1.30.2007

Os melhores álbuns do século XX (4)

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Nem Beatles, nem Beach Boys, mas ainda nos anos 60. O quarto melhor disco do século passado escolhido pela revista Rolling Stone americana é do maior artista da música popular americana:





Highway 61 Revisited é o sexto álbum de estúdio de Bob Dylan, gravado entre 15 de junho e 4 de maio de 1965, no estúdio da Colúmbia.
Dos 10 que encabeçam a lista da Rolling Stone, é o primeiro a ser lançado, seguido logo de perto do quinto lugar, "Rubber Soul, dos Beatles, que será detalhado na semana que vem.

Também conhecido por "Blues Higway", Higway 61 Revisited foi o primeiro disco de Dylan totalmente gravado junto de uma banda de rock, depois de experimentar o mesmo formato em algumas faixas do anterior, o também clássico Bringing It All Back Home, gravado no início do mesmo ano.

Para quem começava a construir uma carreira sólida na chamada "folk music", marcada pela tríade "voz-violão-gaita", a presença de uma banda de rock foi uma atitude pra lá de corajosa; esse vídeo, apresentado recentemente no magistral documentário sobre a vida de Dylan "No Direction Home", dirigido por Martin Scorsese, mostra a reação dúbia da platéia diante de um Dylan "eletrificado": ao final da música ("Like a Rolling Stone"), enquanto a maioria aplaude, os fãs mais puristas do folk vaiam o artista, decepcionados com a mudança de postura. Dá até para se escutar um grito de "Judas" saído de alguns mais exaltados.


O texto abaixo, reproduzido do site Mofo, traz um depoimento do produtor do disco, Bob Johnston, sobre o período de gravação o do álbum:


"Bob conseguiu desenvolver uma ótima atmosfera dentro do estúdio. Se ele achava que não estava em um bom dia, parávamos e continuávamos na tarde seguinte. Os músicos sempre o respeitaram, pois sabiam que Dylan era um dos melhores do mundo e Bob sempre utilizou isso a seu favor. E Dylan sempre foi uma pessoa que gosta de desafios. Ele não segue ninguém, ele é seguido. Quando ele faz algo, o mundo inteiro o copia. Seu método de trabalho é simples. Ele utiliza um mínimo de
overdubs e grava tudo rapidamente em poucos takes. Eu posso até passar uma semana mixando uma canção, mas a decisão final sempre será dele. Ele é um perfeccionista e não aceita uma versão boa, só a melhor. É uma das pessoas mais intensas que existe e realmente não acho que sou o 'produtor' de seus discos, mas sei que fiz o meu melhor quando ele fica com um sorriso nos lábios."


Faixas (clique em cada uma para ver a respectiva letra ou mais informações sobre a música)


Lado A

1) "Like a Rolling Stone" – 6:09
Talvez o maior clássico de Dylan, inúmeras vezes regravado e imitado. Ao contrário do que alguns imaginam, a letra não tem ligação nenhuma com o Rolling Stones (que a regravaram também), e sim com se sentir "como uma pedra rolando", uma metáfora usada por Dylan.

2) "Tombstone Blues" – 5:57
Uma letra estranha, que cita Jack O Estripador, João Batista, Paul Revere, Belle Starr, Jezebel, e, além de tudo, faz uma crítica à Guerra do Vietnã.

3) "It Takes a Lot to Laugh, It Takes a Train to Cry" – 4:05

4) "From a Buick 6" – 3:15
Fala de uma garota que cuida do "eu lírico" da letra.
"Bem, se eu cair morto/você sabe/é provável que ela coloque um lençol/na minha cama" diz a letra.

5) "Ballad of a Thin Man" – 5:55
Conta a história de Mr. Jones, um dos mais estranhos personagem criados por Dylan, provavelmente um dos mais peculiares de toda a música pop. Mr. Jones virou simplesmente um mito que nunca foi decifrado e sempre que perguntado sobre o personagem, Dylan dava uma resposta mais confusa que outra: "eu não posso dizer quem ele é ou ele me processará"; "são várias pessoas"; "alguém muito poderoso", etc..
O Mr. Jones da letra é um homem que se encontra sozinho em um quarto, nu, e que não reconhece a si mesmo.


Lado B

6) "Queen Jane Approximately" – 5:28

7) "Highway 61 Revisited" – 3:26
Fala da estrada que passa por Duluth, cidade natal do artista e que a liga ao resto do país. Através dela, faz uma metáfora da violência com textos bíblicos.

8) "Just Like Tom Thumb's Blues" – 5:28

9) "Desolation Row" – 11:21
Outra lestra bastante estranha de Dylan. Fala do Apocalipse, com inspirações no livro The Waste Land de T. S. Eliot e o poema Howl, do poeta beat Allen Ginsberg. "Eles estão vendendo cartões postais sobre o enforcamento/ Eles estão pintando os passaportes de marrom/ O salão de beleza está lotado de marinheiros/ O circo está na cidade/ Lá vem o comissário cego/ Eles o mantêm em um transe/ Uma mão amarrada/ Ao equilibrista que caminha pela corda bamba..."
São as primeiras linhas da canção que fecha um dos discos mais poderosos da história.

Duração aproximada do disco: 51:04


"A lot of great basic American culture came right up that highway and up that river," Robert Shelton told a BBC interviewer. "And as a teenager Dylan had travelled that way on radio. ... Highway 61 became, I think, to him a symbol of freedom, a symbol of movement, a symbol of independence and a chance to get away from a life he didn't want in Hibbing."


Clique aqui para baixar o álbum.
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2 comentários:

Bel Furtado disse...

Vou baixar agora. Adoro Bob Dylan e estou sem nenhum dele aqui no trabalho. Otimo post.

Aoife disse...

Es que Bob Dylan no compara (ni deberia estar en lista) tambien me encanta (como no encantarme?) Y sí, felicitaciones por la entrada!:)

saludos