11.09.2006

Reportagem (12): Barulheira das boas aterrisa em Santa Maria

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Duas das mais destacadas bandas do cenário independente brasileiro tocam amanhã no Macondo: Zefirina Bomba e Walverdes



Santa Maria pode dizer, com uma ponta de orgulho e outra um tanto de surpresa, que virou passagem quase obrigatória para qualquer tour pelo Estado de bandas independentes do cenário nacional. Depois de receber bons nomes do rock mais “alternativo” como Autoramas, Pata de Elefante, Superguidis e Júpiter Maçã, amanhã é a vez do Macondo ser palco para outras duas bandas independentes: os gaúchos do Walverdes e os paraibanos do Zefirina Bomba. Os primeiros, velhos conhecidos do público local, vem à cidade mostrar o seu eficiente rock garageiro – barulhento, supersônico, punk e grunge, tudo ao mesmo tempo; já os paraibanos, um inusitado power-trio de baixo, bateria e viola amplificada, tocam pela primeira vez em Santa Maria, apresentando o álbum que no nome já apresenta o som da banda: Noisecoregroovecocoenvenenado


É mais uma chance dos santa-marienses conhecerem boas bandas que não tocam nas “rádios pop” locais. Uma rápida olhada para trás já é suficiente para valorizar ainda mais o atual momento de shows por aqui; a bem pouco, bandas de fora do RS tocavam na cidade em pequenas doses, duas ou três vezes por ano, em eventos especiais particulares ou em festas promovidas por uma rádio local. Ainda sim, os nomes que vinham se apresentar, se não eram ruins, também não eram nenhuma novidade para um público criado ouvindo rádio FM e MTV. Hoje em dia isso mudou: a cidade deixou de receber os mesmos medalhões do rock dos anos 80 e as “novidades” patrocinadas pelas rádios para recepcionar bandas novas, inovadoras, que fogem do esquema da concessão obrigatória para fazer sucesso.


O cartaz dos shows da tour do Zefirina Bomba pelo estado


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Zefirina Bomba




Imagine um power-trio no mínimo estranho - baixo, bateria e uma viola com distorção ligada num amplificador - composto por um pernambucano, um paulista e um paraibano loucos por Stooges, Cascavalletes, Beatles, punk-rock e o poeta João Cabral de Melo Neto. Numa definição das mais simplistas, essa seria a Zefirina Bomba, formada em 2003 em João Pessoa, Paraíba, por Ilson (vocal e viola), Martin (baixo) e Guga (bateria).
_ Quando a gente se juntou pra tocar a idéia era experimentação com distorção, e desde então é isso que a gente tenta fazer, sem concessão - diz Ilson.

Depois de uma primeira demo gravada, o Zefirina começou a aparecer em todo o país com performances ensandecidas em shows de importantes festivais como o Abril Pró Rock e o Mada (Música Alimento da alma). No final de cada um, ao melhor estilo Nirvana e The Who, o vocalista despedaçava sua viola junto aos outros equipamentos.

No início deste ano, os três integrantes entraram em estúdio para gravar o primeiro álbum, produzido pelo conhecido Carlos Eduardo Miranda, descobridor dos Raimundos e também um dos jurados do programa “Ídolos”, do SBT. Lançado pelo selo da Trama, o “Noisecoregroovecocoenvenenado” vem chamando atenção pelo som inusitado: é pop e também é rock; é punk mas também pós-punk, é tosco e também sincero e despretensioso.
_ O nome do álbum é a nossa cara!- diz o vocalista.

Se alguém chegou até aqui e ainda não entendeu o porquê do nome da banda, aí vai a explicação de Ilson:
_ Zeferina era a lavadeira lá de casa, eu a chamava de zefinha bomba, por conta do barulho que ela fazia lavando roupa, quando tirava o sabão do lençol batendo no esfregador. Eu já me divertia com barulho desde pequeno!.
Quem quiser se antecipar ao show e já chegar lá cantando as músicas pode escutar no site da banda no Tramavirtual

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Walverdes




_ Foi um bom show, mas esperamos fazer um ainda melhor dessa vez.
As palavras são de Gustavo "Mini" Bittencounrt, vocalista e guitarrista do Walverdes, sobre a última vez que a banda passou pela cidade, a cerca de quatro meses atrás, no mesmo palco onde vão tocar amanhã.
_ Eu achei o Macondo um lugar muito especial, toca bom som, reúne a galera legal da cidade. O ideal é que sempre tenha um "Macondo" em cada cidade. São os melhores lugares pra se tocar - completa.

Veteranos da cena underground gaúcha e nacional, o Walverdes está tendo um excelente ano de 2006; além da boa repercussão em todo o país do segundo álbum da banda (tirando inúmeros Eps e demos) “Playback”, lançado de forma independente pelo selo Mondo 77, o videoclipe de “Seja mais certo” foi indicado a melhor clipe independente no Vídeo Music Brasil, o tradicional VMB, organizado pela MTV. Mesmo não ganhando o prêmio, fizeram bons contatos e divulgaram ainda mais a banda, que hoje é uma das mais respeitadas do país, principalmente por músicos e amantes de uma boa barulheira de grupos como Nirvana, Mudhoney, Ramones, Sonic Youth, Sonics e The Who, dentre outros.

A banda, completada por Patrick Magalhães (baixo) e Marcos Rubenich (bateria), prepara um repertório levemente diferente do último show em Santa Maria.
_ Trocamos de ordem algumas músicas, colocamos uma diferente também. Provavelmente o show vai ser mais curto, pois a banda principal é o Zefirina - diz Mini.
O contato para a tour junto com a Zefirina Bomba ocorreu através da produtora Roque Town, que convidou os gaúchos para participarem de três dos quatro shows que os paraibanos vão fazer por aqui.
_ Ainda não conheço os caras pessoalmente, mas achei o disco deles muito bom, tosco no melhor dos sentidos - completa Mini.

Site oficial: Walverdes.com


-Jornal A Razão, 9 de novembro de 2006 (modificado)-


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