9.02.2006

Reportagem (9): "Funk como le Gusta"

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Banda Consuelo mistura funk de raiz com rock, pop, punk, surf music, música latina....



Um desavisado passa por um local que lembra uma garagem sem porta e escuta um barulho, que não é de som mecânico e sim ao vivo. Após alguns segundos, reconhece como sendo uma música do guitarrista mexicano Carlos Santana. Ele pára, resolve escutar mais, e reconhece outro som, desta vez um rock mais pesado, do Queens of The Stone Age. O desavisado agora gostou, e decide ficar mais tempo ali, com o ouvido na parede que dá para a dita garagem. Logo vem “Search and Destroy”, do padrinho do punk rock Iggy Pop e os seus Stooges – não com a mesma intensidade, mas com uma levada diferente. Alguns minutos depois, é a vez de Chico Science e Nação Zumbi; a próxima, Tim Maia da fase Racional, faz com que o desavisado - a esta altura agradecendo silenciosamente por passar ali como ‘desavisado’ - comece a tentar acompanhar o ritmo batendo com as mãos na parede. Acende um cigarro, olha para a rua semi-deserta à noite, e deixa o ouvido guiar o movimento desajeitado do corpo. Seguem-se mais três músicas, da fase áurea do Red Hot Chili Peppers, e a essa altura, o desavisado já resolveu entrar no local, movido pela curiosidade de saber qual/quais bandas está/estão tocando.

São músicas tão diferentes entre si que nem parece apenas uma banda. Mas é, e ela tem o nome de Consuelo. A “ecleticidade” do repertório é explicado de uma forma simples:

_ Tocamos o que a gente gosta”, diz o vocalista/guitarrista da Consuelo, Marlon Henrique, 22 anos. “Gosto bastante de funk (o surgido nos EUA, não confundir com o carioca), mas blues, rock, pop, são influências que, de alguma forma, aparecem na nossa música”,

A banda, complementada por Marlon Bertoncello, 21 anos, na bateria, Renan Perlin, 21, na outra guitarra e Marcelo Dornelles, 23, no baixo, fez a sua primeira apresentação para o grande público na sexta feira passada, no Seattle Studio Bar. O show, com esse repertório dos mais ecléticos, durou cerca de uma hora e foi uma amostra do que uma música suingada, naturalmente dançante, pode fazer com quem escuta:

_ Quando tocamos as músicas do Red Hot Chili Peppers, não tão conhecidas e mais dançantes que os “hits”, o pessoal começava a se balançar no ritmo da música, mesmo que eles nem conhecessem o que estava sendo tocado”, diz Marlon, que junto com o seu xará baterista, são os “cabeças” da banda.




Da esquerda para a direita, Renan, Marlon na bateria, o outro Marlon no vocal, e um pedaço do Marcelo



Essa mistura toda no som, segundo eles, não é proposital, vindo naturalmente da junção do que gostam de tocar com uma pegada mais dançante do funk, onde o que importa é mais o ritmo do que a melodia em si. “Não nos importamos em parecer uma coisa, ou tocar só para agradar a todos, acreditamos que deva ter gente que gosta do mesmo que a gente gosta e que vai curtir o som” comenta o vocalista. Ele critica as bandas santa-marienses e os músicos que, normalmente, são muito fechados em um estilo só. A procura por um baixista serve de exemplo dessa dificuldade: eles falaram com uns quantos que, inicialmente topavam, mas era só mostrar o repertório, de funk, rock, música latina e outras misturanças, para que se sentissem acuados e desistissem, sem dar maiores explicações.


De tanto procurar, acabaram achando um baixista na cidade de origem dos dois, Jaguari. Completando a formação, juntou-se mais um guitarrista, também de Jaguari, e, até o show no Seattle, foram apenas 3 ensaios com a banda completa.







O nome da banda foi escolhido através de uma “confusão” ao escutar uma música do Santana. Em determinada passagem, eles entenderam que o mexicano dizia, em espanhol, “Consuelo”, quando na verdade a frase certa era “los cueros se llamam”. Mesmo depois de entenderem a letra, resolveram nomear a banda com o Consuelo mesmo.
Para o futuro, a banda só tem um projeto definido: tocar bastante.

_ Para compor músicas próprias é cedo, temos de ter mais entrosamento como banda, o que só vai acontecer se tocarmos bastante, diz o vocalista.


Fotos: Arquivos da banda


- Jornal A Razão, 27 de Abril de 2006 (com modificações) -


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3 comentários:

Denis disse...

ei, valeu as palavras de carinho e incentivo ao 'Aluado'... Há dias que se pensa 'pra que essa m+?'... mas se vai em frente em nome da boa música.
Prazer em conhecer esta 'Cena'!
...E 'Nei Lisboa' tem cantinho no meu coração.
Força sempre.

Augusto Paim disse...

TchÊ Foletto, tu é foda! Eeheheh.
Essa matéria é das antigas, hein!
Quando começou o texto, eu achei que fosse recente e que fosse na Borracharia Pub. Depois é que me dei conta!
Muito massa!
Abc.

Anônimo disse...

cara!!!! a musica eh boa mesmo... e contagia!!!!! eu conheço o vocals desde piah!!!! aprendemos guitarra junto!! mas o cara eh mestre!!!!! eu parei no tempo!!!!! mas sigo ele!!! sou o segundo guitarrista!!!! abraço!!!