2.02.2007

Reportagem (20): Vem aí a "new rave"

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Estilo que mistura rock alternativo, música eletrônica e o clima das festas raves é a nova febre das pistas de dança do planeta


Que a cena musical britânica, a cada semana, apresenta uma banda que nem bem gravou disco como a nova “promessa” da música mundial já não é mais nenhuma novidade; casos recentes como Coldplay, Franz Ferdinand, Libertines e Artic Monkeys estão aí para lembrar.

Algumas destas bandas vingam e se tornam, realmente, sucesso mundial, como é o caso do Coldplay, que faz show neste mês no Brasil, e do Franz Ferdinand (aqui uma mostra do poderio do quarteto escocês, e aqui uma bela análise do primeiro dos dois álbuns da banda). Outras sucumbem ao preço do sucesso repentino e terminam sem tempo de mostrar que são mais do que um mero hype, caso do Libertines.

Pois bem. A nova modinha vindo da Inglaterra agora não é bem em torno de uma banda, mas de várias que, juntas, estão criando uma espécie de nova "cena" mundial que atende por um nome: "new rave".

Como o nome já entrega, a "new rave" mistura as guitarras do rock com o clima colorido, festivo, e chapado das festas raves. Nada que Prodigy, Chemical Brothers e outras bandas dos anos 90 já não tenham feito parecido, mas a principal diferença parece ficar no clima alternativo da coisa, seja no visual - o mais colorido e chamativo possível, com muito néon e cores berrantes nas roupas (como se percebe na foto que abriu esse post, de um show do Klaxons) – nos barulhos esquisitos nas músicas - sirenes, apitos, assovios – ou nas guitarras e melodias emprestadas do rock alternativo.

O Cenabeatnik apresenta logo abaixo alguma das bandas mais destacadas da chamada “new rave” que, inclusive, já ganhou a presença de dois brasileiros: o Cansei de Ser Sexy (CSS) e o Bonde do Rolê.

Ainda é cedo para dizer se a new rave pode vir a se tornar um “movimento” como foi o punk-rock nos final dos anos 70, o pós-punk e o gótico nos 80 ou mesmo o das primeiras festas raves no início dos anos 90. Porém, em tempos onde a complexidade e a sobreposição de estilos é a tônica da chamada “pós-modernidade”, a
new rave se apresenta como mais uma genuína tradução dos anos 2000, com a diferença de que o foco agora parece apontar para a frente, quase que exclusivamente para o futuro.

O que, diga-se, é uma baita diferença, já que os estilos que predominam nas paradas atuais são eminentemente retrôs - veja o rock, por exemplo, das mesmas bandas citadas no início desse post.

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Klaxons



O trio inglês Klaxons (que hoje é quarteto) é o principal nome da new rave. Surgiu de mansinho, fazendo algumas festas nos arredores de Londres, e já com o primeiro single, lançado em março de 2006, chamou atenção da mídia inglesa. “Gravity’s Rainbow”, a primeira música da banda, é uma interessante mistura de rock alternativo, dance music e psicodelia, com pitadas até de punk.

Depois de mais alguns singles de sucesso lançados ano passado, eles assinaram com uma grande gravadora e preparam o seu primeiro álbum para início de fevereiro agora. Além do som, o Klaxons chama atenção também pelo visual, marcado pelas cores berrantes e os acessórios inspirados no mundo dos games dos anos 90, e o clima futurista das letras e sons, que vão contra a maré de ondas retrô que assolam a cena pop mundial.

Para escutar as músicas da banda é só acessar o espaço deles no My Space



Bono Must Die

O que pode se esperar de uma banda com o sugestivo nome de Bono Must Die? No mínimo, violência. E é mais ou menos esse o mote da banda, que representa o lado mais “dark” da new rave, com letras inspiradas em filmes de horror e uma sonoridade mais barulhenta, pesada, uma mistura de punk com a drum’bass.

Site: www.myspace.com/bonomustdie


Hadouken

Outra banda da cena que capricha no nome é a Hadouken, do interior da Inglaterra. Quem já jogou video game na vida sabe que o nome vem da famosa bola azul de energia soltada pelos personagens do Street Fighter, Ryu e Ken.
O diferencial da Hadouken é uma levada mais ligada ao rap, algo como uma mistura de dance-music, rock e rap.

Site: www.myspace.com/hadoukenuk



Cansei de ser Sexy



Hoje, o Cansei de Ser Sexy é a banda brasileira que mais faz shows no exterior. Desde final do ano passado, quando assinaram com a gravadora americana Sub-Pop, a mesma que descobriu o grunge na virada dos anos 80 para os 90, o sexteto (formado por cinco garotas e um cara) paulista está em turnê pelo mundo, primeiro Estados Unidos, agora Europa.
O clima festivo e fashion dos shows, a mistura inusitada de barulhos eletrônicos toscos com guitarras ainda mais toscas e as letras (em sua maioria em inglês) sarcásticas/engraçadinhas fizeram com que a mídia inglesa rapidamente os “enquadrasse” no rótulo da new rave, embora o som da banda seja bastante diferente do Klaxons, por exemplo.

Depois de um primeiro álbum elogiado (curiosidade: o disco é duplo; o primeiro contém as músicas e o segundo é virgem, para, segundo a banda, cada um que comprasse gravasse as músicas do primeiro no segundo e presenteassem para um amigo, algo que vai bem a calhar com o clima anárquico da banda), o CSS prepara álbum novo para lançamento em junho ou julho deste ano.

Site: www.myspace.com/canseidesersexy



Bonde do Rolê


O Bonde do Rolê é um trio curitibano que teve uma grande idéia não nova: pegar dois ritmos pra lá de divertidos - no caso, o funk carioca e o hard rock – e misturá-los. O resultado é surpreendentemente bom: riffs de bandas como AC/DC e The Darkness com o batidão e as letras bagaceiras típicas do funk carioca são um convite para até os mais alternativos rebolarem.
Por falar em letra bagaceira, uma pequena amostra do nível delas:

Melô do Vitiligo:
fui no botecao / pra tomar uma caipirinha/ espremeu limão errado/ manchou toda minha pelinha / as viada tudo loca/ já criaram confusao/ perguntaram é vitiligo/ eu disse é mancha de limao
vai vai vai vitiligo (4x)

parece vitiligo, mas é mancha de limao

Quer outra? Aí vai:

Melô do Robôróque
Cus amigu lá da frança conheci dafiti punk / Ouvi na cretinage sampriei i fiz um funk / Os gringo tudo safado já entraro nesse bonde / Om mó taime, arandeuôurdi, rárdi bédi, fésti shtrongue / Na melô do roboróque num dá pra ficá parado / As mina faiz ér guitá e os preibói fica bolado/ Capacete na cabessa, breiquidênce até o chão / Vai mexeno rebolano e olhando a luiz neom

Outras letras da banda podem ser vistas aqui.

Mas o que isso tem a ver com a new rave? Nem a banda sabe. Eles caíram dentro do rótulo por sair em turnê pelos Estados Unidos junto com o Cansei de Ser Sexy e, assim como estes, ganharem as pistas de dança das festas descoladas da Inglaterra. Preparam disco para a metade deste ano.

Site: www.myspace.com/bondedorole


-Jornal A Razão, 1 de Fevereiro de 2007 (com modificações)-




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4 comentários:

carolina disse...

ah, não suporto essa modinha new rave, indie, blasé. e acho cansei de ser sexy péssimo. Pronto! falei.
Bonde do rolê também é fraco. é pose demais, música de menos.
eeee, sobre o amarante, nem sabia daquilo que comentou não, vou procurar, e caso consiga antes de mim, me manda, pode ser? ,D

Augusto Paim disse...

Esse caderno de cultura do A Razão tá de alto nível...

Leonardo disse...

Menos a parte gráfica, que continua a mesma merda de sempre. Ainda bem que existe o blog pra gente poder diagramar e organizar do jeito que quer...

Aoife disse...

"New rave"? Hace poco escribi sobre laberinto fastidioso de todos los nuevos (supuestos) generos dentro de la musica elecontrica (folktronica, ghettotechno, IDM etc) No puedo creer que hayan inventado otro!!

Respeto a los grupos: lo q oí de Klaxons está guapo, CSS más o menos pero eschuchar con frecuencia el último ejemplo creo que me garantizará nunca alcanzar nirvana...

Buen post
sssaludos