fab four, inserindo barulhinhos eletrônicos e o "batidão" clássico das músicas eletrônicas mais pop.

O resultado, como era de se esperar, não ficou dos melhores.
Aqui dá para escutar "Drive my car" (que virou "Drive my war"),
e aqui "Tomorrow never knows", que virou "Tomorrow never blows".

Leia mais sobre Hate aqui.


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2.02.2007

Reportagem (20): Vem aí a "new rave"

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Estilo que mistura rock alternativo, música eletrônica e o clima das festas raves é a nova febre das pistas de dança do planeta


Que a cena musical britânica, a cada semana, apresenta uma banda que nem bem gravou disco como a nova “promessa” da música mundial já não é mais nenhuma novidade; casos recentes como Coldplay, Franz Ferdinand, Libertines e Artic Monkeys estão aí para lembrar.

Algumas destas bandas vingam e se tornam, realmente, sucesso mundial, como é o caso do Coldplay, que faz show neste mês no Brasil, e do Franz Ferdinand (aqui uma mostra do poderio do quarteto escocês, e aqui uma bela análise do primeiro dos dois álbuns da banda). Outras sucumbem ao preço do sucesso repentino e terminam sem tempo de mostrar que são mais do que um mero hype, caso do Libertines.

Pois bem. A nova modinha vindo da Inglaterra agora não é bem em torno de uma banda, mas de várias que, juntas, estão criando uma espécie de nova "cena" mundial que atende por um nome: "new rave".

Como o nome já entrega, a "new rave" mistura as guitarras do rock com o clima colorido, festivo, e chapado das festas raves. Nada que Prodigy, Chemical Brothers e outras bandas dos anos 90 já não tenham feito parecido, mas a principal diferença parece ficar no clima alternativo da coisa, seja no visual - o mais colorido e chamativo possível, com muito néon e cores berrantes nas roupas (como se percebe na foto que abriu esse post, de um show do Klaxons) – nos barulhos esquisitos nas músicas - sirenes, apitos, assovios – ou nas guitarras e melodias emprestadas do rock alternativo.

O Cenabeatnik apresenta logo abaixo alguma das bandas mais destacadas da chamada “new rave” que, inclusive, já ganhou a presença de dois brasileiros: o Cansei de Ser Sexy (CSS) e o Bonde do Rolê.

Ainda é cedo para dizer se a new rave pode vir a se tornar um “movimento” como foi o punk-rock nos final dos anos 70, o pós-punk e o gótico nos 80 ou mesmo o das primeiras festas raves no início dos anos 90. Porém, em tempos onde a complexidade e a sobreposição de estilos é a tônica da chamada “pós-modernidade”, a
new rave se apresenta como mais uma genuína tradução dos anos 2000, com a diferença de que o foco agora parece apontar para a frente, quase que exclusivamente para o futuro.

O que, diga-se, é uma baita diferença, já que os estilos que predominam nas paradas atuais são eminentemente retrôs - veja o rock, por exemplo, das mesmas bandas citadas no início desse post.

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Klaxons



O trio inglês Klaxons (que hoje é quarteto) é o principal nome da new rave. Surgiu de mansinho, fazendo algumas festas nos arredores de Londres, e já com o primeiro single, lançado em março de 2006, chamou atenção da mídia inglesa. “Gravity’s Rainbow”, a primeira música da banda, é uma interessante mistura de rock alternativo, dance music e psicodelia, com pitadas até de punk.

Depois de mais alguns singles de sucesso lançados ano passado, eles assinaram com uma grande gravadora e preparam o seu primeiro álbum para início de fevereiro agora. Além do som, o Klaxons chama atenção também pelo visual, marcado pelas cores berrantes e os acessórios inspirados no mundo dos games dos anos 90, e o clima futurista das letras e sons, que vão contra a maré de ondas retrô que assolam a cena pop mundial.

Para escutar as músicas da banda é só acessar o espaço deles no My Space



Bono Must Die

O que pode se esperar de uma banda com o sugestivo nome de Bono Must Die? No mínimo, violência. E é mais ou menos esse o mote da banda, que representa o lado mais “dark” da new rave, com letras inspiradas em filmes de horror e uma sonoridade mais barulhenta, pesada, uma mistura de punk com a drum’bass.

Site: www.myspace.com/bonomustdie


Hadouken

Outra banda da cena que capricha no nome é a Hadouken, do interior da Inglaterra. Quem já jogou video game na vida sabe que o nome vem da famosa bola azul de energia soltada pelos personagens do Street Fighter, Ryu e Ken.
O diferencial da Hadouken é uma levada mais ligada ao rap, algo como uma mistura de dance-music, rock e rap.

Site: www.myspace.com/hadoukenuk



Cansei de ser Sexy



Hoje, o Cansei de Ser Sexy é a banda brasileira que mais faz shows no exterior. Desde final do ano passado, quando assinaram com a gravadora americana Sub-Pop, a mesma que descobriu o grunge na virada dos anos 80 para os 90, o sexteto (formado por cinco garotas e um cara) paulista está em turnê pelo mundo, primeiro Estados Unidos, agora Europa.
O clima festivo e fashion dos shows, a mistura inusitada de barulhos eletrônicos toscos com guitarras ainda mais toscas e as letras (em sua maioria em inglês) sarcásticas/engraçadinhas fizeram com que a mídia inglesa rapidamente os “enquadrasse” no rótulo da new rave, embora o som da banda seja bastante diferente do Klaxons, por exemplo.

Depois de um primeiro álbum elogiado (curiosidade: o disco é duplo; o primeiro contém as músicas e o segundo é virgem, para, segundo a banda, cada um que comprasse gravasse as músicas do primeiro no segundo e presenteassem para um amigo, algo que vai bem a calhar com o clima anárquico da banda), o CSS prepara álbum novo para lançamento em junho ou julho deste ano.

Site: www.myspace.com/canseidesersexy



Bonde do Rolê


O Bonde do Rolê é um trio curitibano que teve uma grande idéia não nova: pegar dois ritmos pra lá de divertidos - no caso, o funk carioca e o hard rock – e misturá-los. O resultado é surpreendentemente bom: riffs de bandas como AC/DC e The Darkness com o batidão e as letras bagaceiras típicas do funk carioca são um convite para até os mais alternativos rebolarem.
Por falar em letra bagaceira, uma pequena amostra do nível delas:

Melô do Vitiligo:
fui no botecao / pra tomar uma caipirinha/ espremeu limão errado/ manchou toda minha pelinha / as viada tudo loca/ já criaram confusao/ perguntaram é vitiligo/ eu disse é mancha de limao
vai vai vai vitiligo (4x)

parece vitiligo, mas é mancha de limao

Quer outra? Aí vai:

Melô do Robôróque
Cus amigu lá da frança conheci dafiti punk / Ouvi na cretinage sampriei i fiz um funk / Os gringo tudo safado já entraro nesse bonde / Om mó taime, arandeuôurdi, rárdi bédi, fésti shtrongue / Na melô do roboróque num dá pra ficá parado / As mina faiz ér guitá e os preibói fica bolado/ Capacete na cabessa, breiquidênce até o chão / Vai mexeno rebolano e olhando a luiz neom

Outras letras da banda podem ser vistas aqui.

Mas o que isso tem a ver com a new rave? Nem a banda sabe. Eles caíram dentro do rótulo por sair em turnê pelos Estados Unidos junto com o Cansei de Ser Sexy e, assim como estes, ganharem as pistas de dança das festas descoladas da Inglaterra. Preparam disco para a metade deste ano.

Site: www.myspace.com/bondedorole


-Jornal A Razão, 1 de Fevereiro de 2007 (com modificações)-




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