.
Festa “Bela Lugosi is Dead”, em sua quarta edição, reúne os apreciadores dos sons góticos em Santa Maria
O amplo salão de paredes verdes escuras reverbera o som do baixo distorcido saído dos alto-falantes. A luz baixa mal ilumina os convidados que, em movimentos desconexos, no ritmo das batidas secas das músicas, vão entrando e se deixando levar pela atmosfera sombria que esperavam encontrar e encontram. A série de produtos (filmes, clipes, programas de TV) que eles estão acostumados a consumir, agora, como que num sonho, se materializa, e as fantasias com que se imaginavam diante da tela agora vestem os seus corpos sedentos por diversão e, por que não dizer, alegria. Cada um cria a atmosfera que imagina ser a mais adequada a sua memória visual; já a memória sonora é parecida entre todos, e é nela que se baseia todo o arcabouço mental que tornou possível essa materialização de idéias aparentemente desconexas em apenas uma festa, um lugar, num espírito que tem como símbolo uma cor: o preto.
O parágrafo acima poderia ser até a descrição de uma festa num hipotético filme de terror. Mas, na bem da verdade, é um exercício de imaginação de como pode ser o ambiente da festa que ocorre neste sábado, no Macondo Bar: A Bela Lugosi is Dead. Pela quarta vez no ano, Santa Maria vai ter a sua “noite dos roupas pretas”, destinada ao pessoal que curte ou deseja conhecer mais dos sons considerados góticos.
Organizado pelo estudante de química da UFSM José Neto, mais conhecido como Zé, a festa já indica suas referências desde o nome: “Bela Lugosi is Dead” é uma música da banda inglesa Bauhaus, considerada como uma das criadoras do chamado gothic-rock que, por sua vez, nomeou a música em referência ao clássico ator de filmes de terror Bela Lugosi (veja mais logo abaixo).
O som, desde a primeira edição da festa, ficou a cargo de Wandeclayt, autoridade na cidade em matéria de sons eletrônicos mais obscuros.
“Entrei para dar suporte ao Zé. Cuidaria da parte visual da divulgacão e na seleção do repertório, que tinha a idéia de fundir gothic rock com as coisas mais obscuras da cena eletrônica (como o industrial e o dark electro) com as vertentes do metal que se associam ao gótico”, diz ele.
Nesta edição, o público amante do som gótico ainda vai ter uma atração a mais: a banda paulista Dead Jump (veja mais logo abaixo) vem pela primeira vez ao sul do país, apresentando o seu novo álbum, Immortal.
*****************************
1) Banda paulista na Festa
A “animação” da quarta edição da Bela Lugosi is Dead ficará a cargo da banda paulista Dead Jump, que vem pela primeira vez ao sul do Brasil. A banda - que na verdade é de um homem só, Alexandre Ramos – é de Guarulhos, São Paulo, e faz um som na linha da Eletronic Body Music (EBM), algo como uma música eletrônica mais pesada e sombria. Estilo criado nos anos 80, o EBM flerta com o som industrial, e veio antes da chamada “popularização” da música eletrônica, que no início dos anos 90 colocou o techno, o trance e o drum'n'b ass nas pistas das raves que começavam a se espalhar mundo afora.
O responsável por trazer a banda para Santa Maria é Wandeclayt, que toca o mesmo EBM na sua banda, a Aire ‘n terre, e que também é o cara por trás dos sons da Fetish Fest, outra festa já tradicional na cidade. A Dead Jump vem a Santa Maria na tour de lançamento de seu quarto CD de estúdio, Immortal, que foi lançado pela gravadora Resistence beat e ganhou distribuição mundial. Quem quiser conhecer mais a banda ou escutar os sons pode acessar os sites www.deadjump.net ou www.myspace/deadjump.
2) “Bela Lugosi está morto”
“Bela Lugosi is Dead” é o primeiro single da banda Bauhaus, lançado ainda em 1979 e considerada uma das primeiras músicas do gothic rock. O título da música faz referência à estrela dos filmes de terror da foto acima, Bela Lugosi (1882-1956), que praticamente definiu a imagem do vampiro no século XX com sua brilhante atuação em Drácula, filme de 1931 e considerado um dos grandes clássicos do gênero terror.
Muito da popularização da música, e da transformação dela em um “hino”gótico, se dá pelo seu uso no filme de 1983 “Fome de Viver”, dirigido pelo americano Tony Scott, do recente “Chamas da Vingança”. A história da película trata de um casal de vampiros (Catherine Deneuve e David Bowie) que, juntos há séculos, desperta curiosidade em uma jovem médica (Susan Sarandon), que fica “disposta” a estudar o misterioso comportamento – inclusive sexual - dos dois. A cena inicial do filme é clássica: o casal de vampiros sai a procura de carne humana em uma boate típica dos anos 80, enquanto que no alto-falante do local, “Bela Lugosi is Dead” anima a noite.
-Jornal A Razão, 23 de Novembro de 2006-
..
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
muito bom, kara!
abs
Postar um comentário