11.17.2006

Review (5): O primeiro mosh a gente nunca esquece

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Dez de Novembro de 2006: data do provavelmente primeiro mosh da história do Macondo.


Na sexta-feira passada, no Macondo Bar, Santa Maria pode ver dois grandes nomes do cenário de bandas independentes do país; o primeiro com 13 anos de uma estrada que já percorreu praticamente todo o Brasil; o segundo, novato de apenas três anos de existência, percorrendo lugares desconhecidos com o vigor de um adolescente maravilhado por estar longe de casa. Walverdes e Zefirina Bomba se apresentaram na cidade mostrando mais uma vez que a distância geográfica e cultural que separa Santa Maria do centro do país pode ser muito menor do que se imagina.


Apesar da promessa de dois bons shows, o bar não estava cheio. em grande parte devido a concorrência feroz que são as boates com entrada gratuita para estudantes universitários na sexta-feira. Invertendo a ordem pré-combinada dos shows, a atração principal – pelo menos teoricamente, já que a grande maioria dos presentes estava ali para ver a outra banda - Zefirina Bomba entrou primeiro no palco. Ilson, Martin e Guga; bateria, baixo e uma viola de 12 cordas fazendo muito bem às vezes da guitarra, com distorção tamanha que só olhando para o instrumento se percebia que, realmente, não se tratava de uma guitarra.


A melhor definição para o som que a Zefirina faz é o punk-rock – na mais abrangente concepção do que pode vir a ser o punk-rock. Ora o show tinha momentos hardcore, ora era o Nirvana quem ali baixava, como na cover de “Aneurysm”, uma das mais pesadas e catárticas músicas da banda de Kurt Cobain. Os poucos presentes na linha de frente do palco pulavam e faziam uma esquálida roda-punk, que parecia estar em contato mental direto com o vocalista Ilson agitando sua cabeleira crespa e esquartejando, aos poucos, a sua viola envenenada.


Nem bem uma hora depois do início, o vocalista e violeiro (?) puxa os primeiros acordes de “Interestellar Overdrive”, canção instrumental da fase mais psicodélica do Pink Floyd. A banda o acompanha. Ilson então deixa sua viola de lado, encostada no amplificador, fazendo o tal barulho popularmente conhecido como microfonia. Ele então pega o microfone quase como um rapper, de lado, e “declama” alguns versos sob o fundo musical caótico. A roda punk da frente pára, observando; Ilson começa a fazer uns gestos para eles, como que pedindo para se juntarem. De início, ninguém parece entender; alguns segundos depois, o dito contato mental entre o público e o vocalista parece fazer efeito e a roda se junta.


Então, numa daquelas cenas que de tão improváveis parece só existir na televisão, o violeiro pula do palco em direção à roda, que o segura e depois, repetidas vezes, o joga para cima, como em uma comemoração de um time depois de ser campeão. Ilson ainda volta extasiado em direção ao palco para pegar sua viola e encerrar o show; o resto do público, incrédulo, não sabe se aplaude ou fica pensando se aquilo realmente aconteceu; na dúvida, o pessoal da roda punk puxa os aplausos.


Acabara de ocorrer ali , provavelmente, o primeiro mosh genuíno da história do Macondo; a mais sincera demonstração de comunhão banda-público encerra o show da Zefirina Bomba da melhor maneira que ninguém esperava ser possível.


E depois ainda ocorreu o show do Walverdes.

- Jornal A Razão, 16 de Novembro de 2006 (com modificações)-


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3 comentários:

T.u.t.y disse...

Bahhhhhhhh, Léo, tu tá mantendo esse blog sozinhu???
Pow, cara, parábens!!!
Tu tá cada vez melhor...
Bjinhs

Anônimo disse...

eu vi
gostei quando o ilson pediu para o segurança deixar o pessoal da roda punk em paz

Augusto Paim disse...

Certo que o Ilson treinou várias vezes no quarto do hotel, subindo em cima do bidê e se jogando na cama!!!