7.09.2007

Dossiê Fim da Revista Bizz (2)

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Bueno, o "Seo Bizz" (perfil da revista no Orkut, capitaneado ora pelo repórter Gustavo Martins, ore pelo editor Ricardo Alexandre) colocou algumas das explicaçõe sobre o fim da revista. Confira abaixo (destaco alguns trechos em negrito) :

- A BIZZ voltou em 2005, um ano em que estavam vetados novos lançamentos de revistas na Abril, para aproveitar um investimento disponível da Claro, que à época tinha música como principal foco de marketing, vide Claro Q É Rock etc (a Claro, como quem compra desde o começo sabe, bancou as seis primeiras edições da revista). Ou seja, a Abril não gastou uma fortuna pra pôr a BIZZ de volta às bancas - ganhou até dinheiro;

- Por estarem proibidos lançamentos no ano em que foi lançada, não houve nenhuma campanha de lançamento, nem dentro da empresa - alguns meses depois, muita gente do prédio sequer sabia que a BIZZ tinha voltado. A campanha foi sendo adiada até... bem, até hoje;


- Por conta da forma como os custos são divididos na Abril, a BIZZ nunca pôde ter sistema de assinaturas. A tiragem era pequena, a campanha era nula e as vendas em banca, conseqüentemente, não justificavam


- A BIZZ poderia custar bem menos, o que era um pedido constante da redação, sempre rejeitado - a lógica dada pelos responsáveis era "quem compra a BIZZ paga qualquer preço" (lembram do Nine Inch Nails?)

- O custo para a Abril manter uma revista, fora os funcionários, é até mais baixo que uma editora comum, já que ela tem a própria gráfica. A projeção era de que, no primeiro ano, a BIZZ desse um prejuízo razoável - e ela conseguiu zerar seus custos com projetos publicitários

- A impressionante equipe de vendas de anúncios da BIZZ era composta por UM cara, que cuidava de outras marcas também. Sem contar que o preço de anúncio na revista era alto - outra decisão que não cabe à redação. A "outra revista" (a Rolling Stone Brasil) chegou no mercado custando um real a menos e com páginas publicitárias bem mais baratas, mas mesmo assim mantiveram-se os preços


- A Abril teve dois grandes projetos que não deram certo no primeiro semestre de 2007 (não vou dizer quais, né), além de estar contando com o dinheiro de uma fusão que não foi aprovada pelo governo. Resultado? Ordem superior para o corte de algumas dezenas de milhões no segundo semestre, um par deles só no núcleo que abrigava a BIZZ.


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As explicações estão bem apresentadas, mas ingnoram um aspecto: a edição editorial equivocada em muitas das capas.

Mais um exemplo: em um estalo que até hoje não compreendo, a revista de Maio de 2007 trouxe na capa o cinasta Quentin Tarantino (veja abaixo).


Mas não era uma revista de música?
Era, mas também trata (um pouquinho) de cinema.
Mas, vá lá, sendo uma revista que trate de cinema também, por que a decisão de colocar um diretor na capa, sendo que não é difícil perceber que capa com diretor de cinema é uma decisão editorial pra lá de ousada, pra não dizer suicida? (Roberto Sadovski, editor da Set, essa sim uma revista de cinema, foi quem falou isso na mesma comunidade)

E, vá lá, a Bizz quis ser ousada e botou o Tarantino na capa, com a desculpa de que ele é um diretor "rock'roll". Mas, em se tratando de Tarantino, por que dar a capa com ele quando, no Brasil, ainda nem tinha sido lançado o média-metragem(!) que ele tinha feito, em parceria com Robert Rodriguez, sobre zumbis canibais e uma mulher com perna-metralhadora?

Por essas e outras, perdemos a melhor revista de música do Brasil até hoje - sim, porque o que nos restou, a Rolling Stone, é mais uma revista de comportamento que também trata de música. Ainda assim, o grande mérito da RS Brasil hoje são as excelentes matérias da filial americana e as produzidas aqui que não tratam de música, mas comportamento, lugares, política, etc, com especial destaque para as reportagens investigativas assinadas pelo excelente jornalista e doutor em comunicação pela USP, Cláudio Tognolli.


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3 comentários:

Anônimo disse...

Leo! Penso que talvez as "edições editoriais equivocadas" tenham sofrido influência da "patrocinadora" da revista, a Claro (não? talvez...). Em relação ao Tarantino, a escolha pode ter sido graças às trilhas sonoras de seus filmes que são excelentes. Eu consigo associá-lo à música, sem problemas algum, tu não? hehehe. Quanto à publicação dos motivos de "fechamento" da revista, ousado ele, não? Beijos, Leo!

Leonardo disse...

Dae Jú!
Sim, as trilhas do tarantino são excelentes, e se a matéria tratasse delas com profundidade, seria desde já interessante - embora hoje não se tenha nada de novo para falar delas, diga-se.

Mas acontece que não se fala disso na matéria, e sim do filme. Que até é uma notícia relevante - O Tarantino é um cineasta dos mais importantes hoje em dia, não há dúvida diss - mas não para ser capa de uma revista de música!
Entende o meu (e de toda comunidade da Bizz no Orkut)ponto de vista?

Beijos guria!

Tom Neto disse...

Leonardo,

Falando em publicação (embora não tenha lá muito a ver com o assunto do seu post): caso você queira, eu lhe passo o Orkut do editor do IM e, dessa forma, você pode se informar a respeito de assinatura - visto que, segundo você afirmou, o jornal não circula aí no Sul, certo?

Considerando que o preço do exemplar em banca é apenas R$ 4,00, o valor da assinatura anual não deve ficar muito caro.

Grande abraço.