11.06.2006

Review (4): "Você sabe sim", Crema

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Para quem não lembra, a Crema foi a primeira banda a aparecer aqui no Cenabeatnik, no já longínquo post de 2 de julho deste ano. Naquela época, cerca de dois meses deles terem feito apenas o primeiro show, a banda era pouquíssimo conhecida pela cidade – ainda assim, esses que conheciam já a consideravam bastante promissora, para dizer o mínimo. Passados quatro meses e alguns quantos shows, eles vão lançar, neste sábado no Macondo Bar, o primeiro single, “Você sabe sim” , música composta pelo vocalista, tecladista e eventual guitarrista Márcio Gomes.


Para os que não conhecem o som da banda, uma audição sem compromisso da música lembrará inevitavelmente o Coldplay – para bem ou para mal, hoje em dia qualquer rock/pop com teclado lembra a banda britânica. Mas já na segunda ou na terceira escutada se percebe que o som é mais rock’roll, e a letra, num tom reflexivo e invocativo como o dos clássicos comerciais da MTV, é talvez o maior exemplo da verve roqueira da banda, mais até do que a guitarra distorcida tocada por Cauã Johnsons, que ganha um bom destaque nos solos depois de cada refrão. Por mais simples que pareçam os versos (“Você sabe sim o que pode fazer para mudar/você sabe sim desculpas não vão te ajudar) ainda assim eles atingem o objetivo de, pelo menos, fazer com que se preste atenção na letra – mesmo que ela possa até não dizer nada para alguém, ela passa uma mensagem que é percebida facilmente por quem quiser prestar mais atenção e refletir sobre aquilo que é cantado.


É notável também que a Crema, nestes poucos meses de vida, já adquiriu entrosamento que muitas outras bandas em mais tempo não atingiram, o que faz dela, hoje, uma das mais interessantes de Santa Maria, cidade tão dividida em pólos que nunca parecem querer se misturar. É daí também que vem o maior mérito da banda: buscar, até de forma inconsciente, unir o “lado b”, nunca indulgente com as atividades de seus membros e sempre alternativo a tudo que pode ser considerado “pop”, com o “lado a”, radiofônico, pop sem vergonha de o ser, mas talvez por isso burro, sem cérebro e muito menos culhões necessários para passar qualquer mensagem que não seja a mais simples possível. Por não ter vergonha de pinçar algumas músicas do repertório em bandas boas não tão conhecidas e, principalmente, por fazer uma música assumidamente pop – ou rock - sem concessões que muitas bandas acham inevitável é que a Crema se sustenta e hoje sobrevive bem, obrigado.


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2 comentários:

Augusto Paim disse...

Crítica embasada, madura e responsável! Difícil achar por aí.

Anônimo disse...

Apesar de não conhecer a banda. Vocé pôs um verso da letra deles, achei super pop (pelo menos pareceu-me, pelo trecho que publicou), mas seu comentário foi pertinente. Gostei principalmente de como você valoriza a banda e mostra pelo lado A mais B o porquê. É assim que se faz comentários de música, por mais que seja de nosso gosto pessoal, ter o que falar sem dizer: é muito bom ou ruim. Parabéns!!!